ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: COMPARAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO MÉDIO E ENSINO SUPERIOR COM RELAÇÃO AO ASSUNTO TABELA PERIÓDICA.
AUTORES: ARAÚJO, M. M. DE. (UESPI) ; GERALDO E. LUZ JR. (UESPI)
RESUMO: Este estudo visou avaliar as diferenças de abordagem do assunto tabela periódica nos livros didáticos de Química no ensino médio e no superior de acordo com os seguintes parâmetros: assunto anterior e posterior ao de tabela periódica nos livros, percentual de ocupação de espaços nos livros, contextualização, conceitos, complexidade da abordagem de conteúdos, sequencia de assuntos para o conteúdo da tabela periódica. Verificou-se que os livros de ensino superior dedicam mais espaço no livro para os textos onde se explica o conteúdo, são menos contextualizados, apresentam conceitos em uma linguagem mais técnica e não fogem das explicações “complicadas” das exceções conceituais.
PALAVRAS CHAVES: livro didático, tabela periódica, ensino de química.
INTRODUÇÃO: O livro didático é companheiro do professor e um valioso recurso didático para o aluno. Nele encontra-se organizado e sequenciado o conteúdo científico da matéria supostamente correto (LIBÂNEO, 2002), contudo a ênfase dada ao livro didático pelo professor em todos os níveis de escolaridade pauta-se, em muitos casos, no fato do mesmo suprir as possíveis deficiências na formação docente, pois muitas vezes este é um instrumento que oferece aos educadores um plano de ensino pronto (FRANCISCO e QUEIROZ, 2010). Por esse motivo é importante a escolha de um bom livro para a prática docente.
Um bom livro deve estar sempre atualizado e em dia com os temas mais amplos da sociedade, como temas políticos, sociais, econômicos e ecológicos (LIBÂNEO, 2002). Os livros didáticos mais contextualizados oferecem mais subsídios aos alunos, facilitando o processo de aprendizagem (BARBOSA, 2009). Tendo em vista que muitos dos conceitos químicos são abstratos, é de fundamental importância a contextualização para a melhor compreensão dos conteúdos da Química.
FRANCISCO e QUEIROZ (2010) analisando a produção acadêmica brasileira sobre o livro didático de Química no período de 2000 a 2008, não identificaram nenhuma dissertação que tenha investigado livros voltados para o ensino superior, persistindo assim o questionamento em relação aos livros didáticos nos cursos de graduação, não somente em relação a erros conceituais que porventura neles existam, mas também quanto à sua atualidade.
Este artigo centra o foco na comparação de livros didáticos do ensino superior com os do ensino médio no tocante ao conteúdo da tabela periódica. Nesse sentido, pretende-se mostrar qual é a abordagem do conteúdo da tabela periódica em livros de ensino superior e médio, apontando semelhanças e diferenças entre estes.
MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada no estado do Piauí, ao longo do curso Licenciatura em Química da Universidade Estadual do Piauí - UESPI e vinculado ao Programa de Educação Tutorial (PET-Química) da referida IES.
Para a realização deste trabalho foi analisado a abordagem do contexto de tabela periódica em 10 livros didáticos de Química, sendo 5 do ensino superior e 5 de ensino médio, ressalta-se que em toda a extensão do ensino de Química a tabela periódica está presente como instrumento de consulta, e por esse motivo a grande maioria dos livros didáticos de Química a abordam. Contudo esse estudo centra foco na analise de livros de Química geral para o ensino médio e ensino superior.
Os livros foram analisados segundo critérios observados em outras pesquisas que tinham como foco a analise de livros didáticos de Química, além de outros critérios que jugou-se necessários para a obtenção de melhores resultados, sendo os parâmetros analisados: assunto anterior e posterior ao da tabela periódica nos livros, percentual de ocupação de espaços nos livros, contextualização, conceitos, complexidade da abordagem de conteúdos, sequência de assuntos para o conteúdo da tabela periódica.
Para melhor entendimento, os livros foram renomeados como segue:
RUSSELL (S1), ATKINS (S2), BROWN (S3), RAYMOND e WILLIAMS (S4), BRADY (S5), MARTHA REIS (M1), USBERCO e SALVADOR (M2), SARDELLA (M3), TITO e CANTO (M4), RICARDO FELTRE (M5).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O resultado mostra que os autores seguem um padrão com relação aos assuntos anteriores e posteriores ao da tabela peiódica nos livros didáticos de Química.
Os livros de ensino superior dedicam em média 51,0% do seu espaço para os textos onde são feitas as explicações do conteúdo. Já os livros de ensino médio dedicam apenas 28,6%, em média, de seu espaço para o texto explicativo. Por esse resultado, parece que os autores dos livros para o ensino superior se preocupam mais com o conteúdo que os autores do ensino médio.
A diferença se acentua ao comparar o espaço dedicado aos exercícios, nesse quesito, verifica-se que os livros do ensino médio dedicam mais espaço para exercícios (média de 35,5%) que os livros do ensino superior (média de 16,8%). Supõe-se que isso se deva ao fato de uma das propostas dos livros do ensino médio ser preparar os alunos para os exames vestibulares.
Nos livros de ensino médio o número de figuras, quadros e tabelas é exagerado, a ponto de dificultar a leitura, que fica truncada por todos esses detalhes gráficos. Dessa maneira, o livro já apresenta um projeto de leitura ao aluno, que pode simplesmente ler os quadros e consultar as ilustrações.
Os livros de ensino médio são mais contextualizados, isso porque o publico alvo desse tipo de livro pode, ainda, não ter tido contato com o assunto e que por isso as analogias com situações do cotidiano facilitem a compreensão do conteúdo. Já os livros de ensino superior apresentam-se menos contextualizados, privilegiando a parte conceitual. Isso porque acredita-se que os leitores já tragam uma certa compreensão do assunto, isso se reflete também na complexidade da abordagem, uma vez que os livros de ensino superior apresentam uma linguagem mais técnica que a dos livros de ensino médio.
CONCLUSÕES: Os resultados alcançados convergem para o seguinte ponto: os livros do ensino superior, contando com o conhecimento que o aluno adquiriu no ensino médio, fazem uma abordagem mais complexa e explicam mais detalhadamente os conceitos que envolvem a TP, com exceção dos termos técnicos necessários para a compreensão inicial. Já os livros de ensino médio preocupam-se (interesses das editoras) com a habilidade dos alunos em resolverem questões de múltipla escolha, comuns em exames vestibulares.
AGRADECIMENTOS: Agradeço a todos que fazem parte do curso de Licenciatura Plena em Química da Universidade Estadual do Piauí.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente. tradução: ALENCASTRO, R. B. de. 3 ed. Porto alegre: Bookman, 2006. ISBN 85-363-0668-8. p. 44-47 e 145-161.
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FRANCISCO, C. A.; QUEIROZ., S. L. Análise de Dissertações Produzidas sobre Livros Didáticos de Química em Programas de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. In: XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF, Brasil – 21 a 24 de julho de 2010.
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