ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia
TÍTULO: Avaliação da atividade inibitória de extratos etanólicos de banana verde sobre α-amilases
AUTORES: Braga, M.A. (UFLA) ; Ramos, V.O. (UFLA) ; Lino, J.B.R. (UFLA) ; Marques, T.R. (UFLA) ; Santos, C.D. (UFLA)
RESUMO: É crescente a busca por novos fitoterápicos como alternativa ao tratamento
medicamentoso da obesidade e do diabetes tipo II. Dessa forma, os frutos verdes
de banana, foram avaliados como fonte de inibidor de α-amilase, devido sua
adstringência, estes frutos devem apresentar grandes quantidades de taninos
livres (monômeros) prováveis responsáveis pela inibição da α-amilase. Os
extratos etanólicos de banana foram preparados na proporção de 1:30(p/v) sendo
utilizados como inibidores nos ensaios enzimáticos e avaliados frente ao
armazenamento a -20°C. A atividade inibitória inicial de 92,75% caiu para 51,66%
de inibição da α-amilase em 7 dias, uma perda de 41,09% de inibição. Com isso,
apesar de apresentar atividade inibitória, este extrato não é estável ao
armazenamento.
PALAVRAS CHAVES: Inibição enzimática; Obesidade; Diabetes mellitus
INTRODUÇÃO: A obesidade caracteriza-se pelo acúmulo excessivo de gordura ocasionando
malefícios à saúde do indivíduo. Sua prevalência e incidência vêm aumentando
assustadoramente no mundo, caracterizando-a como uma epidemia que implica em
grande custo ao sistema de saúde pública tanto nos países desenvolvidos como
aqueles em desenvolvimento. Assim, torna-se necessário sua prevenção e
tratamento uma vez que se encontra relacionada ao diabetes mellitus tipo II.
Uma estratégia importante no tratamento da obesidade inclui a pesquisa de
inibidores da digestão e absorção de nutrientes, na tentativa de reduzir a
disponibilidade da energia por meio de mecanismos gastrintestinais, sem alterar
qualquer mecanismo do sistema nervoso central (SOUZA, 2009).
Os inibidores protéicos da α-amilase são amplamente distribuídos em plantas, e o
uso destes inibidores para redução da hiperglicemia pós-prandial tem sido
utilizado como ferramenta auxiliar na busca de nutracêuticos e fitofármacos para
controle da obesidade e do diabetes mellitus não insulino-dependente. Esta
inibição induz tolerância aos carboidratos, saciedade, perda de peso e prolonga
o esvaziamento gástrico.
A banana (Musa spp) pertencente à família Musaceae, é rica em vitaminas: A, B1,
B2 e C além, de proteínas, niacina, ácido fólico, cálcio, ferro, fósforo. Sua
polpa apresenta um alto teor de potássio, açúcar e amido. (PALMA et al., 2008).
A polpa da banana verde pode ser aproveitada em dietas de redução de peso e a
casca para o bom funcionamento da flora intestinal.
Tendo em vista a possível utilização de banana verde, como fonte de compostos na
prevenção de doenças como obesidade e diabetes mellitus tipo II, objetivou-se
neste trabalho avaliar a atividade inibitória de -amilase dos extratos obtidos
de bananas verdes.
MATERIAL E MÉTODOS: As bananas da cultivar prata (Musa paradisiaca L.), foram coletadas na região de
Lavras, Minas Gerais. Para obtenção do extrato, os frutos verdes foram lavados
com água destilada, secos com papel toalha, descascados e triturados até
completa homogeneização. Em seguida, foram armazenados em freezer a 20 graus
negativos até a sua utilização.
Para avaliar a inibição da α-amilase durante o armazenamento a -20º C, o extrato
da banana verde foi preparado em etanol na proporção 1:30 p/v. A mistura foi
agitada por 30 minutos a 4ºC, e centrifugada a 5000 x g por 5 minutos. O
sobrenadante foi armazenado em freezer até utilização no ensaio de inibição
enzimática.
Para a determinação da atividade de α-amilase na presença e ausência do extrato
de banana, foi utilizado o método proposto por Noelting e Bernfeld, (1948), na
qual a solução de amido 1% foi utilizada como substrato preparado em tampão Tris
50 mMol.L-1 ,pH 7,0 , NaCl 38 mMol.L-1 e CaCl2 0,1 mMol.L-1
A atividade de amilase inibida (UIA/g) foi determinada a partir da diferença
entre a atividade na ausência (controle sem inibidor) e na presença do inibidor,
após pré-incubação por 20 minutos a 37°C. Simultaneamente foi preparado um
branco de enzima (substituindo o substrato por seu respectivo solvente), branco
de substrato (substituindo a enzima por seu respectivo solvente) e um branco
amostra (substituindo o substrato e a enzima por seus respectivos solventes). Em
cada determinação, a mistura da reação foi incubada por pelo menos quatro
diferentes períodos de tempo (10, 20, 30 e 40 minutos).
Salienta-se que uma UIA/g equivale a um milimol de glicose que deixa de ser
produzido em um minuto de reação devido à presença do inibidor contido em um
grama de polpa de banana.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os extratos dos frutos verdes de banana apresentaram alta atividade de inibição
da amilase expressa em porcentagem de inibição e em atividade de amilase inibida
como pode ser observado no Gráfico 1. O resultado obtido em porcentagem de
inibição é relativo à atividade da enzima nas condições do ensaio, por isso os
resultados foram transformados em atividade de amilase inibida por grama de
banana (UIA/g), um resultado absoluto. Analisando os Gráficos 1 e 2 pode-se
observar que o extrato da banana verde perdeu atividade inibitória da amilase
durante o armazenamento a -20°C. Considerando que a perda de atividade
inibitória da amilase durante o armazenamento a -20°C siga o mesmo padrão linear
de perda da atividade, em aproximadamente 15 dias a inibição da amilase tenderá
a zero de inibição. Embora os extratos de banana verde apresentem alta atividade
inibitória da α-amilase, sugerindo potencial na sua utilização para o controle
da obesidade e do diabetes mellitus, sua instabilidade frente ao armazenamento,
inviabilizou que uma análise mais detalhada fosse realizada, na busca de um
inibidor específico para a α-amilase.
GRÁFICO 1
Porcentagem de inibição da α-amilase por extratos
etanólicos de banana verde durante armazenamento do
extrato
GRÁFICO 2
Atividade de α-amilase inibida expressa em unidades
por grama (UIA/g) de extratos etanólicos de banana
verde durante o armazenamento do extrato
CONCLUSÕES: Os extratos de frutos verdes de banana apresentaram potencial como adjuvante no
tratamento da obesidade e do diabetes mellitus tipo II, uma vez que inibiram a α-
amilase in vitro, provavelmente devido ao elevado teor de compostos fenólicos, com
sua capacidade inibitória inespecífica. Porém como os extratos de banana
apresentaram instabilidade ao armazenamento a -20°C, novos trabalhos devem ser
realizados no intuito de estabilizar estas moléculas ou ainda avaliar o potencial
de outras fontes destes inibidores de α-amilase.
AGRADECIMENTOS: Agradeço à FAPEMIG, CNPq e CAPES pelo apoio financeiro e a UFLA por todo suporte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: NOELTING, G.; BERNFELD, P. Sur les enzymes amylolytiques III. La âamilase: dosage d’ activate et controle de I’ absence I’ á-amilase. Helvetica Chimica Acta, Basel, v.31, n.1, p.286-290, 1948.
PALMA, E. A. M.; BARROS, G. V.; PINTO, J. A.; PIMENTEL, S. L. B. Aproveitamento da banana na panificação. 2008. 30p. Projeto (Obtenção de Título de Técnico em Agroindústria) – Escola Técnica Federal de Palmas, Paraíso do Tocantins, TO.
SOUZA, S. P. Ação inibitória de extratos de plantas sobre a lipase pancreática com ênfase em Baccharis trimera (Less.) DC. 2009.101 p. Dissertação (Mestrado em Agroquímica) – Universidade Federal de Lavras, Lavras.