ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: “OS QUÍMICOS ADVERTEM: O CIGARRO NÃO TEM SÓ NICOTINA!”

AUTORES: FREITAS, C.S. (IFRJ) ; MESSEDER, J.C. (IFRJ)

RESUMO: A partir de uma atividade intitulada “Os químicos advertem: o cigarro não tem só nicotina!”, realizada em um centro de ciências na cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi possível proporcionar aos participantes momentos de reflexão sobre os malefícios do cigarro, numa ótica CTS. Para o licenciando em química foi uma experiência enriquecedora, pois o fez vivenciar a importância da Educação Química para a cultura científica da sociedade. Através da atividade desenvolvida notou-se grande envolvimento e interesse dos indivíduos ao tratar de conhecimentos químicos a partir de temas sociais. Por meio da valorização dos conhecimentos prévios dos visitantes foi possível estabelecer uma comunicação clara e objetiva ao longo da atividade.

PALAVRAS CHAVES: educação não-formal, cigarro, cts.

INTRODUÇÃO: Atualmente, educadores em Química têm utilizado práticas educativas numa ótica Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) na busca de retratar os conhecimentos químicos a partir de temas geradores com aspecto de caráter social, como por exemplo, poluição ambiental, drogas, fontes renováveis de energia. No ensino de Química esta forma de abordagem possibilita a aproximação dos indivíduos com os conhecimentos científicos, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem e favorece uma melhor compreensão e interação dos mesmos com a sociedade na qual eles estão inseridos (SANTOS, 2010). A práxis do professor pode extrapolar as salas de aulas, chegando aos espaços não formais de educação, como por exemplo, os museus e centros de ciência. A partir do aumento do número de museus com enfoque nas diferentes áreas das ciências naturais e exatas, começaram a surgir os museus interativos, os chamados science centers, que proporcionam aos visitantes maior participação através de aparatos interativos (MARANDINO, 2005). Com esse norteamento, a presente pesquisa desenvolveu uma atividade num centro de divulgação de ciências do Rio de Janeiro intitulada: “Os químicos advertem: o cigarro não tem só nicotina!”. Objetivou-se discutir a relação entre a Química e Sociedade, com a proposta de conscientizar o público sobre os malefícios do tabagismo através de uma abordagem CTS. O tema escolhido serviu como instrumento para desencadear reflexões, discussões e conclusões. Sua escolha foi pautada no fato de que o tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo, justificando-se, portanto, a utilização deste trabalho devido ao seu forte impacto na sociedade, além de contribuir para uma conscientização dos aspectos nocivos do cigarro.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho de pesquisa foi desenvolvido na Casa da Descoberta, um Centro de Divulgação de Ciências da UFF, situada no município de Niterói (RJ). O espaço tem como objetivo proporcionar o aumento dos níveis de conhecimento científico dos indivíduos em geral através de experimentos lúdicos e interativos que se propõem a mostrar como a Química, a Física e a Biologia estão inseridas em nosso cotidiano (RIBEIRO, 2011). Como a pesquisa foi aplicada nesse espaço de educação não-formal, a atividade foi desenvolvida buscando-se sempre a participação efetiva dos visitantes de maneira a estabelecer uma comunicação entre os conhecimentos prévios das pessoas com os conhecimentos científicos que estavam sendo apresentados. Existiram dois momentos principais: a execução da atividade intitulada “Os químicos advertem: o cigarro não tem só nicotina!” com a realização do experimento e a aplicação dos questionários aos participantes. Para a apresentação desta atividade foi construído, a partir de uma adaptação (Figueirêdo et al, 2010), um aparato denominado “Fumômetro” (Figura 1), que tem recolhe substâncias presentes na combustão do cigarro. A atividade foi iniciada com a apresentação aos visitantes de alguns produtos usados no cotidiano: naftalina, amoníaco, acetona, veneno de rato, glicerina. A partir da visualização do funcionamento do “fumômetro”, ocorreu uma relação entre os componentes químicos dos produtos do cotidiano e os liberados na queima do cigarro, e as doenças decorrentes do tabagismo. A atividade se desenvolveu com aplicação de questionários do tipo misto. Estes questionários foram destinados aos visitantes com a finalidade de investigar o que eles sabiam sobre as doenças geradas pelo tabagismo e quais as substâncias que eles acreditavam existir na composição do cigarro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa foi de cunho quali/quantitativo, seu desenvolvimento foi pautado na análise e discussão dos dados obtidos com os 40 respondentes. A primeira pergunta buscou verificar a percentagem de pessoas fumantes/ex-fumantes que participaram da atividade. Percebeu-se que 88% das pessoas nunca haviam fumado na vida. Quando questionados se conheciam doenças causadas pelo tabagismo, obteve-se como resultado uma extensa lista e variedade de doenças, constatando que os participantes conheciam ou pelo menos já ouviram falar sobre os danos que o cigarro pode causar. Elaborou-se uma questão com o intuito de saber se os visitantes conheciam as substâncias presentes no cigarro. Foram apresentadas 11 substâncias: naftalina, formol, terebintina, acetona, fósforo, cádmio, tolueno, glicerina, nicotina, monóxido de carbono e amônia. Apenas 4 respondentes marcaram todas as substâncias, o que retrata o desconhecimento que estas substâncias são absorvidas pelos fumantes na hora da tragada. Apenas 8 respondentes assinalaram o cádmio como componente do cigarro. Muitos desconheciam que um metal pesado pode estar presente em substâncias comuns do nosso cotidiano doméstico. Foi feita a pergunta: “O que mais chamou sua atenção na atividade?”, a fim de investigar a repercussão da atividade como um todo, sinalizando quais os pontos mais fortes para despertar o interesse do público. Alguns relatos: “O experimento que mostra a quantidade de fumaça depositada nos pulmões.” “O “Fumômetro”. Achei interessante ver o que fica no organismo.” “A cor da água após a queima de 10 cigarros.(Figura 2)” “A quantidade de substâncias no cigarro.” Estes registros apontam que a atividade contribuiu para uma conscientização dos aspectos nocivos do cigarro, numa abordagem pedagógica da Química num espaço não-formal.





CONCLUSÕES: Foi possível apresentar a Química num espaço não-formal de educação para um público diverso, e mostrar como a ciência está presente em nossas vidas. A escolha do tema da pesquisa foi a partir da observação da realidade, e com isso, possibilitou uma comunicação com o público participante através de uma linguagem clara e objetiva. Verificou-se que um tema social como a “química do cigarro” deve ser usado pelos professores no processo de alfabetização cientifica de seus alunos, e se usado em outros espaços de educação pode contribuir para a conscientização das pessoas sobre os riscos desta droga.

AGRADECIMENTOS: Às professoras Daisy Maria Luz e Márcia Narcizo Borges pelo espaço cedido na Casa da Descoberta (UFF) para o desenvolvimento da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SANTOS, W. L. P. dos e SCHNETZLER, R. P. Educação em Química: Compromisso com a cidadania. 4ed. Ijuí: Unijuí, 2010.
FIGUEIRÊDO, A. M. T. A. et al. FUMÔMETRO: Uma Experiência Química no Combate ao Tabagismo em Turmas Inclusivas da EJA. In: XV Encontro Nacional de Ensino de Química. Anais... Sociedade Brasileira de Química, Brasília (DF), 2010.
MARANDINO, M. e SOARES, M. Investigando a práxis educativa em exposições sobre Biodiversidade: Um estudo de caso. In: 9ª Reunión de La Red de Popularización de La Ciencia y La Tecnología em América Latina y El Caribe. Anais... Rio de Janeiro (RJ), 2005.
RIBEIRO, C. M. R.; LUZ, D. M. e BORGES, M. N. (Org.). Cadernos de experimentos e curiosidades da Química na Casa da Descoberta: Centro de Divulgação de Ciência. Editora da UFF:Niterói, 2011.