ÁREA: Alimentos
TÍTULO: Atividade antioxidante de compostos extraídos de fontes naturais
AUTORES: Manetti, K. (FURG) ; Kraide, L. (FURG) ; Heidtmann-bemvenuti, R. (FURG) ; Badiale-furlong, E. (FURG)
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antioxidante do ɣ-orizanol e de
extratos fenólicos do farelo de arroz e de sementes do nim. A avaliação in vitro
do potencial antioxidante dos extratos foi investigada pelo método de captação do
radical DPPH. A ação antioxidante dos extratos foi comparada com os padrões de ɣ-
orizanol, ácidos ferúlico e gálico. O extrato fenólico do farelo de arroz foi o
melhor antioxidante (IC50 = 2,1 µg/mL), seguido pelo de sementes de nim (IC50 =
14,2 µg/mL) e ɣ-orizanol (IC50 = 28,9 µg/mL). Ficou demonstrado que a capacidade
antioxidante dos extratos analisados decorre da ação sinérgica entre os diferentes
constituintes.
PALAVRAS CHAVES: Antioxidante; Farelo de arroz; Sementes de nim
INTRODUÇÃO: Os antioxidantes são substâncias que retardam ou previnem o início ou a
propagação da cadeia de reações de oxidação. Evidências do papel de alimentos
antioxidantes na prevenção de certas doenças têm conduzido ao desenvolvimento de
métodos para determinar a capacidade antioxidante (PÉREZ-JIMÉNEZ e SAURACALIXTO,
2006).
Um dos métodos mais usados para verificar a capacidade antioxidante consiste em
avaliar a atividade sequestradora do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazila
(DPPH), produzindo um decréscimo da absorbância a 515 nm, em decorrência da
inibição do radical para sua forma reduzida 2,2-difenilpicril-hidrazina (DPPH-
H). A quantidade de antioxidante necessária para decrescer a concentração
inicial de DPPH em 50% é denominada concentração inibitória (IC50) (SOUSA et
al., 2007; MORAIS et al., 2009).
A árvore nim (Azadirachta indica), pertencente à família Meliaceae, é uma árvore
nativa da Índia. O interesse pelo nim tem crescido pelas diversas propriedades
do seu extrato bruto ou do seu óleo. Muitos compostos biologicamente ativos
podem ser extraídos das diferentes partes da árvore do nim (MARTINS, 2008).
O arroz é um dos grãos mais importantes em termos de valor econômico, o seu
beneficiamento gera como subproduto o farelo de arroz, que é uma excelente fonte
de vitaminas, minerais, proteínas e lipídios (SANTOS; NORIS; VIEIRA, 2006). Óleo
de arroz é rico em antioxidantes, entre os quais se destaca o γ-orizanol,
composto associado a efeitos fisiológicos positivos.
O objetivo do trabalho foi determinar a capacidade antioxidante do ɣ-orizanol de
farelo de arroz, de compostos fenólicos extraídos destes e de sementes de nim,
visando identificar seus potenciais de inibição de radicais livres.
MATERIAL E MÉTODOS: Todos os solventes e reagentes usados foram de grau analítico. O radical livre
DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazila) e os padrões de ácido gálico e ácido
ferúlico foram adquiridos da Sigma Aldrich. O padrão de γ-orizanol foi adquirido
da Wako Chemicals USA.
As amostras utilizadas foram farelo de arroz e sementes de nim. O farelo foi
cedido por Agroindústria da região sul do país e as sementes de nim foram
cedidas por empresa do estado de São Paulo que comercializa o produto.
A atividade antioxidante foi medida utilizando procedimento descrito por Herrero
et al. (2005) com modificações, monitorando-se o consumo do radical livre DPPH
pela amostra, através da determinação do decréscimo da unidade de absorvância
(uA) nas soluções contendo os extratos de farelo de arroz e de sementes de nim,
assim como nos padrões de ɣ-orizanol, ácido ferúlico e ácido gálico. As medidas
foram realizadas em espectrofotômetro VARIAN em comprimento de onda 515 nm. Aos
tubos contendo 3,0 mL da solução metanólica de DPPH (5,2x10-5 mol/L) foram
adicionados 0,5 mL de metanol e 0,5 mL dos extratos fenólicos/padrões. As
concentrações testadas foram de 5, 10 e 25 µg/mL para o ɣ-orizanol, 3, 6 e 11,5
µg/mL para o extrato fenólico do farelo de arroz e 1,5, 2 e 3 µg/mL para o
extrato fenólico das sementes de nim. Os padrões utilizados foram 25, 3 e 3
µg/mL para o orizanol padrão, ácido ferúlico e ácido gálico, respectivamente, A
mistura reativa permaneceu a temperatura ambiente, sem a incidência de luz e a
mudança de cor violeta para amarela foi medida após 0, 5, 15, 30, 45, 60, 90,
120, 150 e 180 min de reação. A capacidade de sequestrar radical livre foi
expressa como percentual de inibição de oxidação do radical e calculado conforme
Roesler et al. (2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 apresenta o resultado das médias da porcentagem de inibição do
radical DPPH utilizando os extratos de ɣ-orizanol, compostos fenólicos extraído
do farelo de arroz e das sementes de nim, e dos padrões de ɣ-orizanol, ácido
gálico e ácido ferúlico.
A porcentagem de inibição do DPPH para o ɣ-orizanol nas concentrações de 5, 10 e
25 µg/mL variou de 7,7 a 25,8, 15,4 a 31,8 e 29,4 a 65,7%, respectivamente. A
inibição do DPPH na mesma concentração do padrão de ɣ-orizanol (25 µg/mL) foi
maior, então a ação antioxidante do extrato é devida a outros compostos além do
ɣ-orizanol.
O ácido gálico é usado como padrão para quantificação de compostos fenólicos
totais (MELO et al., 2011). A inibição pelo ácido gálico (13,6 – 48,0 µg/mL) foi
maior comparativamente aos compostos fenólicos extraídos do nim (1,6 – 17,0
µg/mL), ambos com 3,0 µg/mL, indicando que o ácido gálico tem pouca ação na
atividade antioxidante dos compostos fenólicos extraídos do nim.
O padrão para quantificação de compostos fenólicos para o farelo de arroz é o
ácido ferúlico (MIRA et al., 2008). Comparando a inibição do DPPH pelo ácido
ferúlico (4,6 – 16,2 µg/mL) e pelos compostos fenólicos extraídos do farelo de
arroz (8,12 – 73,0 µg/mL), ambos na mesma concentração (3 µg/mL), a porcentagem
de inibição foi maior para os compostos fenólicos extraídos do farelo de arroz,
então a ação antioxidante destes é devida a outros compostos além do ácido
ferúlico.
Um extrato que apresenta alto potencial em sequestrar radicais livres possui
baixo valor de IC50 (ROESLER et al, 2007). O menor valor de IC50 foi obtido
para os compostos fenólicos extraídos do farelo de arroz (2,1 µg/mL), seguido
dos compostos fenólicos extraídos do nim (14,2 µg/mL) e do ɣ-orizanol (28,9
µg/mL).
Tabela 1 Porcentagem de inibição do radical DPPH pelos extratos e padr
CONCLUSÕES: Foi possível determinar a capacidade antioxidante dos extratos de ɣ-orizanol
extraído do farelo de arroz, compostos fenólicos extraído das sementes do nim e do
farelo de arroz. O melhor antioxidante foi o composto fenólico extraído do farelo
de arroz (IC50 = 2,1 µg/mL), seguido do composto fenólico extraído das sementes do
nim (IC50 = 14,2 µg/mL) e do orizanol (IC50 = 28,9 µg/mL). A ação antioxidante dos
extratos depende de outros compostos presentes nas amostras.
AGRADECIMENTOS: À CNPq e à CAPES pelo apoio financeiro e à Base Fértil Ribeirão Comercial
Agrícola, que cedeu as sementes de nim.
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