ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Armazenamento e qualidade de pitaia (Hylocereus undatus) submetida a diferentes tratamentos de adubação

AUTORES: Duarte, M.H. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) ; Abreu, C.M.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) ; Tomé, L.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) ; Guedes, M.N.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) ; Simão, A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) ; Santos, C.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS) ; Queiroz, E.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS)

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação no armazenamento e na qualidade de pitaias vermelhas de polpa branca (Hyloreceus undatus), provenientes do pomar de Fruticultura de Universidade Federal de Lavras, armazenadas por 21 dias, refrigeradas a 13ºC. A qualidade das pitaia foi monitorada durante o armazenamento pelos seguintes parâmetros: perda de massa fresca, sólidos solúveis totais, pH e acidez titulável. Os resultados apontam diminuição dos teores de sólidos solúveis, acidez titulável e aumento da perda de massa fresca e pH para todos tratamentos durante o armazenamento.

PALAVRAS CHAVES: pitaia (Hylocereus undatu; armazenamento; adubação

INTRODUÇÃO: O consumo de frutas tem se tornado crescente devido à necessidade de alimentos mais saudáveis. O Brasil, neste cenário, aparece em uma posição favorável, pois possui uma grande variedade de espécies frutíferas e boas condições climáticas. No entanto, o grande volume de fruta cultivada, restringe-se a algumas variedades, o que vem favorecendo o cultivo de espécies antes desconhecidas ou exóticas. Como o plantio e a comercialização destas frutas ainda é incipiente faz se necessário, conhecer o comportamento pós-colheita destes novos produtos a fim de evitar perdas na produção, comercialização e principalmente de qualidade. Dentre as frutíferas exóticas de grande potencial de comercialização encontra-se a pitaia (Hyloreceraus undatus), cactácea nativa das florestas tropicais da América Central, do Sul, Vietnã e Índia. No Brasil a espécie foi introduzida na década de 90, concentrando a produção na região de Catanduva, estado de São Paulo (JUNQUEIRA et al. 2002). A pitaia possui sabor suavemente adocicado, podendo ser degustada em geleias, saladas, sorvetes, sucos ou in natura. Devido a sua composição química apresentar quantidades consideráveis de minerais e açúcares é considerada uma fruta altamente nutritiva. Além da importância nutricional, a pitaia possui propriedades antioxidantes, laxativa, podendo ainda ser utilizada como tônico cardíaco e na indústria de cosméticos (MOLINA, QUINTO, CRUZ, 2009). Vários estudos têm sido realizados com objetivo de disseminar o cultivo da espécie pelo país. Porém existe pouca pesquisa sobre seu comportamento pós-colheita. Diante do exposto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a qualidade e vida útil da pitaia submetida a diferentes tratamentos de adubação orgânica em armazenamento refrigerado.

MATERIAL E MÉTODOS: As pitaias (Hylocereus undatus (Haw.) Britton & Rose) foram adquiridas no pomar de fruticultura da Universidade de Lavras, localizado no município de Lavras-MG. Os frutos foram lavados e higienizados com hipoclorito de sódio a 300 mg.L-1 por 15 minutos. Após secagem, as pitaias foram divididas em lotes para compor as parcelas do armazenamento refrigerado a 13ºC. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) esquema fatorial (4x4)x4x3 com 4 tratamentos de adução (testemunha, esterco de curral, esterco de galinha e mistura de esterco de curral + galinha) 4 dias de análise ( 0, 7,14 e 21 dias) 4 repetições de 3 frutas cada, totalizando 192 frutos. Para a determinação da qualidade da pitaia submetida a diferentes tratamentos de adubação orgânica durante o armazenamento, realizou-se as seguintes análises: perda de massa fresca, sólidos solúveis totais, acidez titulável e pH. Para a determinação da porcentagem da perda de massa foi considerado a diferença entre o peso inicial do fruto e aquele obtido a cada intervalo de armazenamento, utilizando-se uma balança analítica. Os teores de sólidos solúveis (SST), expressos em ºBrix foram determinados por refratométria, utilizando-se refratômetro digital da marca Atago, modelo PR-100 Palette, conforme metodologia da A.O.A.C (2000). A acidez titulável (AT) foi determinada por titulação do filtrado, segundo a técnica do Instituto Adolfo Lutz (2005); pH determinado diretamente na polpa homogeneizada, em eletrodo de vidro, utilizando-se um peagâmetro Micronal modelo B371. Segundo técnica da A. O. A. C. (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 1 expõe o percentual de perda de massa fresca e teor de sólido solúvel total (SST) da polpa da pitaia (Hylocereus undatus) durante armazenamento. Conforme expresso na figura 1a, o tratamento EC+EG, foi o que apresentou maior perda de massa fresca durante o armazenamento refrigerado, enquanto que os tratamentos TT e EG obtiveram menores percentuais de perda de massa fresca. O teor de sólido solúvel total é dependente do estágio de maturação do fruto e, tende a aumentar durante o amadurecimento (CHITARRA & CHITARRA, 1990). Como podemos observar na figura 1b, o teor de SST para os diferentes tratamentos diminuíram durante o armazenamento. Este resultado que pode estar relacionado com a biossíntese de outros compostos ou aumento da taxa de respiração da fruta. Brunini e Cardoso (2011) observaram diminuição do teor SST de 11.5ºBrix para 8.72ºBrix, durante armazenamento a 13 ºC. Na figura 2 encontra-se os valores de acidez titulável (AT) e pH para a polpa da pitaia(Hylocereus undatus) durante armazenamento. O teor de ácidos orgânicos tende a diminuir durante o processo de maturação, devido á oxidação dos ácidos em decorrência da respiração, ou quando são convertidos em açúcares (CHITARRA & CHITARRA, 2005). De acordo com os dados presentes no figura 2a, para os diferentes tratamentos de adubação houve diminuição do teor de acidez titulável durante o armazenamento. Porem para o tratamento EC+EG a diminuição dos ácidos orgânicos foi menos acentuada. Para todos os tratamentos o pH (figura 2b) sofreu um aumento durante o armazenado. Resultado este, coerente com o comportamento da acidez titulável. Rodrigues 2010, encontrou valores de pH para a pitaia do Cerrado, variando entre 5,7 a 6,2 durante o período amadurecimento, valores compatíveis com espécie Hylocereus undatus.

Figura 1

Teor de sólido solúvel e perda de massa fresca da polpa de pitaia submetida a diferentes tratamentos de adubação, armazenada a 13ºC.

Figura 2

Valores de acidez titulável e pH da polpa de pitaia submetida a diferentes tratamentos de adubação, armazenada a 13ºC

CONCLUSÕES: Os diferentes tratamentos de adubação orgânica não interferiram significativamente nos paramentos de qualidade avaliados no armazenamento. O percentual de perda de massa aumentou durante o armazenamento, comprometendo a aparência do fruto. A acidez titulável obteve comportamento esperado no armazenamento, o que remete uma diminuição dos ácidos orgânicos, consequentemente aumento de pH. A diminuição dos sólidos solúveis pode estar relacionada como a biossíntese de compostos ou aumento da taxa de respiração, apesar do armazenamento refrigerado.

AGRADECIMENTOS: Nossos agradecimentos a CAPES, pela bolsa de mestrado, e à FAPEMIG, pelo apoio financeiro e bolsa de iniciação científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AOAC - ASSOCIATION OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemistry. 12th ed. Washington, 2000.1015p.

BRUNINI, M. A.; CARDOSO, S. S. Qualidade de pitayas de polpa branca armazenadas em diferentes temperaturas. Revista Caatinga, Mossoró, v. 24, nº 3, p. 78-84, jul-set, 2011.

CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320p.

CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 2005. 785p.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3 ed. São Paulo, 1985. v. 1, 533p.

JUNQUEIRA, K. P. et al. Informações preliminares sobre uma pitaya ( Selenicereus setaceus Rizz) nativa do Cerrado. Planaltina: Embrapa, 2002.18 p. ( Documentos, 62)

MOLINA, D. J.; CRUZ, J. S. V.; QUINTO, C. D. V. Producción y Expertación de la Pitahaya Hacia el Mercado Europeo. 2009 115 p. ( Especializacion en finanzas ) Escuela Superor Prolitécnica del Litoral – Facultad de economía y negocios ( FEN) - Equador. 2009.

RODRIGUES, Luiz José. Desenvolvimento e processamento mínimo de pitaia nativa (Selenicereus setaceus Rizz.) do cerrado brasileiro. 2010. 164 p. Tese (Doutorado em Ciência dos Alimentos) - Universidade Federal de Lavras, 2010.