ÁREA: Alimentos
TÍTULO: AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS ÁGUAS UTILIZADAS NO PROCESSAMENTO DA POLPA DE AÇAÍ (Euterpe oleracea) NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA.
AUTORES: Campos, A.R.F. (IFPA) ; Rodrigues, S.A. (IFPA/DEVISA-PA) ; Campos, W.E.O. (UFPA) ; Borges, L.M.G. (UFPA) ; Pinheiro, P.N.Q. (UFPA) ; Lino, K.L. (UFPA) ; Sousa Júnior, J.L. (IFPA) ; Corrêa, A.S. (IFPA)
RESUMO: Neste trabalho foi realizada a caracterização microbiológica das águas utilizadas no processamento da polpa de açaí. Nas amostras coletadas foram realizadas análises para verificar a existência de Coliformes totais e Fecais, fator determinante na qualidade da água. A retirada das amostras ocorreu em pontos de onze bairros de Belém, onde são produzidas as polpas, sendo três tipos de origem: torneira e filtro, ligada a COSANPA e também procedente de poços tubulares. Foram coletadas sessenta e quatro amostras em sacos estéreis de 300 mL e analisadas no LACEN, onde dessas amostras, dezesseis apresentaram foram dos padrões estabelecidos na Portaria Nº 518. O trabalho tem objetivo de obter resultados sobre o índice de Coliformes totais e E. coli nas águas utilizadas na produção de açaí.
PALAVRAS CHAVES: água; açaí; Escherichia coli.
INTRODUÇÃO: O açaí é o fruto da Palmeira conhecida como açaizeiro tendo como nome Científico Euterpe oleracea, hoje possui reconhecimento Nacional e Internacional pelo seu grande valor nutricional. Para ser considerada potável, a água tem que atender padrões limite dos parâmetros microbiológicos, físico, químico e radioativo, de modo que não ofereça risco à saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A água utilizada na produção do açaí é a mesma utilizada para consumo humano, por isso, tem que esta conforme aos limites estipulados conforme a legislação do Ministério da Saúde (Portaria 518/2004 e a Portaria 2.914/2011). De acordo com Araújo, 2009, existem dois tipos de coliformes: totais e fecais. Os coliformes totais compõem os grupos de bactérias gram-negativas. Os coliformes fecais são conhecidos como “termotolerantes” por suportarem temperatura superior à 40°C. Neste grupo está presente a bactéria gram-negativa Escherichia coli. A E. coli é um patógeno versátil, pode infectar o corpo sujeito à contaminação fecal (Black, 2002). O Ministério da Saúde adota a determinação dos Coliformes Totais e E. coli que representa a base do teste para verificar a contaminação fecal na água. A E. coli é pertencente à família Enterobacteriaceae encontrada nas fezes de homens e animais, causam infecção intestinais por diferentes mecanismos (TRABULSI, 2008). O objetivo deste trabalho é obter resultados sobre o índice de Coliformes totais e E. coli nas águas utilizadas para a produção de açaí. O trabalho focou-se em pontos de comercialização da polpa, sabendo-se que o monitoramento é uma forma de controle preventiva, pois com a obtenção dos resultados é possível tomar medidas cabíveis segundo o padrão de potabilidade.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de água foram coletadas em trinta e dois pontos dos onze bairros do município de Belém, escolhidos de acordo com as metas estabelecidas pelo Departamento de Vigilância Sanitária, do setor de Vigilância em saúde Ambiental (VISAMB), nos locais que haviam processamento da polpa de açaí, sendo os bairros: Umarizal, Pedreira, São Brás, Castanheira, Curió Utinga, Marambaia, Tapajós, Telegrafo, Cremação, Fátima e Canudos. Para a coleta foram utilizados os seguintes materiais: ficha de coleta, ficha de encaminhamento das amostras, frasco de coleta estéreis (sacos), estante para sacos, álcool a 70%, gases ou algodão estéreis, luvas, caneta para retroprojetor, gelox e caixa de material isotérmico. As análises foram realizadas no Laboratório Central do Estado do Pará (LACEN). Para as análises microbiológicas correspondentes a Coliformes totais e Termotolerantes, utilizou-se o método do COLILERT (Tecnologia de Substrato definido), onde baseia-se em fornecer substrato para a bactéria se reproduzir, utilizando a ß-galactosidade que metaboliza o indicador de nutrientes ONPG e alterá-lo de incolor para amarelo. Quando isso ocorre, torna-se o resultado positivo, e em seguida a amostra é levada para o detector de fluorescência, que transmite iluminação adequada para visualizar a fluorescência da utilização ß-galactosidade para metabolizar a MGU, dando confirmação da presença de E. coli na amostra.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com os resultados obtidos no parâmetro microbiológico, constatou-se que do total de 64 amostras de água utilizada para processamento da polpa de açaí, cinquenta e dois deram satisfatórias e 16 insatisfatória, sendo que quatro amostras deram insatisfatórias devido apresentarem Coliformes Totais, porém por ser de origem de poços tubulares, a legislação não considera insatisfatório, permitindo o consumo desta água. Doze amostras foram consideradas insatisfatórias conforme a Portaria Nº 518/ 2004 MS, por confirmar a presença da E. coli. Vale ressaltar que dos 32 estabelecimentos coletados, vinte e quatro utilizavam água da COSANPA e oito de poços tubulares, sendo que seis amostras de poços deram insatisfatórias pela presença da E. coli.
TABELA 1. Resultados de todas as coletas por bairro.
Na Tabela 01, está descrito os resultados das análises microbiológicas da água utilizada na produção da polpa de açaí
CONCLUSÕES: De acordo com trabalho, verificou-se que a qualidade da água utilizada para o processamento da polpa de açaí está longe de chegar a um padrão confiável. Na maioria dos casos de contaminação da água por origem microbiológica é atribuída diretamente a poços perfurados de forma clandestina, onde a água capturada dos poços não passam por nenhum tipo de tratamento nem mesmo pelo processo de cloração, onde o cloro é distribuído nos postos de saúde de maneira gratuita. Ressalta-se que esta mesma água utilizada no processamento do açaí é a mesma utilizada para o consumo dos moradores desses bairros.
AGRADECIMENTOS: A Deus, pois sem sua direção nada seria possível. Ao IFPA, ao LACEN/PA e Ao Departamento de Vigilância Sanitária de Belém.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BLACK, J. G. Microbiologia Fundamentos e Perspectivas. 4ª edição, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan S. A., 2002. Traduzido por Eiler Fritsch Toros Dr. em Microbiologia e Imunologia pelo Instituto de Microbiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ministério da Saúde. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 mar. 2004.
Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914 de 12 de dezembro de 2011.
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F.; Microbiologia. 5ª. Ed. São Paulo: Atheneu, 2008.