ÁREA: Alimentos
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DO TEOR DE MINERAIS EM AMOSTRAS DE PIMENTA-ROSA CULTIVADAS NO NORTE DO ESPÍRITO SANTO UTILIZANDO ICP-OES
AUTORES: Zanetti, M.G. (CEUNES/UFES) ; Baliza, P.X. (CEUNES/UFES) ; Mendes, A.N.F. (CEUNES/UFES) ; Lemos, V.A. (UESB) ; Santos, M.J.S. (UESB)
RESUMO: A aroeira (Schinus terebenthifolius Raddi) é também chamada de aroeira vermelha,
aroeira pimenteira e pimenta rosa. Seu plantio desponta como uma das
alternativas para a diversificação agrícola no Norte do Espírito Santo,
especialmente no município de São Mateus. O fruto da aroeira é utilizado como
condimento e na alimentação de aves silvestres. Além disso, as cascas e folhas
secas da aroeira são utilizadas contra febres, problemas do trato urinário,
uretrites, diarréias, bronquite, gripes e inflamações em geral. Neste trabalho,
promoveu-se a determinação dos elementos K, Mg, Fe, Zn, Mn, Cu, Pb, Ni, Se,
Cr, e Cd em amostras de fruto e casca de aroeira cultivadas no município de São
Mateus, empregando a espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado
indutivamente (ICP-OES).
PALAVRAS CHAVES: aroeira; ICP-OES; elementos-traço
INTRODUÇÃO: O plantio da pimenta rosa desponta como uma das alternativas para a
diversificação agrícola, principalmente por ser um dos mais sofisticados
condimentos da cozinha internacional, cujo sabor é picante e adocicado.
Atualmente, a exploração de seus frutos se restringe à coleta manual em
populações naturais, presentes principalmente em áreas de restinga do litoral
brasileiro, em especial no estado do Espírito Santo (CARVALHO, 1997). Na cidade
de São Mateus, a pimenta rosa é encontrada como uma planta nativa e seus frutos
são vendidos em feiras populares. Além dos frutos, a casca da aroeira também é
comercializada para o preparo de chás para fins medicinais.
Desta forma, é essencial a dosagem de elementos micronutrientes ou tóxicos em
alimentos, para monitorar a contaminação ambiental, determinar o teor
nutricional de produtos alimentícios e verificar os níveis de ingestão de várias
substâncias por seres humanos e animais.
Embora muitos elementos sejam essenciais ao bom funcionamento do organismo,
alguns podem ser prejudiciais, causando efeito de toxicidade aguda ou crônica.
Metais como o Co, Cu, Fe e Mn, encontrados na natureza em solos, ar, água e
alimentos, são considerados microelementos essenciais ao metabolismo dos
organismos vivos. Entretanto, o excesso ou carência desses elementos pode levar
a distúrbios no organismo e até à morte. Ainda, alguns elementos não têm
qualquer função conhecida no organismo. Estes são tóxicos mesmo em pequenas
quantidades, tais como Cd e Pb (MCKENZIE, 1988).
Neste trabalho, promoveu-se a determinação dos elementos K, Mg, Fe, Zn, Mn, Cu,
Pb, Ni, Se e Cd em amostras de frutos e casca da planta aroeira cultivada no
município de São Mateus, empregando a espectrometria de emissão óptica com
plasma acoplado indutivamente (ICP-OES).
MATERIAL E MÉTODOS: Amostras de frutos de aroeira foram adquiridas em feiras populares da cidade de
São Mateus. As amostras foram pulverizadas com gral e pistilo e, então,
peneiradas. Cerca de 0,10 g de amostra seca foram pesados e transferidos para um
copo de Teflon de uma bomba de digestão ácida para microondas. Água desionizada
ultrapura (2,0 mL) e ácido nítrico concentrado (2,0 mL) foram adicionados a cada
amostra. O copo foi fechado na armadura da bomba, e o sistema submetido à
radiação de microondas durante 60 segundos, a uma potência de 100 W. Após
resfriamento, o digerido límpido foi diluído com água desionizada ultrapura em
balão volumétrico de 50 mL. As determinações dos elementos foram realizadas por
ICP-OES, sob as seguintes condições: potência de RF: 1150W, vazão do nebulizador
0,60 L min-1, vazão do gás auxiliar 0,70 L min-1, vazão do gás Ar no plasma 15,0
L min-1, detecção com vista axial. Amostras da casca de aroeira para o preparo
de chá foram adquiridas em lojas de produtos naturais da cidade de São Mateus. O
procedimento de preparo das amostras de casca da aroeira e as condições do ICP-
OES foram os mesmos utilizados para as amostras do respectivo fruto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos dos elementos encontrados nas amostras de frutos da
aroeira estão na Tabela 1. O potássio e o magnésio foram os que apresentaram os
maiores teores. O K tem um papel importante na atividade neuromuscular, secreção
de insulina através do pâncreas e para conservação do equilíbrio ácido base. O
Mg auxilia no crescimento, na manutenção de funções do organismo e na reprodução
humana. A concentração de Pb encontrada foi de 3,26 µg g-1. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, o limite máximo de Pb permitido para alimentos é
de 10 μg g-1, enquanto que a Portaria 685 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) tolera limites entre 0,05 a 2,0 μg g-1. Sendo assim, segundo
a ANVISA a amostra analisada apresenta um teor de chumbo superior à recomendada.
Para Ni, a concentração encontrada (3,15 μg g-1) não excede a recomendação
diária de 5 a 15μg g-1 deste elemento. Para Cu, foi encontrada uma concentração
de 7,65 μg g-1. De acordo com a Portaria 685 da ANVISA os níveis toleráveis de
Cu variam de 0,1 a 10 μg g-1 em alimentos. A concentração de Fe encontrada foi
de 172,25 μg g-1. A dose diária recomendada de Fe é de 10 mg para homens e 20 mg
para mulheres. Com relação ao Zn foi encontrada uma concentração de 36,25 μg g-
1, sendo que a recomendação diária é de 10000 a 15000 μg. Para Cd e Se, os
resultados encontrados foram inferiores ao limite de detecção (3,0 μg.g-1).
Na tabela 2 são listados os resultados para amostra de casca de aroeira,
observa-se concentrações inferiores aos encontrados para o fruto da aroeira,
quando se trata dos minerais potássio e magnésio, ferro, cobre e níquel. Já o
zinco foi encontrado em uma concentração superior aos frutos da aroeira, mas
está dentro da recomendação da ANVISA que é de 10000 a 15000 μg.
Tabela 1. Teores de elementos encontrados em amostra de fruto aroeira
Tabela 2. Teores de elementos encontrados em amostra de casca aroeira
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos proporcionaram evidências iniciais favoráveis ao potencial
da exploração dos frutos da aroeira na dieta alimentar, assim como a utilização do
chá da casca. Os valores encontrados neste trabalho serão utilizados para auxiliar
na construção de tabelas de composição mineral destes produtos.
AGRADECIMENTOS: À PRPPG/UFES e ao LABORATÓRIO DE QUÍMICA ANALÍTICA/UESB
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CARVALHO, V..D.; CHAGAS, S.J. R.; SOUZA, S.M .C..Informe Agropecuário da Empresa de Pesquisa Agropecuária, v. 18, n. 5, 1997.
MCKENZIE, H. A., SMYTHE, L. E. Quantitative Trace Analysis of Biological Materials. Amsterdam. Elsevier, 1988.
KREJCOVA, A., CERNOHORSKY, T., MEIXNER, D., Food Chemistry 105 (2007) 242-247.