ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: EFEITO ALELOPÁTICO DO ÁCIDO KÓJICO OBTIDO DA BIOMASSA PRODUZIDA PELO FUNGO ENDOFÍTICO ASPERGILLUS FLAVUS SOBRE PLANTAS INVASORAS DE PASTAGENS

AUTORES: S. Ribeiro, W. (UFPA) ; José Costa Corrêa, M. (UFPA) ; Silva Santos, L. (UFPA) ; Marina Silva Trindade, G. (UFPA) ; Gomes Cruz, N. (UFPA) ; Pedro S. Souza Filho, A. (UFPA) ; Silva Santos, A. (UFPA)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial alelopático do ácido kójico (5-hidróxi-2-hidroximetil-γ-pirona) 1, isolado da biomassa produzida por Aspergillus flavus, frente a duas espécies de plantas invasoras de pastagens. Os bioensaios foram realizados nas concentrações de 200 e 300 ppm. O resultado mais expressivo foi sobre o desenvolvimento da radícula que indicou aceitável percentual de inibição frente as espécies receptoras malícia (Mimosa pudica) e mata-pasto (Senna obtusifolia).

PALAVRAS CHAVES: Alelopatia; Aspergillus flavus; Ácido kójico

INTRODUÇÃO: Alelopatia, segundo o pesquisador alemão Hans Molish (1937), que utilizou os termos gregos “allélon” e “pathos”, que significa respectivamente, mútuo e prejuízo, é “a capacidade das plantas, superiores ou inferiores, produzirem substâncias químicas que, liberadas no ambiente de outras, influenciam de forma favorável ou desfavorável o seu desenvolvimento”. A procura de substâncias que atuem como bioerbicidas natural, sem prejudicar ou contaminar o ambiente, será extremamente favorável para o desenvolvimento do agronegócio na região Amazônica.

MATERIAL E MÉTODOS: A espécie Paspalum maritimum foi cultivada e suas folhas foram coletadas em Belém-PA, em área do Laboratório de Agroindústria da EMBRAPA. O material botânico foi devidamente tratado para o isolamento dos endofíticos1 em meio sabourand, e dentre os isolados fúngicos, 01 (um) foi selecionado para estudo, Fl1B1, o qual foi devidamente identificado como Aspergillus flavus pela Dra. Maria Inês M. Saquis (Fiocruz-RJ), em seguida foi cultivado em arroz, incubado a 25o C por 30 dias. Após o período de incubação foi acrescentado metanol, filtrado e concentrado, obtendo-se o extrato metanólico, o qual, após sucessivos fracionamentos em coluna de gel de sílica eluída com o sistema de solvente Hex:AcOET:MeOH em diferentes gradientes de polaridade, levou ao isolamento do ácido kójico (Figura 1), o qual foi utilizado para preparar as soluções com concentrações de 200 mgL-1e 300 mgL-1 em água, para verificar o potencial alelopático desta substância utilizando-se como testemunha água destilada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos bioensaios de germinação das sementes o ácido kójico produziu um percentual de inibição de 15% e de 11% para a espécie malícia, já para a espécie mata-pasto, nas mesmas concentrações, produziu um estimulo de 6% e 3%. Nos bioensaios de crescimento da radícula frente à espécie malícia, apresentou inibição de crescimento de 40% e de 46% e para a espécie mata-pasto inibição de 35,5% e de 58,6%. Nos bioensaios de desenvolvimento do hipocótilo o ácido kójico inibiu o crescimento em 25% e de 36% para a espécie malicia. Para espécie mata-pasto sob as mesmas concentrações foi observada uma inibição de 10% e um estimulo de desenvolvimento em 15% (Tabela 1).

Tabela 1:

Bioensaios em percentual de inibição (germinação de sementes, crescimento da radícula e do hipocótilo) das espécies malícia e mata-pasto.

Figura 1:

Ácido Kójico

CONCLUSÕES: Os resultados apresentados nos bioensaios de alelopatia do ácido kójico, mostrou resultados bastante significativos apenas de inibição no desenvolvimento da radícula de ambas as espécies receptoras testadas, enquanto que na germinação de sementes e no desenvolvimento do hipocótilo os efeitos observados não apresentaram resultados satisfatórios. O resultado obtido no desenvolvimento da radícula aponta que metabólitos obtidos de fungos endofíticos pode ser uma possível fonte de aleloquímicos.

AGRADECIMENTOS: UFPA, CAPES, FAPESPA, CNPQ pelo apoio financeiro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTELLANI, A. Viability of mold culture off ungi in destiled water. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 42, 225 (1939).
SOUZA FILHO, A. P. S. Planta Daninha. 24, 451-456 (2006).