ÁREA: Alimentos

TÍTULO: ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE GRANULOMETRIA, COMPACTAÇÃO E FLUIDEZ EM RAÇÕES ANIMAIS

AUTORES: Lopes, A. (UTFPR) ; Poggere, P.A. (UTFPR) ; Bombardelli, C. (UTFPR) ; Lobo, V.S. (UTFPR) ; Maestre, K.L. (UTFPR) ; Maestre, K.L. (UTFPR)

RESUMO: Neste trabalho são relacionados parâmetros de qualidade para matérias-primas utilizadas na fabricação de rações animais. Através de métodos científicos foi verificada a relação entre os tamanhos dos grânulos das matérias-primas com suas tendências de compactação e fluidez. A granulometria dos materiais pode influenciar muito nos potenciais de compactação e fluidez, e é proporcional em relação aos tamanhos dos mesmos. Através dos cálculos de compactação e fluidez em comparação às granulometria, observou-se boa relação de proporcionalidade, indicando o tamanho dos grânulos dos materiais como um dos fatores principais do potencial de compactação e de fluidez, além de suas características químicas. Os valores de ângulo de repouso para granulos maiores ficaram próximos do ideal de 25 a 35º.

PALAVRAS CHAVES: Compactação; Fluidez; Granulometria

INTRODUÇÃO: A compressibilidade é definida como a relação entre o quanto o material deforma e o quanto o estado do mesmo se altera com a pressão aplicada, ou seja, é a capacidade de um corpo ou material de reduzir o seu volume quando submetido à pressões em todas as partes (INFOPÉDIA, 2012, et al). A compressibilidade pode ser definida também como a probabilidade de empedramento ou compactamento de um material, esta constante pode ser dada em termos de porcentagem, definida segundo SILVA, et al. 2006, como demonstra Equação 1: KC = (Dc – Da / Dc) x 100 (1) Onde: KC = coeficiente de compressibilidade; Dc = densidade compactada; Da = densidade aparente. Já a fluidez é a capacidade do material fluir entre os equipamentos. A avaliação desse parâmetro, prevê as características do material durante o processo produtivo, evitando possíveis problemas de escoamento pelos sistemas, roscas e demais peças dos equipamentos, além da probabilidade de compactação por acomodamento em seu acondicionamento em paletes ou silos. A fluidez pode ser medida em termos de ângulo de repouso denotado pelo monte formado pelo material, e pelo tempo decorrente para escoar toda a quantidade de material. O ângulo de repouso é definido como o maior ângulo que o talude do monte de um determinado material solto faz com o plano horizontal, sem que ocorra deslizamento, conforme mais material é adicionado ao monte (WINGE, et al., 2001). Pode ser calculado pela Equação 2 dada por SILVA, 2006 et al.: (tg inversa) - tg α = 2H / 2R (2) Onde: tg= tangente do ângulo; H =altura do monte; R = raio do monte. A granulometria é definida como a determinação dos tamanhos das partículas, e suas respectivas quantidades, em porcentagens, o que permite obter a função de distribuição das mesmas, e o calculo do diâmetro geométrico médio.

MATERIAL E MÉTODOS: Nos ensaios realizados utilizou-se matérias prima de indústrias de nutrição animal para proceder os teste de relação entre os parâmetros. Foram utilizadas amostras de arroz quirera, calcário e açúcar cristal para as devidas análises comprobatórias. Para obtenção de partículas de materiais ainda menores utilizou- se um moinho analítico (modelo IKA A11) efetuando a moagem de parte das amostras de arroz quirera e de açúcar cristal. Na obtenção dos resultados granulométricos foi utilizado uma mesa vibratória Bertel contendo as peneiras Tyler 9, 14, 28, 48, 100, 200, 400 e 500 Mesh correspondentes às aberturas 2,00; 1,180; 0,600; 0,300; 0,150; 0,075; 0,038 e 0,025 mm respectivamente. Os cálculos de DGM para a avaliação das quantidades de retenção dos materiais por malha foram realizados conforme ZANOTTO, et al (1996). Para as análises de compactação utilizou-se de um equipamento compactador (RSA INSTRUMENTAÇÃO) contendo um sistema de contagem de golpes e medida de freqüência do aparelho, e outro contendo um rotor aplicador de golpes, com proveta plástica de 250 mL e resolução de 2,0 mL. O aparelho proporcionou 1252 golpes em aproximadamente três minutos durante a compactação dos materiais. Para as análises de fluidez utilizou-se de um aparelho vibratório com aste, preso nesta, um funil de vidro com capacidade de aproximadamente 50 mL (RSA INSTRUMENTAÇÃO). Foram utilizadas 50 g dos materiais dispostos ao escoamento pelo funil com auxilio da vibração, sendo esta controlada por um marcador de níveis de vibração cotados de 0 a 11. O tempo gasto para o escoamento do material foi medido por cronômetro; Um paquímetro de resolução de 0,05 mm foi utilizado para a medição da altura do monte, e um papel milimetrado para a medição do raio do monte formado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Primeiramente foram obtidos os resultados da granulometria dos materiais em três repetições denotando-se as médias das repetições expressas em porcentagem de retenção (%R) e os respectivos cálculos dos valores de DGM conforme a tabela 1. Empregando os resultados obtidos pelas granulometrias em gráficos, estimaram-se os valores máximos e mínimos para os tamanhos dos grânulos das maiores concentrações em cada um dos materiais analisados. Com estes valores, compararam-se graficamente os resultados encontrados para os parâmetros de compressibilidade e ângulo de repouso conforme a figura 1B. Com os valores de diâmetro geométrico médio (DGM) dos materiais comparou-se novamente as proporções com os valores de compressibilidade e ângulo de repouso conforme a figura 1A. De acordo com COSTA et al (1998), os resultados para os valores de compressibilidade para o açúcar cristal e arroz quirera ficaram determinados como BOM. Para o açúcar cristal moído, arroz quirera moído e calcário ficaram como REGULAR. Para os valores de ângulo de repouso segundo COSTA et al (1998), a medida ideal é de 25 a 35°. Os valores obtidos para o açúcar cristal e para o arroz quirera foram mais próximos aos parâmetros ideais mencionados denotando bons parâmetros para rações de suínos e aves, os valores de açúcar cristal moído e de calcário foram os mais distantes ao ideal, denotando-se péssimos para estes parâmetros.

Tabela 1

Resultados das granulometrias e DGM dos materiais.

Figura 1

Comparação entre os parâmetros.

CONCLUSÕES: Os parâmetros encontrados para o estudo da granulometria dos materiais utilizados se mostraram aptos e apresentaram boa comparação dos potenciais de compactação e fluidez com o tamanho das partículas. As comparações realizadas entre a compressibilidade e os ângulos de repouso se mostraram proporcionais entre si observando-se os gráficos, e mantém uma boa correlação com o tamanho das partículas dos materiais denotando relativa influência em seus potenciais de compactação e fluidez. Os resultados obtidos em grânulos maiores ficaram bons para compressibilidade e próximos do ideal de 25 a 35º.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: COSTA, Paulo T., 1998, Granulometria de Microcomponentes para Rações de Suinos e Aves, Simpósio sobre Granulometria de Ingredientes e Rações para Suinos e Aves, Concórdia, SC.

INFOPÉDIA, 2012, Compressibilidade. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-07-09]. Disponível em: <URL: http://www.infopedia.pt/$compressibilidade>.

SILVA, Fabrício S.; CORRÊA, Paulo C.; JÚNIOR, Carlito G.; GOMES, Francisco C, 2006. Ângulo de Repouso, Atrito Interno e Efetivo dos Grãos de Café com Pergaminho. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 8, n. 1, p. 17-23.

WINGE, M., 2001; Glossário Geológico Ilustrado, UNB, Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/index.html>

ZANOTTO, Dirceu L.; BELLAVER, Claudio, 1996, Método de Determinação da Granulometria de Ingredientes para uso em Rações de Suinos e Aves, CT/215/EMBRAPA-CNPSA, p. 1-5.