ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO FRUTO DE Hyptis pectinata (L.) POIT.

AUTORES: SILVA, C. C. (UFPE) ; ARAÚJO, R. O (UFPE) ; SENA, K. X. F. R. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C. (UFPE)

RESUMO: O uso de plantas medicinais tem aumentado mundialmente devido as suas notáveis diversificações. O extrato etanólico do fruto da Hyptis pectinata (L.) foi investigado para avaliação de sua atividade antimicrobiana. A planta é nativa da região do munícipio de São Bento do Una, interior do Estado de Pernambuco, e já é utilizada na medicina popular em tratamentos de doenças. Para a verificação do potencial antimicrobiano foi empregado o método qualitativo do teste de difusão em disco de papel, à concentração 2000µg frente às bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, álcool-ácido-resistentes e levedura Candida albicans. O extrato etanólico da planta investigada apresentou atividades antimicrobianas para algumas bactérias Gram-positivas, a representante álcool-ácido-resistente e para a levedura.

PALAVRAS CHAVES: hyptis pectinata; atividades antimicrobianas; plantas medicinais.

INTRODUÇÃO: Desde tempos remotos o conhecimento sobre as plantas medicinais tem sido importante para o desenvolvimento das várias civilizações, estreitando relação existente entre o homem e as plantas consideradas curativas (GOTTLIEB, 1993). Há secúlos as propriedades antimicrobianas de substâncias presentes em extratos obtidos de plantas a partir do seu metabolismo secundário são reconhecidas pelo o uso popular e hoje se busca comprovar cientificamente essas atividades (MARTINEZ et al., 1996). Neste trabalho nos detemos em analizar os extratos de H. pectinata (L.) Poit com o intuito de verificar possíveis potenciais de atividades antimicrobianas. Essa espécie pertence ao gênero Hyptis que está incluído na família Lamiaceae. Essa família possui cerca de 250 gêneros e 6970 espécies (JUDD et al., 1999), de distribuição cosmopolita, mas centrada, principalmente, na região mediterrânea (BORDIGNON, 1990). O gênero Hyptis é composto por ervas e arbustos. Possui cerca de 350 espécies, distribuídas desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina. No Brasil se concentram principalmente nos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás (BORDIGNON, 1990). A espécie Hyptis pectinata (L.) Poit é conhecida vulgarmente por sambacaitá tem uma ampla utilização na região nordeste com diversos usos: nos distúrbios gástricos; cicatrização de feridas; inflamação; infecções fúngicas e bacterianas; além de apresentar atividade antiedematogênica e antinociceptiva (BISPO et al., 2001). A Hyptis. pectinata é uma erva ou subarbusto, ereto, medindo 1-2 metros de altura; caule e ramos quadrangulares, cinza-esverdeados. Folhas opostas, com lâmina de 1,0-2,5 x 0,8-1,6 cm. As Flores são curto-pediceladas, com 1,0 mm comprimento. O Fruto possui 1,0 mm, esquizocárpico, separando-se em quatro núculas (BASÍLIO et al., 2006).

MATERIAL E MÉTODOS: Os materiais analisados foram extratos etanólicos obtidos de frutos de Hyptis pectinata (L.) Poit. O material foi coletado e levado para secar a temperatura ambiente. Em seguida pesadas e extraídas com etanol três vezes consecutivas. O solvente foi evaporado e o extrato foi seco e pesado para ser submetido aos testes para a verificação da atividade antimicrobiana. Para essa atividade foram usados 50 miligramas do extrato etanólico bruto, completamente seco e deixado em dessecador à vácuo durante o período de 48 horas. Foram utilizadas bactérias Gram-positivas: Staphylococcus aureus (UFPEDA 01), Micrococcus luteus (UFPEDA 06), Bacillus subtilis (UFPEDA 16) e Enterococcus faecalis (UFPEDA 138); Gram-negativas: Escherichia coli (UFPEDA 224), Serratia marcescens (UFPEDA 398) e Pseudomonas aeruginosa (UFPEDA 39); álcool-ácido-resistente: Mycobacterium smegmatis (UFPEDA 71) e a levedura Candida albicans (UFPEDA 1007), obtidas da Coleção de Microrganismos do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O extrato de frutos de Hyptis pectinata foi avaliada pelo método de difusão em disco de papel (BAUER et al., 1966). Discos de 6 mm de diâmetro foram impregnados com 10 µL do extrato de modo que cada disco ficou na concentração de 2000µg. Os discos foram colocados sobre a superfície do meio semeado com as suspensões microbianas padronizadas de acordo com a turvação equivalente ao tubo 0,5 da escala de McFarland em placas de Petri. As placas foram incubadas a 35 ˚C, após este período foi realizada a leitura dos resultados, pela medição do diâmetro do halo de inibição formado em volta do disco. Os testes foram realizados em triplicatas e os resultados expressos pela média aritmética dos diâmetros dos halos de inibição em mm e calculado o desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato etanólico dos frutos de Hyptis pectinata (L.) Poit foi totalmente evaporado de forma a não apresentar vestígios de água. A quantidade de material retirado para submeter aos testes antimicrobianos qualitativos em discos foi 50 miligramas. O extrato etanólico apresentou resultados dentro de 24 h para os seguintes microrganismos: Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, Enterococcus faecalis todos Gram-positivos. Os microrganismos álcool ácido resistente apresentou resultado para Mycobacterium smegmatis. O extrato também apresentou resultados para a levedura Candida albicans com um índice de inibição de 20 mm considerados muito satisfatórios. Em relação aos microrganismos Gram-negativos, estes não foram inibidos pelo respectivo extrato. Os halos apresentados para os representantes do grupo Gram-positivo foram: para Micrococcus luteus (16 mm), Bacillus subtilis (15 mm) e Enterococcus faecalis (19 mm); para os microrganismos álcool ácido resistente: Mycobacterium smegmatis (16 mm); Estes resultados foram muito bons, pois segundo AWADH at al (2001) são considerados satisfatórios halos maiores ou iguais a 10 mm de diâmetro. Entre os nove microrganismos testados, o extrato etanólico inibiu o crescimento de cinco deles com halos que variaram de 15 a 20 mm de diâmetro, sendo a levedura Candida albicans o microrganismo mais sensível (halo de inibição de 20 mm de diâmetro). De modo que o extrato apresenta atividade para Gram-positivo, álcool ácido resistente e levedura. Com esses resultados foi concluído que os extratos etanólicos do fruto de Hyptis pectinata é o grande responsável pela retirada dos componentes químicos capazes de inibir microrganismos Gram-positivos, álcool ácido resistentes, e a levedura, tendo sido extraído princípios ativos antibacteriano e antifúngico.

CONCLUSÕES: O extrato etanólico dos frutos de Hyptis pectinata (L.) Poit apresentou como resultado atividade muito satisfatória para alguns microrganismos Gram-positivos; para o representante do grupo álcool ácido resistente, o Mycobacterium smegmatis; e para a levedura Candida albicans. Os microrganismos Gram-negativos não foram inibidos pelo extrato alcoólico dessa planta. Em suma a planta possui uma boa ação antimicrobiana. Diante do amplo uso popular das plantas medicinais é importante saber seus possíveis efeitos com respaldo científico a fim de estabelecer seu uso correto como medicamentos naturais.

AGRADECIMENTOS: Aos laboratórios de Microbiologia e de Produtos Naturais e Sintéticos do Departamento de Antibióticos da UFPE pela oportunidade em realizar estes trabalhos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AWADH ALI, N. A;. JULICH, W.D., KUSNISCK, C., LINDEQUIST, U. 2001. Journal of ethnophamacology 74 -173.

BASÍLIO, I. J. L. D.; AGRA, M. F.; ROCHA, E. A.; LEAL, C. K. A.; ABRANTES, H. F. 2006. Estudo Farmacobotânico Comparativo das Folhas de Hyptis pectinata (L.) Poit. e Hyptis suaveolens (L.) Poit. (Lamiaceae). Acta Farm. Bonaerense 25 (4): 518-25.
BAUER, A. W.; KIRBY, W. M. M.; SHEVIS, J. C.; & TURCK, M. 1966. Antibiotic susceptibily testing by a standardized single disc method. Amer. J. Clin. Pathol., v. 45, p. 493-496.
BISPO,M. D.; MOURÃO, R. H. V.; FRANZOTTI, E. M. ; BOMFIM, K. B. R.; ARRIGONI-BLANK, M. F.; MORENO, M. P. N.; MARCHIORO, M.; ANTONIOLLI, A. R. 2001. Antinociceptive and antiedematogenic effects of the aqueous extract of Hyptis pectinata leaves in experimental animals. Journal of Ethnopharmacology, 76, 1, 81-86.

BORDIGNON, S. A. L. 1990. O Gênero Hyptis Jacq. (Labiatae) no Rio Grande do Sul. Tese de Mestrado, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 123.

GOTTLIEB, O. 1993. Das plantas medicinais aos fármacos naturais. Ciência hoje, v. 15, 89, 51-55.

JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOGG, E. A.; STEVENS, P. F. 1999. Plant Systematics. A phylogenetic approach. Inglaterra, Sinauer Associates Inc. 383-385.

MARTÍNEZ, M. I.; BETANOURT, J.; ALONSO-GONZÁLEZ, N.; JAVREGUI, A. 1996. Secreening of some cubn Medicinal Plants for antimicrobial activity. Journal of Etnopharmcology, 53, 171-174.