ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA CASCA DA. Pithecelobium diversifolium BENTH (FABACEAE)
AUTORES: AQUINO, V. C. L. (UFPE; FMN) ; SANTOS, S. M. (UFPE) ; ARAUJO, R. O. (UFPE) ; SENA, K. X. F. R. (UFPE) ; ALBUQUERUE, J. F. C. (UFPE)
RESUMO: Pithecelobium diversifolium é uma espécie endêmica da caatinga usada na medicina popular em tratamentos de algumas doenças. É conhecida por carcarazeiro, carcará ou jurema branca é usada na medicina popular no combate a dores reumáticas e resfriados. É uma árvore que tem sementes em vagens de coloração marrom, com flores brancas e amarelas de odor agradável. Apresenta pequenos espinhos no entorno dos seus galhos, as folhas são pequenas do tipo compostas. O extrato etanólico seco foi submetido à avaliação da atividade antimicrobiana, utilizando o método de difusão em disco de papel, frente às bactérias Gram-positivas; Gram-negativas; álcool-ácido-resistente e levedura. A planta apresentou atividade para alguns microrganismos, exceto para levedura e os microrganismos álcool-ácido resistente.
PALAVRAS CHAVES: pithecelobium diversifolium; carcará. jurema
INTRODUÇÃO: A caatinga é um dos biomas brasileiros restritos ao domínio do clima semi-árido no Nordeste (Andrade-Lima, 1981) a qual foi menos estudada e que também teve pouca proteção das unidades de conservação e proteção do meio ambiente entre as diferentes regiões fitogeográficas do Brasil (Leal et al. 2003). Estar caracterizada pelas formações arbóreo-arbustivas densa, podendo ser encontrada com formas retorcida e de baixa estatura, de aspecto seco, com folhas pequenas e caducas, raízes grossas e penetrantes sendo bem desenvolvidas (Fernandes, 1998). Dentre as diversidades de famílias presentes na caatinga a que mais vem a se destacar é a Leguminosae por ter uma distribuição cosmopolita, na qual vem ocupando diferentes tipos de ambientes (Lewis et al. 2005). Neste bioma é a família de plantas que apresenta maior diversidade com cerca de 300 espécies, das quais 144 são endêmicas (Queiroz 2002; 2006a; 2006b). Essa planta é conhecida popularmente por carcarazeiro, carcará ou jurema branca é usa na medicina popular no combate a dores reumáticas e resfriados. È uma arvore que tem sementes em vagem de coloração marrom, com flores brancas e amarelas de odor agradável e apresenta pequenos espinhos entorno dos galhos as folhas são pequenas do tipo composta. Foi coletado em Guarani distrito de Terra Nova Pernambuco próximo a BR 232. Além de ser descrita como a maior família do grupo que compõe as Angiospermas. Em virtude da importância dos vegetais, e por serem portadores de excelentes fontes de novas drogas e pela gama da diversidade molecular, a indústria farmacêutica atual tem se preocupado no estudo das plantas medicinais para servirem de apoio à síntese química de novas moléculas. Assim, foi escolhida a espécie Pithecelobium diversifolium para ser submetida à análise antimicrobiana.
MATERIAL E MÉTODOS: Pithecelobium diversifolium Benth conhecida como jurema branca teve suas cascas coletadas próximo ao distrito de Guarani na cidade de Terra Nova, próximo a BR 232, no estado de Pernambuco com a finalidade de estudar a atividade antimicrobiana dessa espécie. As cascas da planta Pithecelobium diversifolium Benth foram coletadas e secas durante um período de 14 dias à temperatura ambiente, longe de predadores, sol, ventos e chuvas. Logo após a secagem foram pesadas, moídas em moinho elétrico e extraídas com etanol três vezes consecutivas. O solvente foi evaporado, pesado, retirado 50 miligramas e submetido ao teste para determinação da sua atividade antimicrobiana. Para esse procedimento foram testados contra nove microrganismos de diferentes classes: Gram-positivos: S. aureus, M. luteus, B. subtilis, e E. faecalis; Gram-negativos: P. aeruginosa, E. coli, e S. Marcences, e a levedura C. albicans. A atividade antimicrobiana foi avaliada qualitativamente pelo método convencional de difusão em disco de papel. Discos de 6 mm de diâmetros foram impregnados com 10 µL/mL de uma solução do produto à concentração de 200 000 µg/mL onde a concentração por disco ficou a 2000 µg. Os discos foram colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton, semeados com os microrganismos-teste os quais foram suspensos previamente em soro fisiológico até turbidez de 0,5 da escala McFarland. Como controle foi usado DMSO e como droga padrão a kanamicina (30 µg) e o cetoconazol (30 µg). As placas foram incubadas a 37 °C durante 24 horas (bactéria) e 30 °C durante 24-48 horas (leveduras). Os testes foram realizados em triplicatas e os resultados, expressos em mm foram calculados pela média aritmética do diâmetro dos halos de inibição formado ao redor dos discos nas três repetições (BAUER et al, 1966).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Esse estudo foi determinado apenas para o extrato total etanólico, pois, os componentes apolares não foram retirados previamente por extração com hexano. O extrato avaliado foi o etanólico sendo que extraído várias vezes consecutivas até total esgotamento. O extrato seco foi evaporado e levado à estufa a 37ºC durante um dia. A quantidade de material retirado do extrato etanólico foi 1,5% isto é, levando em conta o peso do material seco inicial. O extrato etanólico da casca dessa planta apresentou interessantes resultados para os seguintes microrganismos: A quantidade do material extraído da Pithecelobium diversifolium que foi submetido aos testes antimicrobianos qualitativos em discos foi 0,050mg . O extrato etanólico da casca apresentou resultados para os seguintes microrganismos: Gram-positivos Staphylococcus aureus (17 mm) e Enterococcus faecalis (14 mm); Bacillus subtilis (14 mm); Gram-negativo: Pseudomonas aeruginosa (9mm), e Serratia marcescens (9 mm). Os microrganismos álcool ácido resistente e a levedura Candida albicans e o Gram-negativo Pseudomonas aeruginosa não foram inibidos pelo respectivo extrato. Entre os nove microrganismos testados o extrato etanólico inibiu o crescimento de apenas cinco deles, havendo um bom destaque para os microrganismo Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis com halos que variaram de 14 a 17 mm. Segundo Awadh at al (2001) são considerados satisfatórios halos maiores ou iguais a 10mm. De acordo com os critérios adotados por este autor o extrato etanólico de Pithecelobium diversifolium (carcará) formou halos de inibição satisfatórios frente a Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis, todos microrganismos Gram-positivos, o entanto não foi efetivo para os Gram- negativos analisados.
CONCLUSÕES: O teste realizado com o extrato etanólico da casca da Pithecelobium diversifolium (carcará) apresentou resultados significativos na inibição de alguns microrganismos Gram-positivos testados (Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis e Bacillus subtilis). Não foram efetivos para os Gram-negativos (Pseudomona aeruginosa, Escherichia coli, e Serratia Marcences bem como para a levedura Candida albicans e o microrganismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis. Esse estudo conclui que esta planta tem resultados promissores, os halos foram satisfatórios para microrganismos Gram-positivos.
AGRADECIMENTOS: Ao laboratório de Produtos Naturais e Sintéticos (LPNS)pelo estágio concedido e aos setor de Microbiologia do Departamento de Antibióticos da UFPE pelos testes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AWADH ALI, N. A., JULICH, W.D., KUSNISCK, C., LINDEQUIST, U. 2001, Journal of ethnophamacology 74 -173.
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