ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia
TÍTULO: Determinação de compostos fenólicos em biomassa de farelo de arroz fermentado.
AUTORES: Ribeiro, A. (FURG) ; Bretanha, C. (FURG) ; Kupski, L. (FURG) ; Giacobbo, G. (FURG) ; Souza, M. (FURG) ; Badiale-furlong, E. (FURG)
RESUMO: Neste trabalho foram determinados os compostos fenólicos livres em farelo de arroz fermentado por Rhizopus oryzae (CCT 7560) solúveis em água e etanol. O farelo de arroz foi fermentado em fermentadores de bandeja em sistema sólido e da biomassa foram extraídos os compostos fenólicos solúveis em agua e etanol que foram quantificados espectofotométricamente. Após 24 horas de fermentação o rendimento foi de 74 % e 45 % em água e etanol respectivamente.
PALAVRAS CHAVES: Rhizopus oryzae; fermentação sólida; fenóis livres
INTRODUÇÃO: Entre as formas de aumentar a disponibilidade de nutrientes em resíduos da agroindústria estão os processos fermentativos, que implicam no emprego de micro-organismos para obter transformações resultantes da atividade metabólica dos mesmos (FEDDERN e FURLONG, 2007).
Dentre eles chamam a atenção os compostos fenólicos que são sintetizados em quase todos os vegetais, podendo exercer um papel de defesa contra micro-organismos patogênicos e para tal efeito encontram-se associados a polímeros de carboidratos, principalmente nos tecidos de proteção nas porções mais externas dos tecidos (SOUZA et al., 2012).
No caso de cereais, a arroz por sua forma morfologica e processo convencional de beneficiamento permite a separação da porção externa como casca e farelo. Este constitui-se numa boa fonte de nutrientes e compostos funcionais como os ácidos fenólicos, porém nem sempre acessíveis pela associação material lignocelulosico (SILVEIRA et al., 2010).
O emprego de farelo de arroz como substrato para a fermentação em estado sólido sob determinadas condições aumenta o teor de compostos fenólicos disponíveis na biomassa e estes têm também mostrado promissores benefícios a saúde como antioxidantes e na inibição fúngica (FEDDERN e FURLONG, 2007; OLIVEIRA et al., 2009). Sendo assim o processo fermentativo poderia ser útil para propiciar uma melhor recuperação, para fins diversos, de compostos fenólicos ácidos, solúveis em água e etanol, aos quais se atribui atividade antifúngica e antioxidantes (OLIVEIRA et al., 2009; SOUZA et al., 2012).
Neste trabalho foram determinados os compostos fenólicos livres em farelo de arroz fermentado por Rhizopus oryzae CCT 7560 solúveis em água e etanol, visando sua recuperação para aplicação em formulações alimentícias como conservador.
MATERIAL E MÉTODOS: O fungo utilizado foi o Rhizopus oryzae CCT 7560 (Banco de Colônias da Fundação Tropical André Tosello). Para a realização da fermentação, a suspensão de esporos foi obtida com 50 mL de emulsão aquosa de Tween 80 (0,2 %), liberados com alça de Drigalski, seguida de contagem de esporos em câmara de Neubauer.
Para a geração de biomassa foi utilizada o procedimento padronizado por Oliveira et al. (2009). Para cada 1 g de farelo (granulometria de 32 mesh) foram empregados 4x106 esporos, sendo a umidade do meio foi ajustada para aproximadamente 50% com solução de nutrientes e água estéril. Amostras da biomassa foram coletadas a cada 24 h até completar 96 h além do controle.
A extração dos compostos fenólicos livres foi realizada com metanol na proporção de 1:8 (p/v).
Os extratos fenólicos foram secos em rotaevaporador e ressuspensos em água ou etanol 40%, clarificados e quantificados pelo método espectrofotométrico com reagente de Folin-Ciocateau em comprimento de onda de 750nm empregando curva padrão de ácido ferúlico (1,7 a 12,2 µg/mL) (SOUZA et al., 2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O conteúdo de compostos fenólicos livres produzidos durante o processo fermentativo está apresentado na Tabela 1 e mostra a variação dele ao longo de 96 h.
O rendimento de compostos fenólicos totais solúveis em água apresentou um aumento significativo (p<0,05) de aproximadamente 74% e 45% em 24 h de fermentação em relação ao controle, respectivamente para água e etanol. A maior disponibilidade destes compostos decorre da ruptura dos compostos lignocelulosicos do farelo de arroz pelas enzimas fúngicas para a multiplicação celular da biomassa (OLIVEIRA et al., 2009). O que sugere a possibilidade de empregar o processo microbiano para propiciar melhor avalição quantitativa de fenóis ácidos em materiais lignocelulosicos.
Tabela 1. Rendimento dos compostos fenólicos totais solúveis em água e
Média +desvio padrão. Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa (p < 0,05).
CONCLUSÕES: O processo fermentativo realizado em farelo de arroz por Rhizopus oryzae disponibilizou os compostos fenólicos ácidos para a determinação quantitativa deles em meio aquoso.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FEDDERN, V.; FURLONG, E. B.; SOARES, L. A. S. Efeitos da fermentação nas propriedades físico-químicas e nutricionais do farelo de arroz. Ciência e Tecnologia Alimentos, Campinas, v.27, n4, p.800- 804, 2007.
OLIVEIRA, M. S; KUPSKI, L.; FEDDERN, V.; CIPOLATTI, E. P.; BADIALE-FURLONG, E.; SOUZA-SOARES, L. A. de. Physico-chemical characterization of fermented rice bran biomass.Food Science and Technology, p. 7-11, 2009.
SILVEIRA, C. M.; OLIVEIRA, M. S. e BADIALE-FURLONG, E. Conteúdo lipídico e perfil em ácidos graxos de farelos submetidos à fermentação por Aspergillusoryzaeem estado sólido. Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos; v.28, n.1, p.133-140, 2010.
SOUZA, M. M.; RECART, M. R.; ROCHA, M.; CIPOLATTI, E. P.; FURLONG, E. B. Estudo das condições de extração de compostos fenólicos de cebola (Allium cepa L.,). Revista do Instituto Adolf Lutz, v. 68, n.2, p. 192-200, 2009.
SOUZA, M. M.; PRIETTO, L.; RIBEIRO, A. C.; SOUZA, T. D.; BADIALE-FURLONG, E. Assessment of the antifungal activity of Spirulina platensis phenolic extract against Aspergillusflavus. Ciência e Agrotecnologia, 2012.