ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: EXTRATOS DAS CASCAS DO INGÁ (Inga laurina W.) COMO AGENTES ANTIMICROBIANOS FRENTE A MICRORGANISMOS BUCAIS.
AUTORES: CUNHA, L. C. S. (UFU) ; SOUSA, L. C. F. (UFU) ; MORAIS, S. A. L. (UFU) ; BARROS, T. T. (UFU) ; AQUINO, F. J. T. (UFU) ; CHANG, R. (UFU) ; SOUZA, M. G. M. (UNIFRAN) ; CUNHA, W. R. (UNIFRAN) ; GOMES, C. H. (UNIFRAN)
RESUMO: A atividade antimicrobiana dos extratos das cascas da espécie Inga laurina W. foi avaliada frente a bactérias bucais aeróbias e anaeróbias pelo método da microdiluição em caldo. Todos os extratos (cicloexano, cicloexano/etanol, clorofórmio e aquoso obtidos em Sohxlet e metanol/água e metanol obtidos por maceração) apresentaram efeito antibacteriano. Para as bactérias aeróbias os valores das concentrações inibitórias mínimas (CIM’s) estiveram entre 200 e 400 µg/mL. Para as anaeróbias os valores encontrados variaram entre 20 e 400 μg/mL, indicando significativo efeito antibacteriano. O extrato clorofórmio foi o mais ativo diante das bactérias anaeróbias com CIM’s entre 20 e 30 μg/mL. Os resultados indicam que os extratos são potenciais agentes antimicrobianos contra bactérias bucais.
PALAVRAS CHAVES: atividade antimicrobiana, cim, inga laurina w.
INTRODUÇÃO: A espécie Inga laurina W. é uma árvore típica do cerrado brasileiro pertencente à
família Leguminoseae. No Brasil é conhecida como ingá branco e é plantada em
ambientes urbanos para sombra. O fruto do ingá é consumido pelo homem e pelos
pássaros. Embora a espécie Inga laurina seja parte importante da flora brasileira,
pouco é conhecido sobre sua constituição bioquímica.1 A descoberta de novos produtos
naturais com atividade antibacteriana para a prevenção de doenças bucais e talvez com menores efeitos adversos quando comparados aos produtos industrializados, seria muito importante para obtenção de um meio efetivo de controle da formação de um biofilme patogênico.2 O biofilme é uma comunidade microbiana organizada, dentro de uma matriz complexa composta de produtos extracelulares microbianos e compostos salivares crescendo nas superfícies do esmalte dental.3 O controle desses patógenos no ambiente bucal seria importante na prevenção da carie, de doenças periodontais (perda de gengiva e osso) e de lesões endodônticas (canal interno do dente). A atividade antibacteriana foi avaliada pelo método da microdiluição em caldo para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM).
MATERIAL E MÉTODOS: Após estabilização do material vegetal em estufa e da moagem em moinho de bolas, uma
amostra de 80g foi adaptada em aparelho Soxhlet, e extraída com a sequência de
solventes: cicloexano (CX), cicloexano/etanol 2:1v/v (CXE), clorofórmio (CL) e água
(AQ) obtendo-se quatro soluções. Ainda com duas amostras de 50g cada, realizaram-se
extrações por maceração, utilizando metanol/água (MA) e metanol (ME). Em seguida, as
soluções foram filtradas e evaporadas com pressão reduzida, obtendo-se os extratos do Ingá. Avaliou-se a atividade antimicrobiana dos extrativos pelo método da
microdiluição em caldo para a determinação da concentração inibitória mínima4 frente
aos microrganismos: Streptococcus sanguinis, Streptococcus mutans, Streptococcus
mitis, Bacteroides fragilis, Prevotella nigrescens, Actinomyces naeslundii,
Fusobacterium nucleatum e Porphyromonas gingivalis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados das concentrações inibitórias mínimas estão apresentados na Tabela 1.
De acordo com os resultados encontrados, todos os extratos evidenciaram atividade
antimicrobiana, mostrando potencial para inibir o crescimento de patógenos bucais.
Para as bactérias aeróbias os valores de CIM estiveram entre 200 e 400 µg/mL. Os
menores valores de CIM foram observados frente a S. sanguinis e S. mutans (200
µg/mL), e a espécie mais resistente aos extratos foi S. mitis. Para as bactérias
anaeróbias os valores de CIM encontrados variaram entre 20 e 400 µg/mL, indicando
significativo efeito antibacteriano. O extrato clorofórmio foi o mais ativo diante
das bactérias testadas com CIM’s entre 20 e 30 µg/mL. Os resultados são bastante
promissores porque valores de CIM abaixo de 100 µg/mL para extratos brutos são
recomendados.5 O extrato clorofórmio apresentou maior atividade contra as bactérias
anaeróbias, o que torna os resultados ainda mais relevantes, uma vez que, as
bactérias anaeróbias geralmente são mais resistentes pelo fato da sua parede celular
ser formada por uma bicamada lipídica. Estudos de caracterização química dos extratos e o biofracionamento do extrato clorofórmico estão em andamento, bem como análises químicas da madeira e casca.
CONCLUSÕES: Os resultados das CIM’s indicam que os extratos de Inga laurina possuem forte efeito
antibacteriano contra bactérias bucais e com maior atividade frente às anaeróbias, com destaque para o extrato clorofórmico. Desta forma, podem atuar como agentes antiplaca prevenindo a cárie, bem como lesões mais complexas como as periodontites e infecções endodônticas.
AGRADECIMENTOS: Ao laboratório de microbiologia da Universidade de Franca/SP – (UNIFRAN), ao PIBIC/CNPQ/UFU, ao Instituto de Química da UFU e à FAPEMIG.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1 Macedo, M.L.R.; Garcia, V.A.; Freire, M.G.M.; Richardson, M. Phytochemistry. 2007, 68, 1104-1111.
2 MARSH, P.D. Microbial ecology of dental plaque and its significance in health and disease. Advances in Dental Research. v.8, p.263-271,1994
3 MARSH, P.D. Dental plaque: biological significance of a biofilm and community life-style. Journal of Clinical Periodontology. v. 32, supl. 6, p.7-15, 2005.
4 Andrews, J. M. Determination of minimum inhibitory concentrations. Journal of Antimicrobial Chemotherapy. 2001,48,1, 5-16.
5 Ríos, J. L.; Recio, M. C. Journal of Ethnopharmacology. 2005,100, 80–84.