ÁREA: Alimentos

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA MACROALGA GRACILARIA DOMINGENSIS

AUTORES: França Pires, V.C. (UEPB) ; Torres, M.T. (FAO-CE) ; Albuquerque, A.P. (UEPB) ; Calado, C.M.B. (UEPB) ; Santos, K.M.A. (UEPB) ; Florentino, E.R. (UEPB) ; Florêncio, I.M. (UEPB) ; Tejo, M.C. (UFCG)

RESUMO: Gracilaria domingensis (Rhodophyta) é amplamente distribuída no litoral brasileiro. É uma espécie rica em ágar, mas sua importância deve-se a sua utilização na dieta humana. Apresenta fenótipos de cor vermelho (selvagem), verde e marrom. Na região nordeste tem sido cultivada em módulos flutuantes, por comunidades costeiras, como forma de preservação ambiental e agregação de valor econômico, sendo comercializada desidratada para consumo direto. Este trabalho apresenta a composição físico-química da Gracilaria domingensis, desidratada, que apresentou teor proteico de 16,60%, cinzas de 12,43% e fibras totais de 52,20%, evidenciando que seu aproveitamento promove enriquecimento nutricional tanto para consumo direto quanto para composição de produtos alimentícios.

PALAVRAS CHAVES: alga comestível; ágar; espessante

INTRODUÇÃO: O consumo de algas marinhas no mundo é de 51% para consumo alimentar direto, 8,6 % para a carragenana e 5,7 % para ágar. O gênero Gracilaria é representado, no Brasil, por 21 espécies distribuídas, sendo uma das principais espécies utilizadas para extração de ágar (PLASTINO; OLIVEIRA, 2002). O teor de ágar em Gracilarias varia de 29 a 51% dependendo do método utilizado (YOSHIMURA, 2006). As macroalgas são fontes de minerais, vitaminas e pobres em lípidos, característica essencial para uso em regimes de emagrecimento. Apresentam bom aporte em fibras alimentares, o que pode facilitar o trânsito intestinal, baixar a taxa de colesterol no sangue e reduzir certas afecções como o câncer do cólon (FARIA-TISCHER, 2006). A espécie Gracilaria domingensis é rica em ágar, mas sua importância deve-se a sua utilização na dieta humana. Apresenta fenótipos de cor vermelho (selvagem), verde e marrom (RAMLOV et al., 2009; RAMLOV, 2007). Segundo Simões (2009) fatores climáticos influenciam a composição físico-química das algas além do habitat, espécie e modo de cultivo. Este trabalho apresenta a composição físico-química da Gracilaria domingensis visando caracterizá-la para aporte nutricional na alimentação humana.

MATERIAL E MÉTODOS: A matéria-prima foi coletada em junho de 2012, de cultivo flutuante na praia de Flecheiras em Itapipoca (CE). A alga foi classificada, selecionada, retirada as sujidades, lavada abundantemente com água, de 5 a 8 vezes, e colocada para desidratação sob luz solar. A alga in natura desidratada foi pesada, embalada e transportada para o Laboratório de Alimentos do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Alimentos (NUPEA) do Departamento de Química da Universidade Estadual da Paraíba – Campus I – Campina Grande (PB). As análises físico-químicas foram realizadas em triplicata, sendo avaliados os parâmetros de pH, umidade, proteínas (fator 6,25), fibras totais, lipídios e resíduos minerais (cinzas), realizadas de acordo com as normas do Instituto Adolfo Lutz (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A tabela 1 apresenta a média dos dados obtidos (triplicata) na caracterização físico-química da Gracilaria domingensis. O teor de proteínas (16,60%) foi superior ao encontrado por Pereira (2009) (11,26%) em G. domingensis de bancos naturais no RN. O valor de lipídios (1,61%) ficou próximo ao encontrado por Gresler et al. (2009) (1,30%). Tabela 1 – Caracterização físico-química de Gracilaria domingensis. O valor de pH (7,18) mostra um alimento próximo da neutralidade. Os teores de fibras totais chegam a 52,20% e de cinzas a 12,43%, evidenciando ser esta alga rica em sais minerais.

Tabela 1 – Caracterização físico-química de Gracilaria domingensis.



CONCLUSÕES: A composição físico-química da Gracilaria domingensis evidencia que seu aproveitamento promove enriquecimento nutricional, em especial, pelo aporte de proteínas, sais minerais e de fibras.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq e UEPB pelo apoio financeiro nos projetos PROPESQ e PIBIC (IC).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FARIA-TISCHER, P. C. S. 2006. Estrutura química, propriedades reológicas e atividade antiviral das galactanas sulfatadas das algas vermelhas meristiella gelidium e gymnogongrus griffithsiae (gigartinales). Tese. Universidade Federal do Paraná. 197p.

GRESSLER, V.; YOKOYA, N. S.; FUJII, M.T.; COLEPICOLO, P.; FILHO, J. M.; TORRES R. P.; PINTO, E. 2009. Lipds, fatty acids, protein, amino acid and ash contents in four Brazilian red algae species. Food Chemistry, October.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. 1985. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análises de alimentos. 3. ed. São Paulo, 1: 533 p.

PLASTINO, E. M.; OLIVEIRA, E. C. 2002. Gracilaria birdiae (Gracilariales, Rhodophyta), a new species from the tropical South American Atlantic with a terete frond and deep spermatangial conceptacles. Phycologia, 41, n. 4.

PEREIRA, D. C. 2009. Variação no conteúdo proteico e pigmentar em variantes cromáticas de Gracilaria domingensis nas populações naturais de rio de fogo – RN – Brasil. Mestrado UFRN, 74p.

RAMLOV, F. 2007. Efeitos dos fitorreguladores e da irradiância no crescimento e na morfogênese de morfos pigmentares de Gracilaria domingensis (Kützing) Sonder ex Dickie (Gracilariales,Rhodophyta). Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo, 113p.

RAMLOV, F.; SANTOS, L. F.; MARASCHIN, M.; HORTA, P. A.; COLEPICOLO, P.; YOKOYA, N. S. 2009. Perfil carotenoídico dos estágios reprodutivos de Gracilaria domingensis (Gracilariales, Rhodophyta). PO:26. Livro de Resumos do Workshop Novos Bioativos de Macroalgas: manejo e cultivo, conservação, biotecnologia e técnicas de bioatividade. Ilha Bela, 10p. Julho.

SIMÕES, M. A. 2009. Estudo de cultivo e de biomoléculas da macroalga Gracilaria birdiae (Rhodophyta, Gracilariales). Dissertação de Mestrado. UFRPE. Recife, 54p.

YOSHIMURA, C. Y. 2006. Avaliação do potencial de cultivo e produção de ágar de Gracilaria dominguensis e de Gracilaria caudata (Rhodophyta, Gracilariales) na enseada de Armação do Itapocoroy. Tese. USP, 163p.