ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIOXIDANTE EM RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS DE ACEROLA (Malpighia emarginata D.C)

AUTORES: Marques, T.R. (UFLA) ; Lino, J.B.R. (UFLA) ; Alves, A.P.C. (UFLA) ; Simão, A.A. (UFLA) ; Corrêa, A.D. (UFLA) ; Lage, F.F. (UFLA)

RESUMO: Objetivou-se nesse trabalho avaliar o teor de compostos fenólicos, antocianinas, vitamina C, carotenoides e medir a capacidade antioxidante pelos métodos ABTS e β-caroteno/ácido linoleico nas farinhas de semente e de bagaço de acerola, com finalidade de agregar valor aos resíduos de acerola utilizando-os como aditivo na indústria alimentícia, cosmética, farmacêutica, com possíveis benefícios a saúde do consumidor. Os resultados indicam elevados teores de compostos fenólicos e vitamina C em ambas as farinhas. Alto potencial antioxidante foi encontrado nas farinhas quando se utilizou o método de inibição da oxidação lipídica (β-caroteno/ácido linoleico) e baixos quando se utilizou o método de captura de radicais livres (ABTS).

PALAVRAS CHAVES: subprodutos; acerola; antioxidante

INTRODUÇÃO: A acerola, também conhecida como cereja das antilhas adquiriu grande importância econômica devido ao alto teor de vitamina C e por seu potencial para industrialização, uma vez que pode ser consumida sob forma de suco, geleia e polpas congeladas. Além do alto teor de vitamina C encontrado em sua polpa estão presentes nessa fruta carotenoides, compostos fenólicos como as antocianinas que são compostos bioativos que se destacam como antioxidantes, elevando esse fruto ao campo dos alimentos funcionais (FREITAS et al., 2006) o que contribui para os efeitos benéficos desta fruta. Entretanto, em grande parte das frutas, a maioria das substâncias de interesse é encontrada em partes que normalmente são desprezadas como nas cascas, sementes e bagaço (GONDIM et al., 2005). Em todo o mundo, são geradas milhões de toneladas de resíduos provenientes de atividades agroindustriais (MAKRIS et al., 2007). Alguns deles são aproveitados como ração animal, entretanto, a maior parte ainda é descartada, possivelmente devido à falta de valor comercial desse produto, o que causa danos ao meio ambiente. No entanto, vale ressaltar que estes resíduos podem exibir quantidades significativas e mais elevadas de nutrientes do que encontrados na polpa. Assim, frente à elevada proporção dos resíduos agroindustriais de acerola proveniente, principalmente, da indústria processadora de polpa congelada torna-se relevante investigar o seu potencial antioxidante na perspectiva de empregá-los em alimentos em substituição parcial ou total aos sintéticos e na prevenção de doenças. Portanto, o objetivo neste trabalho foi avaliar o teor de compostos fenólicos, antocianinas, vitamina C e carotenoides e medir a capacidade antioxidante das farinhas de sementes e de bagaço

MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção e preparo das amostras As sementes e o bagaço de acerola, Malpighia emarginta DC., da variedade BRS 238 Frutacor foram fornecidos por uma microempresa de polpas de frutas e transportadas para o Laboratório de Bioquímica, no Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras. As sementes foram desidratadas à 45ºC e o bagaço liofilizado. Após as desidratações, as sementes e o bagaço de acerola foram moídos em moinho de facas (TE 631 Tecnal®) por 3 minutos e, em seguida, acondicionadas em frascos hermeticamente fechados, protegidos da luz, à temperatura ambiente e as farinhas submetidas às análises. Compostos fenólicos Os teores de compostos fenólicos da farinha de sementes de acerola (FSA) e da farinha de bagaço de acerola (FBA) foram realizados de acordo com a AOAC (2005). Vitamina C Os teores de vitamina C da FSA e da FBA foram determinados de acordo com Strohecker e Henning, (1997). Carotenoides totais Os teores de carotenoides da FSA e da FBA foram dosados conforme Higby, (1962). Antocianinas Os teores de antocianinas das FSA e da FBA foram determinados conforme Lees e Francis (1972), com adaptações. Atividade antioxidante Preparação dos extratos A extração dos antioxidantes da FSA e da FBA foi realizada como já descrito utilizando as metodologias descritas pela AOAC(2005)e por Lees e Francis (1972). Após as extrações, a atividade antioxidante (AA) foi avaliada pelos métodos descritos a seguir. Método ABTS A metodologia utilizada foi a desenvolvida por Re et al. (1999), modificada por Rufino et al. (2007). Método β-caroteno/ácido linoleico A metodologia utilizada foi a desenvolvida por Marco (1968), modificada por Rufino et al. (2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A FSA e FBA, respectivamente, apresentaram altos teores, em mg 100 g-1 de matéria seca, de vitamina C (457,32 ± 6,34 e 10.282,45 ± 8,71) e de compostos fenólicos (4.729,29 ± 66,27 e 10.818,41 ± 90,03), com destaque para a FBA (Tabela 1). A ingestão diária recomendada de vitamina C é de 45 mg (BRASIL, 2005). Assim, a ingestão de 9,84 g FSA ou de 0,44 g de FBA representa, em média, 45 mg de vitamina C ingerida, o que supriria praticamente a necessidade diária recomendada. O consumo de antioxidantes naturais, como os compostos fenólicos presentes em frutas e plantas, tem sido associado a uma menor incidência de doenças causadas pelos radicais livres. Assim, a FSA e FBA mostram-se boas fontes de vitamina C e compostos fenólicos com potencial para uso, podendo ser empregadas para o enriquecimento de alimentos, cosméticos e contribuir para o potencial antioxidante destas. Maiores teores, em mg 100 g-1 de matéria seca, de carotenoides totais e antocianinas foram apresentados pela FBA (2,38 ± 2,22 e 0,63 ± 0,01, respectivamente), fato este, já esperado devido à cor que esse resíduo apresenta. A AA da FSA e FBA, em equivalente de trolox dos extratos fenólicos e antociânicos, quando comparado aos padrões BHT e rutina, alcançaram em média 16 e 21%, do potencial desses padrões. Já em relação a quercetina a AA das farinhas foi muito inferior ao potencial antioxidante deste padrão. Portanto, a FSA e a FBA apresentaram baixa AA na captura de radicais livres. Em relação ao método β-caroteno/ácido linoleico, os extratos da FSA e da FBA apresentaram AA relativamente alta. Observou-se que os extratos fenólicos e antociânicos da FSA apresentaram as maiores AA. Alguns autores relatam que AA acima de 70% pode ser considerada ótima para a inibição da oxidação lipídica.

TABELA 1

Teores de vitamina C, compostos fenólicos, carotenoides e antocianinas, em mg 100 g-1 de matéria seca da farinha de sementes e de bagaço de acerola

TABELA 2

Atividade antioxidante dos extratos

CONCLUSÕES: A FSA e a FBA são ricas em substâncias antioxidantes, com os compostos fenólicos e vitamina C se destacando. A FSA e FBA mostraram elevada capacidade antioxidante quando se utilizou o método de inibição da oxidação lipídica (β-caroteno/ácido linoleico), porém, apresentaram baixa capacidade na captura de radicais livres. O estudo demonstrou que a FSA e a FBA apresentam características potenciais para sua utilização como aditivo na indústria cosmética, farmacêutica e alimentícia, com possíveis benefícios à saúde do consumidor.

AGRADECIMENTOS: À FAPEMIG, CNPq, CAPES e à UFLA.

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