ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: INFLUÊNCIA DE FATORES EDAFOCLIMÁTICOS SOBRE PARÂMETROS DE CONTROLE DE QUALIDADE DA CASCA DO CAULE DE Caesalpinia ferrea (MARTIUS) VAR. FERREA
AUTORES: COSTA, L. M. (UFAM) ; LINHARES, C. C. P. (UFAM) ; GUILHON-SIMPLICIO, F. (UFAM) ; COUTO, M. D. (UFAM) ; DE SOUZA, T. P. (UFAM)
RESUMO: Este trabalho visa contribuir para o estabelecimento de parâmetros físico-químicos para o controle de qualidade da casca do caule de Caesalpinea ferrea. Para tanto, foram utilizadas metodologias farmacopéicas e de códigos oficiais para a análise da perda por dessecação, do teor de cinzas totais, do teor de extrativos e do teor de taninos totais de quatro amostras de casca do caule de C. ferrea coletadas em diferentes períodos do ano e localidades de Manaus. A perda por dessecação das amostras estudadas encontrava-se no intervalo preconizado pela Farmacopéia Brasileira. Os demais parâmetros apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre as amostras estudadas, mostrando que variações edafoclimáticas influenciam nas características físico-químicas desta espécie.
PALAVRAS CHAVES: caesalpinia ferrea, cascas do caule, caracterização físico-química
INTRODUÇÃO: Caesalpinia ferrea, popularmente jucá ou pau-ferro, é uma árvore nativa do Brasil, mas cultivada em diversas partes do mundo. Na Amazônia brasileira tem registro de ocorrência nos Estados do Pará, Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá (OLIVEIRA et al., 2010; SOUZA et al., 2007). A espécie é uma das 61 plantas da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS) e está inserida também no Formulário Nacional de Fitoterápicos (FNF). Dentre os seus principais constituintes químicos destacam-se: flavonoides, saponinas, taninos, cumarinas, esteroides e compostos fenólicos (SILVA, 2008). Estudos farmacológicos realizados com as cascas do caule demonstraram atividades antimicrobiana, hipotensora e vasodilatadora, além de potente atividade inibitória da topoisomerase II humana e da proliferação celular (MENEZES et al., 2007; NOZAKI et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2010; PEREIRA et al., 2006). Devido à importância terapêutica de C. ferrea, reforçada pela sua incorporação no RENISUS e no FNF e, considerando a deficiência de parâmetros de controle de qualidade da matéria-prima vegetal e produtos derivados da referida espécie na literatura, o presente trabalho realizou a caracterização físico-química de diferentes amostras da casca do caule dessa espécie coletadas no Estado do Amazonas, por meio de métodos farmacopéicos e de códigos oficiais, visando contribuir para o estabelecimento de parâmetros para o controle de qualidade das cascas do caule de C. ferrea além de observar a influência de fatores edafoclimáticos sobre esses parâmetros.
MATERIAL E MÉTODOS: Cascas do caule de C. ferrea foram coletadas em diferentes épocas (lote 1/dezembro de 2010; lote 2/janeiro de 2011; lote 3/janeiro de 2011 e lote 4/maio de 2010) e em três localidades de Manaus. Tais amostras originaram quatro lotes distintos sendo que o lote 2 e o lote 4 foram coletados no mesmo local, porém em épocas diferentes. A identificação taxonômica de C. ferrea foi realizada por botânicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). O material vegetal foi deixado à temperatura ambiente por 48 horas, em seguida foi levado à estufa com circulação de ar a temperatura de 45 ± 2 ºC por sete dias. Após secagem, os diferentes lotes foram submetidos à moagem em moinhos de facas, obtendo-se as respectivas matérias-primas vegetais pulverizadas. A caracterização físico-química das amostras de casca do caule de C. ferrea constituiu-se das seguintes análises, realizadas em triplicata: teor de extrativos por decocção (BUNDESVEREINIGUNG, 1986), determinação perda por dessecação (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988), teor de cinzas totais (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988), e análise do teor de taninos totais (HARTKE & MUTSCHLER, 1987; MARTINS, 1998; SOARES et al., 2006). Os valores médios foram comparados por análise de variância através da aplicação do Teste de Tukey com nível de significância de p < 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados da caracterização físico-química das amostras de casca do caule de C. ferrea encontram-se sumarizados na Tabela 1.
A perda por dessecação, indicativo do teor de material volátil do vegetal, apresentadas pelas amostras encontram-se dentro dos limites preconizados na Farmacopéia Brasileira (8 a 14% de umidade) (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1977). No entanto, o lote 4 apresentou uma diferença estatisticamente significativa quando comparo aos demais lotes.
O teor de cinzas totais, indicativo da presença de material inorgânico não volátil na amostra, apresentado por todas as amostras demonstra que o caule de C. ferrea contém uma quantidade considerável de cinzas totais, o que pode ser explicado pela presença de sais inorgânicos no material vegetal (FRASSON, BITTENCOURT & HEINZMANN, 2003).
O rendimento extrativo para todas as amostras foi satisfatório demonstrando assim que a infusão mostrou ser um bom método extrativo para a droga vegetal, uma vez que todas as amostras apresentaram teor de extrativos em nível satisfatório.
Na determinação de taninos totais foram obtidos altos teores, acima de valores descritos na literatura cujas concentrações citadas são de no máximo 9,2% (FRASSON, BITTENCOURT & HEINZMANN, 2003). Nos resultados obtidos observa-se que todos os lotes foram estatisticamente diferentes entre si, ratificando a influência das condições de plantio sobre o conteúdo químico e sua significativa influência sobre os parâmetros físico-químicos desta espécie vegetal.
CONCLUSÕES: Esse trabalho estabelece parâmetros físico-químicos de controle de qualidade da casca do caule de Caesalpinea ferrea cultivada na região amazônica. Os resultados mostram que pequenas variações nas condições edafoclimáticas do local de cultivo interferem significativamente nas características físico-químicas dessa droga vegetal. Sendo assim, faz-se necessário o monitoramento dos seus parâmetros físico-químicos nas diferentes regiões de ocorrência para que seja possível estabelecer parâmetros farmacopéicos confiáveis para essa espécie.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a CAPES pelo financiamento e ao pesquisador Dr. Luiz Augusto pelas amostras de cascas do caule de C. ferrea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BUNDESVEREINIGUNG. 1986. Deutscher Apothekerverbände (Hrgsb.). Deutscher Arzneimittel-Codex. Frankfurt: Govi, Stuttgart: Deutscher Apotheker. v. 1. Codex- Probe 4.
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