ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: FLAVONÓIDES EM CULTURA DE CÉLULAS DE Serjania erecta

AUTORES: Souza, L.S. (UNAERP/ IFSULDE MINAS) ; Pina, E.S. (UNAERP) ; Pereira, P.S. (UNAERP) ; Lourenço, M.V. (UNAERP)

RESUMO: Serjania erecta Radlk é uma planta da família Sapindaceae, endêmica do Cerrado e conhecida como cipó cinco-folhas e retrato-de-teiú. Cientificamente possui atividade anti-inflamatória (GOMIG et al., 2008); gastroprotetora (CASTELO et al., 2009), anticolinesterásicas (BROGGINI et al., 2010). Este trabalho teve como objetivo cultivo in vitro de calos de S. erecta e análise da produção de flavonoides. Os calos foram cultivados em MS com 3% de sacarose, 1mg.L-1 de 2,4D, 1mg.L-1 de cinetina, 0,25% de Phytagel. As análises foram realizadas em CLAE. O extrato metanólico das células obtidas in vitro evidencia a presença de flavonoides. Estes estudos serão utilizados para determinar a curva de crescimento e de produção dos flavonoides de interesse.

PALAVRAS CHAVES: Serjania erecta; Flavonoides; Cultura de celulas

INTRODUÇÃO: Serjania erecta, é uma planta endêmica do cerrado brasileiro que se encontra em extinção. Além deste fator, já foi relatado atividades terapêutica desta planta, como: ação antiulcerogênica (CASTELO et al., 2009), cicatrizante (POTT; POTT, 1994; GUARIM NETO et al., 2000) e antisséptico (BROGGINI et al., 2010), como regulador menstrual e no combate a hipertensão entre outros. Várias classes de metabólitos secundários foram identificadas em plantas dessa família, tais como: isoprenóides e polifenóis (HEGNAUER, 1973), saponinas (VOUTQUENNE et al., 2002), triterpenos (CHÁVEZ; DELGADO, 1994), diterpenos (ORTEGA et al., 2001), flavonóides (MAHMOUD et al., 2001), lecitinas (FREIRE et al., 2002) e hidrogéis (GORIN et al., 2006). As atividades biológicas atribuídas aos flavonóides crescem a cada dia, e buscar técnicas de produção destes compostos de forma a não comprometer o meio ambiente é importante, principalmente quando se busca concomitantemente a produção e a preservação da espécie vegetal. A produção de metabólitos secundários nos vegetais é influenciada por diversos fatores, dentre eles as condições ambientais, danos mecânicos, ataques de patógenos, raios UV, dentre outros. A cultura de células vegetais in vitro é uma alternativa de produção de moléculas bioativas, entretanto devido à ausência dos fatores interferentes, relacionados à produção dos metabólitos secundários, estes são produzidos in vitro em menores concentrações ou, ainda apresentam produções diferenciadas pelas células. Diante destes fatos, o experimento visa comprovar se os flavonóides quercitrina, vitexina e isovitexina estão sendo produzidos pela cultura de células de Serjania erecta.

MATERIAL E MÉTODOS: Os calos estão sendo mantidos em meio de cultura MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962) contendo 30 g/L de sacarose e, suplementado com 1,0 mg/L de 2,4-D; 1,0 mg/L de cinetina. Para a solidificação do meio de cultura foi adicionado 3,0 g/L de Phytagel® . O subcultivo dos calos está sendo realizado periodicamente a cada 30 dias e mantido em sala de crescimento a temperatura 25 º C ± 2 irradiância de fótons de 20 a 70 mmol/m2.s, com foto período de 16 horas. O material foi submetidos à extração dos flavonóides com solventes orgânicos e posterior quantificação de quercitrina, vitexina e isovitexina. Para as extrações 200 mg dos calos e células secos receberam 5 mL de metanol p.a. (Synth), em seguida serão mantidos em banho de ultrassom por 30 minutos. Os extratos após filtração foram injetados no CLAE (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) para as devidas quantificações. As quantificações foram realizadas através de CLAE utilizando-se um cromatógrafo SHIMADZU (LC-10AD vp) acoplado a um detector de arranjo de diodo. Foi utilizada uma coluna Supelcosil C18 (25 cm x 4,6 mm id, 5μm) e um sistema solvente composto de MeOH: ácido acético 0,1%. O fluxo da fase móvel será de 0,8 mL/min e a detecção a 330 nm. Para as quantificações curvas de calibração dos padrões foram traçadas em concentrações de 0,01 a 1,0 mg/mL.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As células em suspensão foram obtidas em poucos dias de cultivo em meio líquido, as células proliferam rapidamente e a agitação permitiu a desagregação dos grumos possibilitando que as células cresçam livremente. As culturas estão sendo multiplicadas para o estabelecimento da curva de crescimento celular. As células precisam ser subcultivadas a cada 30 dias, caso contrário começam a sofrer pela falta de nutrientes e algumas entram em processo de senescência. Nas análises em CLAE, pode ser observado no extrato metanólico das células obtidas in vitro, a presença de flavonoides. Estes estudos serão utilizados para determinar a curva de crescimento e de produção dos flavonoides de interesse.

CONCLUSÕES: Os resultados obtidos neste experimento comprovam que as células precisam ser subcultivadas a cada 30 dias, caso contrário começam a sofrer pela falta de nutrientes e algumas entram em processo de senescência e que as analises de CLAE demonstram a presença de flavonóides nas suspensões de Serjania erecta

AGRADECIMENTOS: A UNAERP e ao IFSULDEMINAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BROGGINI, L. S. C.; FERNANDES, R. S.; NOGUEIRA, T.; SUZANO, F.R.; CAETANO, A. L.; BUCK, H. S.; COUTO, L. B.; FRANÇA, S. C.; PEREIRA, P.S. Behavioral and enzymatic bioassays with Serjania erecta Radlk., Sapindaceae, correlated with cognitive dysfunctions. Rev. bras. Farmacog., n. 4, v. 20, 2010.
CASTELO, A. P.; ARRUDA, B. N.; COELHO, R. G.; HONDA, N. K.; FERRAZOLI, C.; POTT, A.; HIRUMA-LIMA, C. A. Gastroprotective effect of Serjania erecta Radlk (Sapindaceae): involvement of sensory neurons, endogenous nonprotein sulfhydryls, and nitric oxide. J. Med. Food, n.12, v. 6, p. 1411-1415, 2009.
GOMIG, F.; PIETROVSKI, E. F.; GUEDES, A.; DALMARCO, E. M.; CALDERARI, M. T.; GUIMARÃES, C. L.; PINHEIRO, R. M.; CABRINI, D. A.; OTUKI, M. F. Topical anti-inflammatory activity of Serjania erecta Radlk (Sapindaceae) extracts. J Ethnopharmacol, n. 118, v. 2, p. 220-224, 2008.
GUARIM NG, Santana SR, Silva JVB. Notas etnobotânicas de espécies de Sapindaceae Jussieu. Acta Bot. Brasíl., n. 14, v. 3, p. 327-334, 2000.
POTT, A., POTT, V. Plantas do Pantanal. Corumbá: Embrapa – SPI, 1994.