ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: INVESTIGAÇÃO QUÍMICA EM MESOCARPO DE BABAÇU (Orbignya phalerata, ARECACEAE)
AUTORES: LIMA, M. P. (INPA) ; GOMES, R. F. (INPA, IFAM) ; RIBEIRO, M. N. S. (UFMA) ; HAYASIDA, W. (INPA)
RESUMO: O babaçu (Orbignya phalerata Mart,) é uma palmeira amplamente distribuída no Maranhão onde o mesocarpo é usado na medicina popular e como suplemento alimentar, no entanto há carência de estudos químicos. Assim, o presente trabalho teve como objetivo o estudo fitoquímico do mesocarpo. No extrato hexânico predominou o beta-sitosterol. O extrato MeOH foi particionado, a fase DCM fracionada em coluna de sílica gel, forneceu o beta-sitosterol. A filtração do extrato aquoso (liofilizado) em celulose forneceu as frações 15-18 que em CCF apresentaram coloração avermelhada sugerindo antocianinas. Na análise em CCF (eluição em BAW), essas frações foram comparadas com pigmentos extraídos da acerola e açaí, evidenciando semelhança com o principal pigmento da acerola (cianidina 3-ramnosídeo).
PALAVRAS CHAVES: babaçu, antocianina, esteróide
INTRODUÇÃO: A espécie Orbignya phalerata Mart.,[sin. Orbignya martiana Barb. Rodr.], família Arecaceae é conhecida popularmente como babaçu, uma palmeira nativa encontrada nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. A maior ocorrência é registrada no Nordeste principalmente no Estado do Maranhão (Bezerra 1995). A ocorrência natural de babaçu no Amazonas é registrada em diversos municípios, no entanto existem poucos dados de exploração dessa cultura (Gonçalves e Freitas 1955). A palmeira de babaçu chega a alcançar 20 metros de altura, aproveitando-se diversas partes vegetativas. O mesocarpo é utilizado na medicina popular para várias doenças e como suplemento alimentar. Gaitan e Colaboradores (1994) relataram seu uso como suplemento alimentar pela presença de carboidratos e sais minerais. Estudos farmacológicos têm mostrado efeito dos extratos como antitrombótico (Azevedo et al. 2007), cicatrizante (Batista et al. 2006) e antimicrobiano (Caetano et al. 2002). Embora o uso intenso do mesocarpo e os registros do seu potencial farmacológico, existe uma carência de estudos químicos. Assim, o presente trabalho teve como objetivo o estudo fitoquímico para conhecimento dos seus princípios ativos.
MATERIAL E MÉTODOS: A amostra comercial recém processada de farinha do mesocarpo foi adquirida em São Luis-MA na Cooperativa COOPAESP, em setembro de 2010. Para a preparação dos extratos, 980 g de amostra foi submetida à maceração em hexano, seguido por metanol (7 dias em cada solvente), finalizando com água (maceração em ambiente refrigerado. Os extratos orgânicos foram obtidos após evaporação do solvente, e o aquoso por liofilização. O teor extrativo foi efetuado com base na seguinte fórmula: massa do extrato (g) x 100/massa do material vegetal seco (g).
O extrato hexânico (0,258 g) apresentou precipitado branco e foi analisado em CCF com padrão de beta-sitosterol. O extrato metanólico (3,237 g), foi submetido à partição líquido-líquido gerando as fases de hexano (0,20 g), DCM (0,12 g) e AcOEt (1,09 g). O fracionamento da fase DCM em coluna de sílica gel (70-230 mesh), eluída em DCM, DCM:AcOEt (98:2-1:1), AcOEt, forneceu o isolamento de beta-sitosterol. O extrato aquoso (2,92g), após liofilizado foi submetido à filtração em coluna de celulose. As frações 15 e 16-18 (agrupadas) apresentaram-se com coloração avermelhada e foram então comparadas em CCF com pigmentos extraídos do açaí e acerola.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os rendimentos dos extratos metanólico (0,33%) e aquoso (0,30%) foram similares, o baixo rendimento do extrato hexânico (0,03%) foi indicativo da poucas substâncias apolares incluindo material graxo. Com base na análise em CCF, ficou evidenciada a predominância de beta-sitosterol nos extratos hexânico e na fase DCM. Este esteróide foi também encontrado na espécie amazônica Euterpe oleraceae (açaí), família Arecaceae (Galotta e Boaventura 2005), no entanto, este é o primeiro registro no babaçu Orbignya phalerata).
As frações 15 à 18 obtidas do extrato aquoso apresentaram coloração entre vermelho a castanho escuro sugerindo a presença de antocianinas. Devido à ausência de padrões dessas substâncias no laboratório, foi efetuada a extração em etanol de pigmentos avermelhados em amostras de frutos de açaí e acerola para comparação em CCF utilizando-se como eluente o BAW (nBuOH-HOAc-H2O; 4:2:1). Essas frações apresentam pigmentos semelhantes com o pigmento extraído da acerola. De acordo com Rosso et al. (2008), cianidina 3-ramnosídeo é o pigmento predominante (76-78%) da acerola.
CONCLUSÕES: No extrato hexânico do mesocarpo do babaçu identificou-se beta-sitosterol, nos extratos metanólicos e aquoso predominam substâncias de alta polaridade e de difícil isolamento. A coloração vermelha do extrato aquoso sugeriu a presença de antocianina.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq e FAPEAM pelo auxílio financeiro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Azevedo, A. P., Farias, J. C., Costa, G. C., Ferreira, S. C. C., Aragão-Filho, C. W., Sousa, P. R. A., Pinheiro, M. T., Maciel, M. C. G., Silva, L. A., Lopes, A. S., Barroqueiro, E. S. B., Borges, M. O. R., Guerra, R. N. M., Nascimento, F. R. F. Anti-thrombotic effect of chronic oral treatment with Orbignya phalerata Mart. J. Ethnopharmacol., 111, 1, 155-159, 2007.
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Bezerra, O. B. Localização de postos de coleta para apoio ao escoamento de produtos extrativistas – um estudo de caso aplicado ao babaçu. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina. 67 p, 1995.
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