ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO ANTIOXIDANTE DO CARDOL NO SISTEMA BETA-CAROTENO-LINOLÉICO.

AUTORES: MARTINS, M.D.S. (UECE) ; OLIVEIRA, M.S.C. (UECE) ; ALEXANDRINO, C.D. (RENORBIO) ; SOUZA, R.S. (UECE) ; LIMA, J R (UECE)

RESUMO: O cardol é um dos constituintes majoritários do líquido da casca da castanha de caju - LCC. Contem um sistema aromático similar ao orcinol e um longa cadeia carbônica insaturada na posição 5 do anel aromático. O cardol foi extraído do LCC a frio com hexano:acetato de etila e uma solução de hidróxido de amônio. Para avaliar sua capacidade antioxidante foi utilizada uma solução de beta-caroteno/ácido linoléico: preparada em um béquer protegido da luz com papel alumínio, onde pesou-se 20mg de beta-caroteno, seguindo a adição de 1 mL de clorofórmio, agitando e utilizando imediatamente. o cardol apresentou inibição da oxidação de 62,5% (Fig. 1) para uma concentração de 200 ppm, e em concentrações menores de 38,84%.

PALAVRAS CHAVES: cardol, antioxidante, betacaroteno

INTRODUÇÃO: Os processos oxidativos podem ser evitados através da modificação das condições ambientais ou pela utilização de substâncias antioxidantes com a propriedade de impedir ou diminuir o desencadeamento das reações oxidativas (ALLEN & HAMILTON, 1983). O LCC é a fonte mais rica de constituintes fenólicos de origem natural e entre seus constituintes encontra-se o cardol, que contendo um sistema aromático similar ao orcinol e um longa cadeia carbônica insaturada na posição 5 do anel aromático, despertam o interesse para sua utilização como substrato em síntese orgânica. Compostos contendo fragmentos benzopirânicos são largamente distribuídos na natureza. Eles apresentam diferentes atividades biológicas e são usados como versáteis intermediários na síntese de produtos naturais. Os lipídios fenólicos e derivados são definidos como produtos naturais não-isoprênicos, que apresentam em sua estrutura grupos aromáticos e alifáticos e exibem ambos os comportamentos, hidrofílico e lipofílico. Normalmente são caracterizados pela presença de grupo fenol ligado a uma cadeia alquílica com número ímpar de carbono. Ocorrem como fenóis simples ou derivados catecólicos, resorcinólicos ou hidroquinônicos sendo os resorcinólicos os mais abundantes na natureza. Além da variação em número e posição relativa dos grupos hidroxílicos no anel aromático, os lipídios fenólicos apresentam cadeias alquílicas com diferentes comprimentos, grau de insaturação e posição das ligações, RODRIGUES (2006). De modo geral, têm comprimento de cadeia lateral com um número ímpar de átomos de carbono, que varia de C15-C29.

MATERIAL E MÉTODOS: 1. Material vegetal

As castanhas de caju foram obtidas do banco de germoplasma da Estação Experimental da EMBRAPA – Agroindústria Tropical em Pacajus - CE. Foram utilizados clones CP 076 de Cajueiro-anão-precoce (Anacardium occidentale L.).

2. Extração e separação dos constituintes do LCC

O LCC foi extraído com hexano a partir das cascas das castanhas de caju, em aparelho de sohxlet. Os constituintes do LCC foram obtidos de acordo com a metodologia de PARAMASSHIVAPPA et al. (2001) como segue: 100g de LCC natural foi dissolvido em metanol como 5% de água e adicionam-se lentamente 50 g de hidróxido de cálcio. O precipitado formado de anacardato de cálcio foi filtrado e lavado com metanol e acondicionado a vácuo (45-50 ºC) por 2 h, suspendido em água destilada e HCl 11M , extraído com acetato de etila e seco com Na2SO4, depois evaporado obtendo-se o ácido anacárdico. Á solução metanólica foi adicionado licor amoniacal a 25% (200 mL) e agitado por 15 min. A solução obtida foi extraída com uma mistura de hexano/acetato de etila (98:2) (3 x 100 mL), e obtido o cardol.

3. SISTEMA β-CAROTENO-ÁCIDO LINOLÉICO
Em tubos de ensaio, misturar 0,4 mL do extrato com 5 mL da solução do sistema beta-caroteno / ácido linoléico). Homogeneizar os tubos de ensaio no agitador, mantendo em banho-maria à temperatura ambiente, o sistema foi lido a 715 nm num intervalo de 2-120 minutos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com DUARTE et al. (2006) trabalhando com frutas, a inibição da oxidação para o açaí foi de 72%. Os constituintes do líquido da castanha de caju (LCC) em trabalhos anteriores, realizados por OLIVEIRA et al (2010) foi verificado que todos os seus constituintes, ácido anacárdico, cardanol e cardol apresentaram boa atividade antioxidante, frente aos radicais livres testados, DPPH e ABTS. Neste teste usando o sistema BETA-caroteno/ácido linoléico foi verificado também atividade antioxidante considerável do cardol, pois o mecanismo proposto neste teste é de inibição da oxidação lipídica, então foi verificado que a uma concentração de 200 mg/mL o cardol apresentou inibição da oxidação de 62,5% (Fig. 1), em concentrações menores o resultado continuou pertinente, em concentração de 100 ppm a inibição da oxidação foi de 38,84% (Tab. 1), consideramos o resultado exelente, mesmo quando comparado com o controle o Trolox que em 200 mg/mL apresentou um percentual de inibição da oxidação de 91,67% e o BHT de 89,17%, pois estes são antioxidantes sintéticos, de conhecida eficácia. Para MELO et al. (2006) em uma pesquisa utilizando hortaliças comestíveis verificou que a inibição da oxidação para alface crespa foi de 75%. Em nosso trabalho utilizamos à substância pura, ou seja o cardol extraído do LCC, então podemos dizer que a castanha é uma semente altamente antioxidante pela presença desses componentes.







CONCLUSÕES: O cardol em testes com antioxidantes sintéticos apresentou resultadoesperado, no sistema betacaroteno/ácido linoléico o resultado foi pertinente. Evidenciando assim a eficácia do cardol frente a agentes oxidantes.

AGRADECIMENTOS: LPN - UECE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALLEN, J.C., HAMILTON, R.J. Rancidity in foods. London: Applied Science Publishers, 1983. 199 p.

DUARTE-ALMEIDA, Joaquim Maurício et al . Avaliação da atividade antioxidante utilizando sistema beta-caroteno/ácido linoléico e método de seqüestro de radicais DPPH•. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v. 26, n. 2, June 2006 .

MARCO, G. A rapid method for evaluation of antioxidants. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.45, p.594-598, 1968.

MILLER, H.E. A simplified method for the evaluation of antioxidant. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.48, p.91, 1971.

PARAMASHIVAPPA R.; PHANI KUMAR P.; VITHAYATHIL P.J.; SRINIVASA RAO A. (2001). Novel method for isolation of major phenolic constituints from cashew (Anacardium occidentale L.) nut shell liquid. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 49: 2548-2551.

RODRIGUES, F. H. A. (2006). Antioxidante de Derivados do Liquido da Castanha de Caju (LCC) sobre a Degradação Termooxidativa do Poli (1,4-cis-isopreno). Tese de Doutorado, Universidade Federal do Ceará, Brasil.