ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE Alpinia purpurata K.SCHUM (ZINGIBERACEAE)
AUTORES: SIQUEIRA, S. L (UFPE) ; SANTOS, S. M. (UFPE) ; AQUINO, V. CR. L. (UFPE) ; OLIVEIRA, R. AR. (UFPE) ; SENA, K. X. F. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C. (UFPE)
RESUMO: Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum. É uma planta ornamental, pertencente a Familia Zingiberaceae, originária das florestas tropicais da Ásia conhecida popularmente como gengibre vermelho e alpínia. Esta planta é monocotiledônea, perene e rizomatosa típica de regiões tropicais de todo o mundo. No Brasil, em especial no estado de Pernambuco, esta planta é empregada no paisagismo urbano da região metropolitana do Recife. Este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana do extrato etanólico das folhas e brácteas da inflorescência pelo método de difusão em disco de papel frente a microrganismos Gram positivos, Gram negativos, álcool ácido resistente e levedura. O extrato etanólico da flor inibiu os micro-organismos Gram positivos e também o álcool ácido resistente testados.
PALAVRAS CHAVES: alpinia purturata; atividade antimicrobiana, bastão do panamá
INTRODUÇÃO: Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum da família Zingiberaceae conhecida como simplesmente alpínia vermelha ou, gengibre vermelho. Embora diversas espécies pertencentes à família Zingiberaceae sejam cultivadas para comercialização como flor de corte na composição de arranjos floral ou utilizada como paisagismo. A espécie Alpinia purpurata sobressai dentre todas as outras plantas semelhantes, graças a exuberância das brácteas que compõem a inflorescência e o farto florescimento durante o ano inteiro (WOOD, 1995). Sua inflorescência, unidade morfológica terminal, é constituída de raque, brácteas, sépalas e pétalas, assim como androceu e gineceu. As brácteas vermelhas igualmente pareadas e dispostas em espiral que lembra o formato das espigas de milho (KEPLER & MAU, 1996). A verdadeira flor apresenta conformação tubular discreta e coloração branca, e emerge entre as brácteas da inflorescência, e raramente é vista. Esta planta é monocotiledônea, perene e rizomatosa típica de regiões tropicais de todo o mundo, uma vez que não resiste às estações prolongadas com temperaturas amenas. Alpinia purpurata é amplamente difundida no sudoeste da Ásia. O óleo da Alpinia purpurada tem sido empregado contra insetos principalmente para formigas. Outros estudos mostram alguns flavonóides extraídos das suas folhas usando cromatografia líquida de alta pressão (CLAE). Cada um dos componentes químicos isolados das folhas teve suas estruturas químicas comprovadas e identificadas por meio de métodos espectrométricos. Com o objetivo de estudar a atividade antimicrobiana dessa espécie foram coletadas amostras de brácteas frescas da inflorescência e submetidas à avaliação antimicrobiana usando teste qualitativo de difusão em discos de papel. As amostras foram provenientes dos belos jardins da UFPE.
MATERIAL E MÉTODOS: A Alpinia purturata foi coletada para estudo na Cidade Universitária. Foi encontrada compondo os jardins do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco no Recife, e conduzida ao laboratório de Produtos Naturais. O material foi devidamente limpo e separado entre as folhas do caule e as brácteas das inflorescências a fim de realizar os testes referentes à atividade antimicrobiana e, portanto, foram submetidas a três consecutivas extrações com etanol, antecedidas cada uma delas por sessões de duas horas no agitador mecânico. Após a evaporação do solvente, foram retirados e pesados 50 miligramas do extrato bruto seco que foi encaminhado ao setor de Microbiologia do Departamento de Antibióticos da UFPE para avaliar a atividade antimicrobiana. Foram utilizados micro-organismos Gram-positivas: (Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, Enterococcus faecalis), Gram-negativas (Escherichia coli, Serratia Marcescenses, Pseudomonas aeruginosa), álcool-ácido resistente Mycobacterium smegmatis, além da levedura Candida albicans. A avaliação da atividade foi determinada pelo método de difusão em disco de papel (BAUER et al, 1966). Discos com 6 mm de diâmetros foram embebidos com 10 µL de soluções dos produtos à concentração de 2000µg/disco e colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton semeados com os micro-organismos teste (turvação de 0,5 da escala McFarland). As drogas-padrão utilizadas foram cetoconazol (300 µg) para levedura e kanamicina (30µg) para bactérias, enquanto que o DMSO correspondeu ao controle. As placas com bactérias foram incubadas na temperatura de 37 °C por 24 horas, e a de leveduras a 30°C por 24-48 horas. Após o período de incubação foram medidos, em milímetros, os halos de inibição formados ao redor dos discos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O material foi seco em rota-evaporador e dessecador para obtenção de um material extremamente seco e isento de solvente. O extrato polar hidroalcoólico apresentou atividade para determinados microrganismos variando de 11 a 16 mm de diâmetro, sendo Micrococcus luteus (16); mostrando ser o microrganismo mais sensível. Staphylococcus aureus (11 mm); e Enterococcus faecalis (11 mm) se apresentaram mais resistentes, ambos com halos de 11mm. Pseudomonas aeruginosa, Serratia marcescens e Candida albicans não apresentaram halos de inibição. Dos quatro microrganismos Gram-positivos testados três deles foram inibidos pelo extrato da Alpinia purpurata. O Bacillus subtilis não foi ativo ao extrato etanólico. Para o grupo dos microrganismos Gram-negativos representados por Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e Serratia marcescens, nenhum deles foi inibido pelo extrato testado, sendo o maior número de inibições para os germes Gram-positivos. A M. smegmatis, representante do grupo álcool ácido resistentes também não foi inibido pelo extrato em ação. A Candida albicans que é uma levedura não teve ação antimicrobiana. Foram considerados satisfatórios halos maiores ou iguais a 10 mm de diametro (AWADH at al, 2001). Pseudomonas aeruginosa, Serratia marcescens e Escherichia coli todos Gram-negativos e Candida albicans (levedura) não foram inibidos pelo extrato. O extrato de Alpinia purpurata foi efetivo para os quatro microrganismos Gram-positivos testados sendo possível verificar que o solvente polar conseguiu extrair princípios ativos antimicrobianos. Comparando os resultados do extrato etanólico de Alpinia purpurata com os da droga padrão kanamicina foi possível observar que para Micrococcus luteus o extrato formou halo classificado como intermediário em relação a este antibiótico.
CONCLUSÕES: O extrato das brácteas da inflorescência formou halos variando de 11mm a 16mm de diâmetro, sendo Micrococcus luteus o microrganismo mais sensível com halo de 16mm. Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis se apresentaram mais resistentes, ambos com halos de 11mm. Não houve inibição para os germes Gram-negativos e a levedura Candida albicans à concentração de 2000µg/disco Foram considerados satisfatórios os halos maiores ou iguais a 10 mm (AWADH at al, 2001. Estes resultados são considerados inéditos para as flores da Alpinia purturata, pois a literatura não relatos outros estudos na área.
AGRADECIMENTOS: Ao Departamento de Antibióticos da UFPE pela oportunidade de realizar este estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA:
AWADH ALI, N. A. , JULICH, W.D., KUSNISCK, C., LINDEQUIST, U. 2001. Journal of ethnophamacology 74 -173.
BAUER, A. W., KIRBY, W. M. M., SHEVIS, J. C., & TRUCK, M. 1966. Antibiotic susceptibily testing by standardized single disc method. Amer. J. Clin. Pathol., 45, 493-496.
KEPLER, A. K., MAU, J. R. 1996. Exotic tropicals of Hawaii: heliconias, gingers, anthuriums and decorative foliage. 15.ed. Hawaii: Mutual Publishing. 47-48
WOOD, T. 1995. Ornamental zingiberacea. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, 1, 1, 12-13.