ÁREA: Alimentos

TÍTULO: TEORES DE ÁCIDO ASCÓRBICO EM MAMÕES (Carica papaya L.) SUBMETIDOS A DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAGEM

AUTORES: Rebouças, J.L. (UFC) ; Machado, F.L.C. (UFC) ; Afonso, M.R.A. (UFC) ; Silva, W.B. (UECE) ; Costa, J.M.C. (UFC)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo estudar as variações nos teores de ácido ascórbico na polpa de mamão Formosa ‘Tainung 01’ durante 20 dias de armazenagem. Os frutos foram armazenados à temperatura ambiente (24 ºC ± 2 e 48% ± 5 UR) e sob refrigeração (10 ºC ± 1º C e 90 ± 5% UR), onde foram submetidos a quatro tratamentos: armazenamento sem embalagem, vácuo, atmosfera modificada e atmosfera modificada associada a absorvedor de etileno. Verificou-se que o armazenamento refrigerado é um processo eficiente em retardar o metabolismo e síntese de ácido ascórbico nos frutos.

PALAVRAS CHAVES: ácido ascórbico; mamão; armazenamento

INTRODUÇÃO: A biossíntese de vitamina C em vegetais ainda é um processo não completamente esclarecido. O teor de ácido ascórbico diminui durante o amadurecimento em alguns frutos, no entanto aumenta em outros, reduzindo-se somente na senescência. O aumento provavelmente está relacionado à liberação de açúcares precursores da biossíntese do ácido ascórbico durante o processo de degradação da parede celular, enquanto que o decréscimo à oxidação do ácido que podem ter sido ocasionados por danos mecânicos, apodrecimento e senescência (Jacomino et al., 2008). A composição química dos frutos pode variar devido a diversos fatores, dentre eles podemos destacar a cultivar, fertilidade do solo, época do ano, grau de maturação, porção do fruto, condições climáticas e nutrição da planta (OLIVEIRA et al., 2002). Este trabalho teve como objetivo verificar as alterações nos teores de ácido ascórbico na polpa do mamão Formosa ‘Tainung 01’, colhido em estádio 2 de maturação, por 20 dias sob refrigeração (10 ºC ± 1º C e 90 ± 5% UR) em diferentes tratamentos e temperatura ambiente (24 ºC ± 2 e 48% ± 5 UR).

MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos do mamoeiro ‘Formosa’ (Tainung 01) foram obtidos em pomar comercial, localizado no município de Limoeiro do Norte – CE. Os frutos foram colhidos em estádio 2 de maturação que correspondente até 25% da casca amarela e o restante com coloração verde-claro, conforme o Programa de Exportação do Papaya Brasileiro – APHIS/USDA – IS – SDA/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Após a colheita, os frutos foram lavados, mergulhados em fungicida, revestidos com cera de carnaúba, secos em esteira sob jato de ar, envolvidos em rede de polietileno e acondicionados em caixas de papelão. Os mesmos foram transportados à temperatura ambiente (24ºC), para o Laboratório de Controle de Qualidade e Secagem da Universidade Federal do Ceará. Os frutos foram armazenados à temperatura ambiente (24ºC e 48% UR) e refrigeração (10 ºC ± 1º C e 90 ± 5% UR), analisados quanto ao teor de ácido ascórbico 24 horas após a colheita e a cada cinco dias, durante o período de 20 dias. Os mamões refrigerados foram destinados ao tratamento em atmosfera modificada (sacos de poliamida), atmosfera modificada mais absorvedor de etileno (sacos de poliamida e sachê de KMnO4), vácuo (sacos de Nylon/Polieteno). A metodologia analítica utilizada foi descrita por Strohecker & Henning (1967). Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com três repetições, em esquema de parcelas sub-divididas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os frutos armazenados sob temperatura ambiente apresentaram aumento gradativo nos teores de ácido ascórbico, sendo obtidos valores de 44,53 mg/100g da polpa 24 horas após a colheita, e ao final de 20 dias de armazenagem 99,50 mg/100g da polpa (Tabela 1). Para os frutos sob armazenamento refrigerado, em todos os tratamentos, houve acréscimo na concentração de ácido ascórbico atingindo seu valor máximo aos 10 dias de armazenamento e posteriormente reduzindo seus valores, em conseqüência da provável perda deste composto orgânico durante armazenamento. Observou-se ao final do período de armazenagem diferenças entre os tratamentos. As médias de concentração de ácido ascórbico entre os tratamentos submetidos em atmosfera modificada e atmosfera modificada mais absorvedor de etileno não apresentaram diferenças significativas ao vigésimo dia de armazenamento. No entanto, os tratamentos á vácuo e refrigeração sem filme apresentaram diferenças significativas ao nível de 5%, pelo teste de Tukey. Os mamões armazenados sob refrigeração sem embalagem obtiveram os maiores acréscimos de ácido ascórbico, entre os tratamentos refrigerados, chegando ao final de 20 dias de armazenagem com 53,60 mg/100g da polpa.

Tabela 1

Valores de ácido ascórbico (mg de ácido ascórbico/100g de polpa) em mamões 'Tainung 01' armazenados em temperatura ambiente e refrigeração

CONCLUSÕES: Todos os tratamentos refrigerados apresentaram resultados importantes no controle das atividades metabólicas do mamão. No entanto, observa-se que a utilização de atmosferas modificadas em associação com a refrigeração (10 ± 1º C e 90 ± 5% de UR) são mais eficientes em retardar o amadurecimento e síntese de ácido ascórbico no fruto.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: JACOMINO, A.P.; ARRUDA, M. C.; BRON, I. U.; KLUNGE, R. A. Transformações bioquímicas em produtos hortícolas após a colheita. In: KOBLITZ, M.G. Bioquímica de alimentos: teoria e aplicações práticas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, Cap. 6, p. 154-189, 2008.
OLIVEIRA, M. A. B.; VIANNE, R.; SOUZA, G. de; ARAÚJO, T. M. de R. Caracterização do estádio de maturação do papaia ‘Golden’ em função da cor. Ver. Bras. Frutic., Jaboticabal – SP, v. 24, n. 2, p. 559-561, 2002.
STROHECKER, R., HENNING, H.M. Analisis de vitaminas: métodos comprobados. Madrid: Paz Montalvo, 1967. 428p.