ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA DE CULTIVARES DE AMORA-PRETA DE DIFERENTES REGIÕES DE CULTIVO

AUTORES: Neves Santos Guedes, M. (UFLA) ; Maria Patto de Abreu, C. (UFLA) ; Otávio de Oliveira, J. (UFLA) ; Maria Batista Chagas, P. (UFLA) ; Patto de Abreu, L. (UFLA) ; Aparecida Maro Castilho, L. (UFLA) ; Pio, R. (UFLA)

RESUMO: Dentre as preferências de espécies frutíferas com perspectivas de comercialização, a amoreira-preta (Rubus spp) se destaca como uma das mais promissoras. Frutos de 3 variedades de amora-preta Cainguangue, Brazus e Guarani cultivadas nas regiões Campos dos Vertentes (Lavras-MG) e Serra da Mantiqueira (Senador Amaral) foram comparados na sua composição físico-química: acidez total titulável, pH e nos teores de minerais (Ca, Mg, Fe e Zn).Este estudo demonstrou a capacidade de selecionar cultivares de frutos para fins nutricionais específicos ou atribuir linhas parentais em programas de melhoramento funcionais, além de destacar a influência determinante da cultivar sobre o conteúdo mineral dos frutos avaliados.

PALAVRAS CHAVES: minerais; Vitamina C ; Rubus spp

INTRODUÇÃO: A produção mundial de frutas vermelhas totalizaram 6.750.749 milhões de toneladas em 2006 (FAOSTAT, 2006), representada pelos morangos, framboesas, groselhas, mirtilo e amora-pretas, o aumento da produção desses frutos tem contribuído com o conceito de “alimento funcional” tornando-se mais popular. A presença de fitonutrientes com elevada capacidade antioxidante é o que garante as propriedades funcionais dos pequenos frutos vermelhos (BEEKWILDER et al. 2005, WANG et al. 2000). É dada também grande importância á presença destes compostos bioativos em afetar a saúde humana (SALZO et al. 2005). A amora-preta “in natura” é altamente nutritiva, contendo 85% de água, 10% de carboidratos, elevado conteúdo de vitaminas do complexo B, vitamina C e minerais. Os minerais regulam o metabolismo de diversas enzimas, o equilíbrio ácido-base, a pressão osmótica, a atividade muscular e nervosa, facilita a transferência de compostos essenciais através das membranas e, em alguns casos, fazem parte dos elementos constituintes dos tecidos do organismo e são necessários ao processo vital, devendo estar contidos nos alimentos em quantidades e proporções adequadas. Além dos minerais, nutrientes essenciais, as frutas contribuem com diversos componentes oriundos de metabólicos secundários, principalmente os de natureza fenólica, denominados de polifenóis, moléculas estas que interagem com as espécies radicalares, um mecanismo considerado primário (ROBARDS et al., 1999). O objetivo deste trabalho foi de avaliar a variabilidade do teor de minerais e os teores de vitamina C em frutos de três cultivares de amora-preta de duas diferentes regiões de cultivo.

MATERIAL E MÉTODOS: As análises foram realizadas utilizando frutos completamente maduros provenientes de dois locais de cultivo representados pela região Campos dos Vertentes (Lavras - MG) e Serra da Mantiqueira (Senador Amaral). Cada cultivar de amora-preta foram cultivadas em idênticas condições de manejo em MG, Brasil. As amostras foram preparadas utilizando 100 g de frutos, em seguida homogeneizados. Acidez total titulável: Pesou-se 2 g da polpa do frutos triturados e transferiu-se para erlenmeyers, completando-se o volume para 100 ml com água destilada, adicionou-se 3 gotas de indicador fenolftaleína 1%, procedendo-se as titulações, sob agitação, com solução de NaOH 1 N, previamente padronizada. Os resultados foram expressos em mg de ácido cítrico por 100g de frutos frescos. pH: o potencial hidrogeniônico foi determinado por potênciometria segundo técnica da Association of Official Analytical Chemists – AOAC (2005). A análise de minerais, foi feita uma digestão nitroperclórica à quente, com 0,5 g da amostra liofilizada. As análises de cálcio, magnésio, ferro e zinco foram realizadas em aparelho de espectrofotometria de absorção atômica. Para todas as análises, foram utilizados os procedimentos descritos por Malavolta et al. (1989). Os resultados foram expressos em mg de mineral por 100g de frutos frescos. - Vitamina C: A determinação da vitamina C foi feita pelo método colorimétrico segundo Strohecker & Henning (1967) e os resultados expressos em g de ácido ascórbico/100 mL de suco.Os dados apresentados para cada cultivar representam os valores médios determinados a partir de quatro amostras independentes. Diferenças significativas foram calculadas de acordo com o teste de Scott Knott com P ≤ 0,05 foi considerado como significativo em todas as análise

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme a tabela 1, a variável pH não foi influenciada pelo local de cultivo, o contrário ocorreu para as variáveis acidez total titulável e vitamina C. Frutos de amora de ambas as cultivares cultivadas na cidade de Senador Amaral tiveram seus valores de acidez total titulável e vitamina C superiores. A cultivar Caingangue indiferente do local de cultivo apresentou valores superiores tanto de pH, quanto de Acidez Total titulável e Vitamina C. Em geral, análise elementar demonstrou que os teores de cálcio, magnésio, zinco e ferro exibiram diferenças quando a questão é local de cultivo, tabela 2. O teores de cálcio, magnésio e zinco foram maiores para os frutos produzidos nas condições de Lavras, enquanto o teor ferro foi maior para os frutos cultivados na cidade de Senador Amaral. O mineral cálcio combina com os ácidos orgânicos, influenciando a capacidade tampão e consequentemente na percepção da acidez dos frutos (KADER, 2008). O que pode ser observado para a cultivar Caingangue que indiferente do local de produção apresentou maiores teores de Cálcio e conjuntaneamente de pH e acidez total titulável. Os valores de acidez total titulável, pH, cálcio, magnésio, zinco e ferro obtidos neste trabalho corrobora com os resultados relatados por Tosun et al. (2008) e USDA (2005).

Tabela 1

Valores médios de pH, Acidez Total Titulável e Vitamina C de três cultivares de amora-preta em dois locais de cultivo (LA: Lavras; AS: Senador Amaral). Lavras-MG, 2011

Tabela 2

Valores dos teores médios de Cálcio, Magnésio, Zinco e Ferro de três cultivares de amora-preta em dois locais de cultivo (LA: Lavras; AS: Senador Amaral). Lavras-MG, 2011

CONCLUSÕES: Neste trabalho observou-se que o local de cultivo influenciou na qualidade físico- química e na quantidade mineral presentes nos frutos de amora-preta de diferentes cultivares. Medidas agronômicas juntamente com o melhoramento genético de plantas, podem ser utilizados para selecionar cultivares de frutos para fins nutricionais específicos ou atribuir linhas parentais em programas de melhoramento.

AGRADECIMENTOS: Nossos agradecimentos à CAPES, pela bolsa de doutorado, e à FAPEMIG, pelo apoio financeiro e bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - AOAC. Official Method of Analysis. 18th ed. Washington, DC, USA: AOAC, 2005.

BEEKWILDER, J., HALL, R.D., Ric de Vos, C.H. Identification and dietary relevance of antioxidants from raspberry. Biofactors. V.23, p.197–205, 2005.
Disponível em:<http://www.unifesp.br/dis/servicos/nutri/nutri.php?id=2026 >. Acesso em: 03 de julho de 2012.

Faostat (2006) Crops data.<http://faostat.fao.org/site/567/default.aspx>. 2 Julho de 2012.

KADER, A.A. Perspective Flavor quality of fruits and vegetables. Journal of the Science of Food and Agriculture. v.88, p. 1863–1868, 2008.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: POTAFÓS, 1997. 201 p.

SCALZO, J., POLITI, A., PELLEGRINI, N., MEZZETTI, B., BATTINO, M. Plant genotype affects total antioxidant capacity and phenolic contents in fruit. Nutrition , v.21, p.207–213, 2005.

STROHECKER, R. L.; HENNING, H. M. Analisis de vitaminas: métodos comprobados. Madrid: Paz Montalvo, 1967. 428 p.

TOSUN, I.; U.N. SULE, U. N.; BELKIS, T. Physical and chemical changes during ripening of blackberry fruits. SCIENTIA AGRICOLA. v.65, n.1, p.87-90, 2008.< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-90162008000100012>

USDA - United States Department of Agriculture. Tabela de composição química de alimentos. 2005.