ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia
TÍTULO: Composição centesimal e mineral de plantas medicinais utilizadas no tratamento da obesidade
AUTORES: Assaid Simão, A. (UFLA) ; Maria Batista Chagas, P. (UFLA) ; Duarte Corrêa, A. (UFLA)
RESUMO: O objetivo neste trabalho foi determinar a composição centesimal e mineral nas
plantas medicinais babosa, calunga, carqueja, Garcinia cambogia e marmelinho,
com a finalidade de se encontrar substâncias de interesse farmacológico e
contribuir para o uso seguro dessas plantas pela população, em produtos
industrializados e em
formulações fitoterápicas. Foram encontrados altos teores de fibras alimentares
nas plantas, variando de 11,12 a 66,26 g 100g-1 de matéria seca - MS, e do
mineral cálcio, em mg 100g-1 MS, na G. cambogia (7.273,23) e na calunga
(2.660,70), substâncias essas que podem acarretar perda de peso. Os altos teores
de fibras alimentares e de cálcio mostrados pelas plantas permitem aponta-las
como potencial fonte para auxiliar no tratamento da obesidade e doenças
correlacionadas
PALAVRAS CHAVES: fibras alimentares; cálcio; fitoterápicos
INTRODUÇÃO: Obesidade é uma doença crônica resultante do acúmulo excessivo de gordura
corporal, que causa prejuízos à saúde em adultos, adolescentes e crianças, tanto
em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, com perda importante não só
na qualidade de vida como na longevidade. Sua prevalência tem aumentado, em
taxas alarmantes, em todo o mundo, e vem se tornando o maior problema de saúde
na sociedade moderna. Aproximadamente 1,6 bilhão de adultos tem excesso de
peso, dos quais 400 milhões são obesos, o que levou a doença à condição de
epidemia global (TUCCI et al., 2010).
Dentre as opções para perda de peso e tratamento da obesidade, destaque para o
uso de plantas medicinais que tiveram um aumento considerável em seu consumo nos
últimos anos, principalmente pelo fato que a população acredita estar ingerindo
medicamentos que não provocam danos à saúde e que apresentam baixo custo.
Infelizmente, a maior parte das plantas medicinais que são utilizadas atualmente
por automedicação ou por prescrição médica não tem sua constituição química bem
definida, o que dificulta um maior uso dessas plantas pela população, em
produtos industrializados e em formulações fitoterápicas. O conhecimento dos
constituintes dessas plantas pode revelar a presença de substâncias causadoras
de efeitos benéficos ou até mesmo maléficos, justificando a necessidade de
caracterização dessas plantas.
Diante do exposto, objetivou-se, nesse trabalho, determinar a composição
centesimal e mineral nas plantas medicinais babosa, calunga, carqueja, G.
cambogia e marmelinho, utilizadas como auxiliares no tratamento da obesidade,
com a finalidade de se encontrar substâncias de interesse farmacológico e
contribuir para assegurar o uso dessas plantas pela população, em produtos
industrializados e em
formulações fitoterápicas.
MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção e preparo das amostras
As plantas, Simaba ferruginea St. Hil. (calunga), Baccharis trimera (Less.) DC
(carqueja) e Tournefortia paniculata Cham. (marmelinho) foram adquiridas no
mercado municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais. As folhas de marmelinho e
carqueja foram lavadas em água corrente e água destilada e, em seguida,
colocadas juntamente com as cascas obtidas do tronco da calunga em estufas com
circulação de ar para secagem, por 48 horas, à temperatura de 30°C a 35°C. Após
secagem, as folhas e as cascas foram moídas em moinho tipo Willey e as farinhas
armazenadas em frascos hermeticamente fechados até as análises. O pó comercial
da Aloe vera (L.) Burm. (babosa) (mucilagem) e o da Garcinia cambogia Desr.
(fruto) foram adquiridos da distribuidora de insumos farmacêuticos FLORIEN.
Composição centesimal
Os teores de umidade, extrato etéreo, proteína bruta (N x 6,25), cinzas e fibra
alimentar total foram quantificados pela metodologia descrita pela Association
of Official Analytical Chemists - AOAC (2005). O extrato não nitrogenado (fração
glicídica) foi determinado pela diferença entre 100 e a soma, em matéria seca,
do extrato etéreo, proteínas, cinzas e fibra alimentar total.
Composição mineral
Para quantificar os minerais (Fe, Zn, Mn, Cu, Ca, Mg, P, K e S) as amostras
foram submetidas a uma digestão nitroperclórica em blocos digestores com
controle de temperatura. O P e o S foram determinados por colorimetria, o K por
fotometria de chama e o Ca, Mg, Cu, Mn, Zn e Fe por espectrofotometria de
absorção atômica. Para todas as análises, utilizaram-se os procedimentos
descritos por Malavolta et al. (1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A composição centesimal (Tabela 1), as plantas mostraram baixos teores de
extrato etéreo, proteína bruta e cinzas, com exceção da G. cambogia que mostrou
um alto teor de cinzas (34,18 g 100 g-1 de matéria seca -MS).
O maior teor de fibra alimentar (FA) total foi encontrado na carqueja (66,26 g
100 g-
1 MS) e o menor na babosa (10,97 g 100 g-1 MS). Destaque para os altos teores de
FA solúvel mostrado pela G. cambogia (30,11 g 100 g-1 MS), e para os de FA
insolúvel encontrados na carqueja e marmelinho, 64,67 e 46,71 g 100 g-1 MS,
respectivamente. De modo geral, a FA solúvel auxilia no tratamento da obesidade,
pois retarda o esvaziamento gástrico, a absorção da glicose e reduz o colesterol
no soro sanguíneo. Já a insolúvel acelera o trânsito intestinal e aumenta o peso
das fezes. Assim, a presença dessas fibras na composição das plantas analisadas
se caracteriza como um forte aliado no tratamento da obesidade (ANDERSON, 1985).
Em relação aos minerais (Tabela 2), destaque para os altos teores, em mg
100 g-1MS, de potássio (1.009,44) e manganês (47,07) na babosa, de potássio
(1.383,13) e cálcio (2.660,70) na calunga, de potássio (2.336,69) na carqueja e
de cálcio (7.273,23) e enxofre (999,38) na G. cambogia.
Os minerais participam de várias funções no organismo humano, sendo uma
delas a regulação do metabolismo. A ausência de alguns minerais pode causar
problemas metabólicos, como a lentidão no metabolismo, o que pode ocasionar
ganho de peso. Além disso, alguns minerais podem participar da digestão de
carboidratos, gorduras e proteínas podendo atuar como auxiliares na redução de
peso.
Em relação à toxicidade oferecida por alguns minerais, como essas
plantas são utilizadas apenas em pequenas quantidades no tratamento da
obesidade, descarta-se a possibilidade de toxicidade.
Tabela 1
Composição centesimal, em g 100 g-1 de matéria seca,
de plantas medicinais.
TABELA 2
Composição mineral, em mg 100 g-1 de matéria seca,
de plantas medicinais.
CONCLUSÕES: As plantas mostraram altos teores de fibras alimentares, o que permite apontar o
seu potencial para serem utilizadas no tratamento da obesidade e na prevenção
de outras doenças, principalmente, aquelas relacionadas ao trato gastrointestinal
e ao sistema cardiovascular. As análises também mostraram que as plantas podem ser
consideradas boas fontes de minerais, destacando-se o cálcio que pode ajudar na
redução de peso
AGRADECIMENTOS: Nossos agradecimentos à CAPES, pela bolsa de doutorado, e à FAPEMIG, pelo apoio
financeiro e bolsa de iniciação científica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSOCIATION OF OFICCIAL ANLYTICAL CHEMISTS. 2005. Official methods analysis of the association of the analytical chemists. 17. ed. Washington.
ANDERSON, J. W. 1985. Phisiological and metabolic effects of dietary fiber. Federation Proceedings, Washington, 44: 2902-2906.
MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. 1997. Avaliação do estado nutricional das plantas. Piracicaba: Potafos, 319 p.
POURCHET- CAMPOS, M. A. 1988. Fibra e nutrição. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 22: 167-171.
TUCCI, S. A.; BOYLAND, E. J.; HALFORD, J. C. G. The role of lipid and carbohydrate digestive enzyme inhibitors in the management of obesity: a review of current and emerging therapeutic agents. Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity: Targets and Therapy, Manchester, v.3, p. 125-143, May 2010.