ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: CONSTITUÍNTES VOLÁTEIS DE PÓLEN DE APIS MELLIFERA DA REGIÃO DE BELA VISTA (Pi)

AUTORES: LUSTOSA, M.C.G. (UFPI) ; CITÓ, A.M.G.L. (UFPI) ; DE LIMA, S.G. (UFPI) ; LUZ, C.F.P. (IBOT-SP) ; LUSTOSA, R.G. (UFPI) ; MORAIS, E.M (UFPI)

RESUMO: Neste estudo realizou-se a análise palinológica, a extração por micro-hidrodestilação e
a identificação dos constituintes voláteis de pólen por CG/EM. Na análise palinológica
o pólen dominante foi o da espécie Machaerium com predominância de 95,09%. Foram
identificados monoterpenos, monoterpenoides, fenil propanoides e hidrocarbonetos,
destacou-se como majoritário o monoterpeno α-terpinoleno.

PALAVRAS CHAVES: pólen, micro-hidrodestilação, constituintes voláteis

INTRODUÇÃO: Os produtos apícolas são amplamente utilizados desde os primórdios na dieta e
medicina popular devido suas propriedades medicinais e nutricionais, portanto muitos
trabalhos são voltados para estudo da composição química destes produtos. O estado do
Piauí tem grande potencial apícola por possuir diversas formações vegetais (Caatinga,
Cerrado, Floresta semi-decidual, Restinga e Mangue) com boas características para
apicultura, entretanto a pouca informação sobre a flora apícola (SODRÉ et al., 2008).
As abelhas coletam grãos de pólen das flores armazenados na parte posterior de suas
patas (corbículas), que é o pão de abelha, uma mistura de pólen de flores com néctar
e secreções salivares de abelhas, e será utilizado na nutrição das larvas. O pólen
apícola contém lipídios, açúcares, proteínas, aminoácidos, vitaminas, carotenóides,
flavonóides, dentre outras substâncias (QUIAN et al., 2008). A composição química do
pão de abelha será consideravelmente determinada pela composição do pólen coletado
pelas abelhas que varia amplamente dependendo da composição de espécies de plantas
que a abelha visitou (ISIDOROV et al., 2009). Esse pólen tem pouca importância quanto
à quantidade de néctar fornecido, entretanto, é relevante quanto à origem e
procedência geográfica da amostra (BARTH, 2004).
O objetivo deste trabalho foi identificar os constituintes voláteis do pólen de
abelha, a origem palinológica e fazer uma análise comparativa com os voláteis de
plantas apícolas e amostra de pólen e de outros produtos da colméia.


MATERIAL E MÉTODOS: Amostra de pólen foi coletada no mês de dezembro na cidade de Bela Vista (Pi) e
submetidas à extração do óleo essencial por micro-hidrodestilação. O óleo foi
avaliado quanto à composição química através de GC/EM. A amostra de pólen (5 g) foi
dissolvida em 20 mL de água e em seguida foi submetida à micro-hidrodestilação por 3
h. A fase orgânica foi separada do hidrolato por partição com diclorometano. A seguir
a fase orgânica foi seca pela adição de sulfato de sódio anidro e, após filtração, o
excesso de solvente foi eliminado em evaporador rotativo. Os constituintes voláteis
foram injetados no CG-EM. Foi utilizado um cromatógrafo a gás da marca Shimadzu
modelo GC-17A, acoplado a um espectrômetro de massas GCMSQP5050A equipado com coluna
capilar de sílica fundida J&W Scientific DB-5. As condições de operação foram:
injetor a 220 ºC, interface a 240 ºC e coluna programada para operar a 60 ºC, com
elevação de temperatura de 3 ºC min-1, até 240 ºC. Utilizou-se hélio como gás de
arraste, mantido ao fluxo constante de 1,0 mL min-1. Os constituintes voláteis foram,
na sua maioria, tentativamente identificados por comparação dos espectros de massas
obtidos com os registros da biblioteca computacional Wiley229 e pela determinação
experimental dos índices de Kovats, aplicando-se uma série homóloga de n-alcanos nas
mesmas condições usadas para a injeção do óleo essencial. A identificação
palinológica foi realizada utilizando o método padronizado de (Louveaux et al.,
1978).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os tipos polínicos mais freqüentes nas amostras de bolotas de pólen pertencem às
famílias Leguminoseae (Machaerium) Nyctaginaceae (Guapira), sendo que a espécie
Machaerium identificada na flora da região atingiu o maior percentual entre todos os
tipos polínicos das amostras de bolotas (95,09%). Diversas substâncias identificadas
neste estudo já foram anteriormente identificadas em outros produtos da colméia e em
plantas apícolas, tais como: ácido hexanóico, óxido de linalol, terpinoleno, α-
terpineol, tricosano e heneicosano foram identificadas em amostras de própolis
piauiense por (TORRES et al., 2008). Os óxidos de linalol cis e trans, α-terpienol,
tridecano, tetradecano, docosano, pentacosano, e heneicosano foram relatados em pólen
de Melipona (LIMA NETO, 2009). As substâncias: óxidos de linalol cis e trans,
tridecano, tetradecano e tricosano foram identificadas por SILVA, 2007 em amostra de
méis piauienses. O timol foi relato no óleo essencial de Lippia sidoides, planta
apícola, cujo óleo apresenta atividade antileishmania (MEDEIROS et al., 2011).





CONCLUSÕES: Observou-se através deste estudo que o pólen de Machaerium foi predominante. Dentre os
constituintes voláteis identificados monoterpenos, monoterpenoides, fenil propanoides e
hidrocarbonetos, destacou-se como majoritário o monoterpeno α-terpinoleno. Vale
ressaltar que a maioria dos compostos identificados já foram identificados em outros
produtos da colméia e plantas apícolas e são compostos bioativos, apresentando
diferentes propriedades farmacológicas.

AGRADECIMENTOS: À CAPES, CNPq, LAPETRO, IBOTSP

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARTH, O. M. 2004. Melissopalynogy in Brasil: a review of pollen analysis of honeys, propolis and pollen loads of bees. Sci Agric, v.61, n.3, 342-350.
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MEDEIROS, M.G.F.; SILVA, A.C.; CITÓ, A.M.G.L.; BORGES, A.R.; LOPES, J.A.D.; FIGUEIREDO, R.C.B. 2011. In vitro antileishmanial activity and cytotoxicity of essential oil from Lippia sidoides Cham. Parasitology International 60: 237–241
QUIAN, W. L., KHAN, Z., WATSON, D. G., FEARNLEY, J. 2008. Analysis of sugars in bee pollen and propolis by ligand exchange chromatography in combination with pulsed amperometric detection and mass spectrometry. Journal of Food Composition and Analysis, 21: 78 – 83.
SILVA, Ivan dos Santos. 2007. Constituintes voláteis de méis piauienses. Teresina. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado, Universidade Federal do Piauí.
TORRES, R. N. S., LOPES, J. A. D., MOITA NETO, J. M., CITÓ, A. M. G. L. 2008. Constituintes voláteis de própolis piauiense. Quimíca Nova, v. 31, n. 3, 480.