ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Caracterização Físico-Química de corante extraído a partir do mesocarpo do babaçu(Orbignya speciosa) e aplicação em vernizes

AUTORES: SANTOS,A.M.S. (UFPI) ; ALMEIDA, F.S. () ; PASSOS, I.N.G. () ; FIGUEIREDO, F.C. () ; JOSÉ RIBEIRO DOS SANTOS JÚNIOR ()

RESUMO: Esta proposta tem o foco no corante presente no mesocarpo do babaçu que atualmente é
descartado e que pode agregar valor econômico ao resíduo.As amostras obtidas passaram
por etapas de extração diferentes obtendo-se,diferentes amostras.Foram extraídos os
corantes com solventes cetona/metanol,água ultra pura,bem como com anidrido acético.A
espectroscopia de UV-VIS ilustra que as amostras de corantes possuem absorbâncias
apenas na região do ultravioleta em 275 nm e a variação do pH nas soluções pouca muda a
absorbância.Os espectros de FTIR apresentam bandas de absorção diferentes das amostras
extraídas com diferentes solventes quando comparadas às bandas observadas no espectro
do mesocarpo.Além disso,o corante extraído com anidrido acético foi aplicado como
verniz em peças de madeira.

PALAVRAS CHAVES: corante,mesocarpo,ph.

INTRODUÇÃO: O babaçu (Orbignya speciosa) é uma palmeira nativa do meio norte do Brasil,tendo sua
maior concentração,principalmente,no Piauí e no Maranhão.O pó do mesocarpo do babaçu
é popularmente conhecido como amido tem sido usado como alimento e como medicamento
por ter propriedades antiinflamatórias,imunoculadora,analgésico e
antipirético(BATISTA et al.,2006).Os corantes são substâncias utilizadas para a
coloração de vários substratos,tais como:alimentos,cosméticos,plásticos,substratos
têxteis,entre outros.O interesse em pesquisas por corantes naturais aumentou
consideravelmente nas últimas décadas devido à severas críticas dos consumidores,as
restrições impostas pela Organização Mundial de Saúde(OMS) e outras instituições aos
corantes sintéticos(GAMARRA et al.,2009).Os corantes naturais foram amplamente
utilizados de forma artesanal até o surgimento de corantes sintéticos.As análises
foram feitas em batelada,variando o pH e objetivando a concentração do corante,além
da quantidade absorvida e determinada por espectrofotometria UV-VIS e Infravermelho.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de corantes foram obtidas a partir de extrações com diferentes
solventes.Foram extraídas três amostras de corantes a partir do mesocarpo de
babaçu,sendo os solventes utilizados:água ultra pura,cetona/metanol e anidrido
acético.Neste trabalho,os corantes foram extraídos solubilizando-se o pó do mesocarpo
nos solventes água de Milli-q e em cetona/metanol,sendo as soluções deixadas em
ultrassom por uma hora a fim de favorecer uma maior interação entre as fases.Após
essa etapa foi filtrada sob vácuo,seguido de rotoevaporação para a remoção do
solvente cetona/metanol com uma temperatura controlada de 60 ºC.A partir disso,as
amostras foram liofilizadas a fim de obter apenas o pó do corante.Foi extraída
ainda,outra amostra de corante usando o sistema de refluxo,consistindo em manta
aquecedora conectada a um banho de temperatura controlada de 27,8 ºC,além de um
condensador acoplado.As amostras foram caracterizadas por espectroscopias UV-VIS e
Infravermelho.Ainda foi acompanhada a variação do pH das diferentes amostras por
espectroscopia UV-VIS.O verniz utilizado foi preparado usando-se de solução alcoólica
com o corante extraído com anidrido acético.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A simples imersão do amido(mesocarpo de babaçu)numa fase líquida como a água de
milli-q,cetona/metanol e anidrido acético,na qual é praticamente insolúvel seguida de
agitação e interação de fasesdeixando a amostra mais agregada,já é suficiente para
ocasionar o desprendimento do corante do corpo do babaçu.Os espectros de UV-Vis para
as diferentes amostras de corante obtidas com os diferentes solventes apresentaram
apenas uma banda de absorção em 275 nm na região do ultravioleta correspondente
provavelmente às duplas ligações presentes na estrutura. Os espectros de
acompanhamento do pH apresentam-se com maior absorbância para o pH 6 quando comparado
ao pH 1. Já para os corantes em pH 13, o espectro tem sua absorbância diminuída
novamente e sua banda máxima atenuada. Isso, provavelmente, pode ser explicado devido
à hidrólise alcalina. O espectro FTIR apresentou uma banda larga entre 3500 e 3300
cm-1 referente ao estiramento OH na estrutura.Foram observadas bandas entre 2900 e
3000 cm-1 atribuídos aos estiramentos CH2 e CH3, em 1638 cm-1 correspondendo à faixa
de 1630 – 1850 cm-1 ao grupo carbonila R2C=O e entre 1200 a 1000 cm-1 atribuídos a
ligação C-O.As bandas em 860, 760 e 700 cm-1 podem estar relacionadas às vibrações de
ésteres e anéis aromáticos monossubstituídos presentes na estrutura do mesocarpo
(VIEIRA et al, 2011), Para o corante extraído com cetona/metanol e anidrido acético
foi observado o aumento da intensidade da banda larga entre 3500 e 3300 cm-1, além
do desaparecimento da banda entre 2400 e 2300 cm-1, que corresponderia a –C≡C– e C≡N,
encontrada no mesocarpo. As bandas em torno de 1610 e 1640 cm-1 referem-se ao
estiramento C=C de aromáticos. O corante extraído com anidrido acético foi usado como
verniz para finalizações em peças de madeira.

CONCLUSÕES: Através dos resultados obtidos,pode -se concluir que a extração de um novo corante
obtido a partir do mesocarpo do babaçu mostra-se eficaz. No entanto, novas medidas
estão sendo realizadas objetivando a purificação e isolamento das substâncias
encontradas no material proposto. Assim, o corante extraído mostrou-se como um bom
agente de proteção em madeiras quando utilizado como verniz.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq,FINEP,FAPEPI e UFPI.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BATISTA, C.P.; TORRES, O. J. M.; MATIAS, J.E. F. MOREIRA, A.T.R. et al.Efeito do Extrato aquoso de Orbignya phalerata (Babaçu) na cicatrização do estômago em ratos:Estudo morfológico e tensiométrico. Acta Cirúrgica Brasileira, Vol 21, suplemento 3, 2006.
CHAVES, J.A.P. Adsorção de corantes têxteis sobre quitosana: condições, modelagem e otimização. João Pessoa, 2009.
GAMARRA, F. M. LEME, G.C. TEMBOURGI, E.B.; BITTENCOURT, E. Extração de corantes de milho (Zea mays L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, 29(1): 62-69, Campinas, jan.-mar.,2009.
MOURA, C.V.R. et al.; Biodiesel de babaçu (Orbignya sp.) obtido por via etanólica, Química nova, vol.30, n. 3,p. 600-603, 2007.
VIEIRA, A.P. SANTANA, S.A.A. et al. Epicarp and Mesocarp of Babassu (Orbignya speciosa): Characterization and Application in Copper Phtalocyanine Dye Removal.J.Braz.Chem. Soc. Vol.2, No. 1,21-29, 2011.