ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DA RAIZ DA Geoffroea spinosa JACQ (FABACEAE).
AUTORES: AQUINO, V. C L. (UFPE; FNM) ; SANTOS, S. M. (UFPE) ; SIQUEIRA, S. L. (UFPE) ; ARAUJO, R. O. (UFPE) ; SENA, K. X. F. R. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C (UFPE)
RESUMO: Entre as espécies existentes na caatinga a Geoffroea spinosa Jacq, é conhecida pelo nome de marizeira umari e mari. Seu chá é usado pela população como antidiarréico e abortivo. É encontrada no Nordeste do Brasil, vale do São Francisco pantanal Mato-grossense, Argentina e Paraguai. Para o estudo antimicrobiano foi usado o extrato hexânico da raiz e submetido ao teste qualitativo de difusão em disco de papel, à concentração de 2000 µg/disco frente às bactérias: Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, e Enterococcus faecalis; Escherichia coli, Serratia marcescens e Pseudomonas aeruginosa; Mycobacterium smegmatis e a levedura Candida albicans. O extrato da Geoffroea spinosa apresentou atividade para alguns microrganismos Gram-positivos e para a levedura Candida albicans.
PALAVRAS CHAVES: geoffroea spinosa; umari, mari
INTRODUÇÃO: A etinobotânica tem o objetivo de destacar o resgate tradicional do uso de plantas medicinais no combate de doenças. A caatinga é um dos biomas mais ameaçado de extinção devido ao uso de derrubada de suas plantas para os mais diversos usos principalmente queimadas para carvão estacas entre outros. Poucos são os estudos realizados no semi-árido nordestino, seja botânico ou farmacológico. (ALBUQUERQUE & ANDRADE, 2002). Geoffroea spinosa JACQ, é conhecida popularmente como umari, mari ou marizeira, seu nome vem de origem indígena. A raiz foi coletada em Guarani distrito de Terra Nova em Pernambuco próximo a BR 232. Também é encontrada além do Nordeste do Brasil e vale do rio São Francisco e várzeas alagadas, mais também no pantanal Mato-grossense, Argentina e atingindo o Paraguai (LORENZI 2009). É uma árvore de grande porte, com caule e ramos cheios de pequenos espinhos, suas folhas são do tipo composta, utilizadas como alimento para o gado na época da seca do sertão de Pernambuco. O chá das folhas da Geoffroea spinosa é usado pela população sertaneja como antidiarréico. Também é usado no controle hormonal tendo seu efeito como emenagogo. Os frutos têm sabor um pouco amargos, são ingeridos cozidos ou em forma de mingau. Por ocasião da seca serve de alimento para população do sertão. Os nativos têm o hábito de agregá-lo a sua alimentação mesmo em tempos normais. Seu fruto é composto de apenas uma pequena semente. Na ornamentação urbana encanta pelas suas flores pequenas e amareladas com um odor intenso; sua madeira serve para lenha e carvão também para fabricação de móveis por ser pesada e bastante resistente (LORENZI 1998). Tendo em vista sua importância na etnobotânica, foi realizado a analise antimicrobiana da raiz, com a finalidade incluí-la entre aquelas já conhecidas.
MATERIAL E MÉTODOS: As raízes foram colhidas, acondicionadas em sacos de tecido e encaminhadas à sala de secagem à temperatura ambiente, protegidas de vento, chuva e sol. Após secagem o material foi triturado e pesado apresentando um rendimento de 80g. Em seguida foi extraído com hexano três vezes consecutivas sob agitação mecânica por duas horas para cada seqüência de agitação. Passado esse tempo, foi filtrado em bomba a vácuo até esgotamento de todo o solvente usado. O extrato foi colocado para secar em evaporador rotatório à temperatura ambiente compreendendo entre 35-40 ºC, O solvente depois de evaporado foi pesado e guardado completamente fechado em geladeira de onde foram retiradas 50 miligramas para ser submetido à testes de determinação da atividade antimicrobiana. Foram testados nove microrganismos de diferentes classes a saber: Gram-positivos S. aureus, M. luteus, B.subtilis, e E. faecalis; Gram-negativos P. aeruginosa, E. coli, e S. marcescens; microrganismo álcool ácido resistente M. smegmatis, e a levedura C. albicans. A atividade antimicrobiana do extrato foi avaliada qualitativamente pelo método convencional de difusão em disco de papel (BAUER et al, 1966). Discos de 6 mm de diâmetros foram impregnados com 10 µL de soluções à concentração de 2000 µg/disco. Os discos foram colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton, semeados com os microrganismos-teste e suspensos previamente em soro fisiológico até turbidez de 0,5 da escala McFarland. Foram usados como controle DMSO, e como droga padrão Kanamicina (30 µg) e cetoconazol (300 µg). As placas foram incubadas a 37 °C durante o período de 24 horas (bactérias) e para leveduras. 30 °C durante 24-48 horas Após o período de incubação foi realizada as leituras, em milímetros, dos halos de inibição formados em volta dos discos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato hexânico rendeu 125 gramas, em relação ao material inicial seco, isto correspondeu às três extrações consecutivas até esgotamento de quase totalidade dos componentes químicos existentes na raíz. Desse material foram pesadas 0,050 gramas e determinada a atividade antimicrobiana. O extrato hexânico da Geoffroea spinosa apresentou resultados para os microrganismos: Gram-positivos Staphylococcus aureus 15 mm, Bacillus subtilis 12 mm, todos Gram-positivos e a levedura Candida albicans (14 mm). Apenas estes microrganismos foram inibidos pelo extrato hexano da raiz de Geoffroea spinosa. Foram considerados satisfatórios halos maiores ou iguais a 10 mm (AWADH at al, 2001). Os halos formados frente aos representantes do grupo Gram-positivos foram considerados bons como também para a levedura Candida albicans. Os microrganismos Gram-negativos e álcool ácido resistente não foram inibidos pelo respectivo extrato. Entre os nove microrganismos testados o extrato hexânico inibiu o crescimento de apenas três deles. O extrato foi considerado inativo para todos os microrganismos Gram-negativos: Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, Serratia marcescens e o álcool ácido resistente a Mycobacterium smegmatis. Considerando o extrato hexânico testado foi possível verificar os resultados da extração com esse solvente apolar. Foi observado que inibiu o crescimento de três cepas teste, dentro das classes de microrganismos usados sendo considerável satisfatório o índice de inibição para aquelas cepas. Entre as propriedades biológicas testadas a literatura não havia indicado ainda nenhum estudo referente à essa atividade, isto significa que para a planta Geoffroea spinosa não havia ainda indícios nenhum na medicina popular referente à cura de alguma doença proveniente de microrganismos.
CONCLUSÕES: O extrato etanólico da Geoffroea spinosa possui substâncias ativas, principalmente para as bactérias Gram-positivas, e para a levedura Candida albicans. Não apresentando inibição para os micro-organismos Gram-negativos testados, nem para o álcool-ácido resistente avaliado. Baseado nesse estudo torna-se possível afirmar que a Geoffroea spinosa apresenta boa inibição para germes Gram-positivos e para Candida albicans representante do grupo das leveduras, portanto, a população brasileira, princialmente a de baixa renda ganha mais um aliado no combate a infecções causadas por estes microrganismos.
AGRADECIMENTOS: Ao laboratório de Produtos Naturais e Sintéticos do Departamento de Antibióticos da Univeridade Federal de Pernmbuco pelo estágio concedido
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AWADH ALI, N. A. , JULICH, W.D., KUSNISCK, C., LINDEQUIST, U. 2001, Journal of ethnophamacology 74 -173.
Albuquerque, U.P. & Andrade, L.H.C. 2002a. Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 16(3): 273-285.
BAUER, A. W., KIRBY, W. M. M., SHEVIS, J. C., & TURCK, M. 1966, Antibiotic susceptibily testing by a standardized single disc method. Amer. J. Clin. Pathol., v. 45, p. 493-496.
LORENZI, H. 1998, Árvores brasileiras: manual de indentificação de plantas arbóreas do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum,. 201.
LORENZI, H. 2009, Árvores Brasileiras, v. 2, 3ª Ed. Instituto Plantarum, S.P. 384.