ÁREA: Alimentos

TÍTULO: EFEITO DO PROCESSAMENTO SOBRE A ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO SUCO DE CAJU

AUTORES: Sá, N.M.S.M. (DEQ-UFC) ; Sousa, A.D. (DEQ-UFC) ; Cacalcante, J.M. (DEQ-UFC) ; Brito, E.S. (DEQ-UFC E EMBRAPA) ; Fernandes, F.A.N. (DEQ-UFC)

RESUMO: Na indústria de processamento de frutas, a polpa de caju é muito utilizada para a obtenção de suco. No entanto, a influência do processamento nos compostos benéficos presentes no suco ainda é pouco estudada. Logo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antioxidante in vitro pelo método ABTS no suco de caju processado. Os resultados apresentaram valores de 2,03±0,08 para o extrato aquoso e 3,18±0,02 para o extrato metánólico a 55°C/5min. No final do processamento a 95°C/60 min. apresentaram valores de 7,11±0,08 para o extrato aquoso e 6,59±0,02 para o extrato metánólico (µM TROLOX/mL de suco). A partir desses resultados pode-se concluir que houve um aumento dos componentes bioativos durante o processamento, elevando a biodisponibilidade de compostos com atividade antioxidante.

PALAVRAS CHAVES: caju; antioxidante; pasteurização

INTRODUÇÃO: A procura por alimentos mais saudáveis tem aumentado consideravelmente por parte dos consumidores, o que contribui para o crescente consumo de suco de frutas. Atualmente, o segmento é considerado de grande potencial para o mercado nacional e internacional (ABIR, 2011). A cultura do caju (Anacardium occidentale, L) é considerada de grande importância socioeconômica da região Nordeste do Brasil, em decorrência dos produtos industrializados oriundos do fruto e do pseudofruto. O produto industrial mais significativo do pedúnculo é o suco de caju. Segundo CARVALHO et al. (2007) a porção aquosa do caju apresenta alto conteúdo de ácido ascórbico, minerais, ácidos orgânicos, compostos fenólicos e carboidratos.O pedúnculo apresenta também vários compostos com capacidade antioxidante, como os carotenóides (ASSUNÇÃO & MERCADANTE, 2003), flavonóides (BRITO et al., 2007), ácidos fenólicos, taninos e ácidos anacárdicos. No processamento industrial de sucos, a pasteurização é o método de conservação mais empregado, apresentando duas funções básicas: reduzir a carga microbiana e inativar complexos enzimáticos. Segundo DEWANTO et al. (2002) além desses fatores o processamento melhora a qualidade sensorial, aumenta a vida útil do produto e também a biodisponibilidade de alguns antioxidantes e ocorre a formação de novos compostos. O consumo cada vez mais frequente de alimentos industrializados desperta o interesse na qualidade desses produtos que estão sendo consumidos. Por isso a importância em verificar a influência desse processamento nos compostos benéficos que estão presentes no suco de caju. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antioxidante in vitro pelo método ABTS no suco de caju processado.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de suco integral de caju foram fornecidas pela Embrapa Agroindústria Tropical, localizada cidade de Fortaleza – CE. O suco foi obtido a partir dos pedúnculos do clone de cajueiro CCP 76 em prensa tipo expeller. O tratamento térmico foi realizado em amostras de suco de caju integral com cinco faixas de temperatura (55, 65, 75, 85 e 95°C) e quatro tempos (5, 15, 30 e 60 minutos) em tubos de ensaio, com 30 mL da amostra, os quais foram levados individualmente a banho-maria, de acordo com a temperatura e tempo definidos no planejamento experimental, sendo agitados manualmente e a temperatura medida por imersão de termômetro na amostra. Imediatamente após o tratamento térmico, as amostras foram resfriadas em banho de gelo, e armazenadas para posterior análise. O extrato aquoso (EA) foi preparado a partir do suco processado, sendo diluído em água deionizada na proporção (1:10 v/v), homogeneizado e em seguida centrifugado. Para obtenção do extrato metanólico (EM) primeiramente foi feito um tratamento em cartucho C18, em seguida adicionou-se 3 ml da amostra, 3ml de metanol e o filtrado foi recolhido e diluído na proporção (1:1 v/v). A atividade antioxidante pelo método ABTS [2,2’-azinobis-(3-etilbenzotiazolin-6-acido sulfônico)] foi realizada conforme a metodologia descrita por RUFINO et al. (2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As avaliações de atividade antioxidante foram feitas pelo método ABTS, sendo utilizado como padrão o trolox. No inicio do processamento a 55°C/5 min. os extratos apresentaram valores de 2,03 e 3,18 µM Trolox/ml de suco, para o extrato metánólico e aquoso respectivamente. Os extratos apresentaram maiores valores em 95°C/60 min (6,59 e 7,11 µM Trolox/ml de suco). Logo, o processamento do suco de caju aumentou a atividade antioxidante. Se por um lado o calor promove a destruição de alguns compostos fenólicos, por outro, a elevação da temperatura aumenta a biodisponibilidade de componentes com atividade antioxidante. Os valores encontrados neste trabalho foram inferiores aos encontrados em outros estudos como: sucos de morango (26,54 μM Trolox/g amostra) (SELLAPAN, et al., 2002), laranja (58,81 μM Trolox/g amostra) e abacaxi (47,42 μM Trolox/g amostra) (PROTEGGENTE et al., 2003). ABREU (2007) determinou uma variação de 6,34 a 34,35 µM Trolox/ɡ de polpa, no suco de caju em diferentes clones. VIEIRA et al. (2009) encontraram valores de 212e 561 µM Trolox /g de polpa para extrato aquoso e hidroalcóolico, respectivamente. Estes valores foram bem superiores aos obtidos neste trabalho. Estas diferenças podem ser devido ao tipo de amostra, pois utilizaram polpa de caju e o presente estudo, o suco processado, como também ao solvente e aos métodos de extração utilizados. Foi possível observar a partir dos resultados apresentados nos Gráficos (figuras 1 e 2) que o tratamento a 95ºC/60 min. aumentou a atividade antioxidante do extrato. É possível observar também que no tratamento térmico envolvendo temperatura de 55ºC, mesmo que por 60 minutos, o extrato apresentou expressiva atividade em comparação com o extrato que não sofreu tratamento térmico (1,52 µM Trolox/ml de suco).









CONCLUSÕES: De acordo com os resultados obtidos, o processamento mais longo (60 min.) na temperatura de 95°C apresentou melhores resultados, com valores de 7,11±0,08 para o extrato aquoso e 6,59±0,02 para o extrato metánólico (µM TROLOX/mL de suco). Portanto, pode-se concluir que houve um aumento dos componentes bioativos durante o processamento, elevando a biodisponibilidade de compostos com atividade antioxidante. Estudos adicionais serão necessários para caracterização dos compostos fenólicos responsáveis pela atividade antioxidante do suco de caju.

AGRADECIMENTOS: UFC, EMBRAPA e CNPq

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABIR. Associação Brasileira das indústrias de refrigerantes e bebida não alcoólicas. Disponível em: <http://www.ibraf.org.br/>. Acesso em: 12 abri 2011.

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BRITO, E.S.; ARAÚJO, M.C.P.; LIN, L.Z.; HARNLY, J. 2007. Determination of the flavonoid components of cashew apple (Anacardium occidentale) by LC-DAD-ESI/MS. Food Chemistry, 105(3): 1112−1118.

CARVALHO, J.M.; MAIA, G.A.; FIGUEIREDO, R.W.; BRITO, E.S.; RODRIGUES, S. 2007. Storage stability of coconut–cashew apple juice beverage. J. Food Process. Preserv., 31: 178–189.

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RUFINO, M.S.M. 2006. Metodologia científica: determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre ABTS. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, Comunicado técnico.

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PROTEGGENTE, A.R.; SAIJA, A.; PASQUALE, A.; RICE-EVANS, C.A. 2003. The compositional characterisation and antioxidant activity of fresh juices from Sicilian sweet orange (Citrus sinensis L. Osbeck) varieties. Free Radical Research, 37: 681-687.

VIEIRA, L.M; SOUSA, M. S. B; LIMA, A. 2009. Fenólicos totais e capacidade antioxidante in vitro de polpa de caju (anacardium occidentale). IV Congresso de pesquisa e inovação da rede norte e nordeste de educação tecnológica. Bélem-Pa.