ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Buscando Sentidos na Ausência de um Sentido: Educação Química para Deficientes Visuais

AUTORES: ARAUJO, L.A. (UNICAP) ; CAMELO, G.R.N (UFRPE) ; SILVA, L.A (UFRPE) ; ARAUJO, P.L. (UFRPE) ; IAPECHINO, M.N.K. (UFRPE)

RESUMO: A finalidade deste trabalho foi à obtenção de informações sobre quais as
dificuldades, as necessidades e as conquistas dos alunos deficientes visuais e de seus
professores. Como meio investigativo foi elaborado um questionário a ser respondido por
esses alunos e seus respectivos professores. Com os resultados obtidos na pesquisa,
pôde-se verificar que os deficientes visuais têm o mesmo grau de aprendizagem dos
alunos videntes, porém é importante um acompanhamento constante e um tratamento que dê
suporte às suas necessidades uma vez que os mesmos apontam que não há uma boa
qualificação por parte dos professores.

PALAVRAS CHAVES: química,educação, deficiência visual

INTRODUÇÃO: A educação em Química tem como finalidade a formação de cidadãos, capazes de
questionar e compreender os fenômenos que acontecem à sua volta, não se fixando
apenas na exploração de novos conteúdos.
Como o ensino de Química possui um alto grau de abstração, por parte dos alunos,
devido a dificuldade em relacionar os conteúdos por ela apresentados e os seus (do
sujeito da aprendizagem) cotidianos criticam a Química, afirmando ser algo inútil. Ao
observar os comentários desses alunos, obteve-se um interesse na pesquisa e
investigação das dificuldades que existem no ensino e na aprendizagem de Química para
alunos deficientes visuais, já que, os instrumentos/recursos didáticos utilizados,
por professores, de maneira geral e principalmente os professores de Química, têm
caráter visual, como: quadro, livros, slides e outros.
O objetivo deste trabalho é mostrar, por meio da análise de respostas a
entrevistas, as dificuldades encontradas, de um lado, por professores de alunos
deficientes visuais em escolas públicas de ensino fundamental e médio de Recife (PE)
e, de outro, pelo próprio aluno deficiente visual, com relação à aprendizagem em
Química, e o de apontar alternativas de melhora da qualidade do ensino para esse
alunado e a sua inclusão no universo da Química, considerando, para tanto, que temas
relacionados à Química têm significativa presença no cotidiano de todos.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada em três escolas públicas de ensino médio de Pernambuco que
apresentavam em seu quadro, alunos cegos, são elas Escola Barbosa Lima, Escola
Sizenando Silveira e Escola Maria de Nazaré.

De modo aleatório, chamaremos essas escolas de X, Y e Z. Nessas escolas foram
encontrados 3 alunos na escola X, 2 na Y e 2 na Z, tendo um professor de química em
cada uma delas. Porém não foi possível entrevistar o professor da escola X,
totalizando 7 alunos e 2 professores de química entrevistados.

Foi solicitado aos alunos e professores que respondessem a um questionário de
cinco e oito questões, respectivamente. Todas as questões trataram das dificuldades
encontradas por eles na escola, tais como: a falta de material apropriado, o
despreparo do professor, as ausências freqüentes dos alunos, entre outras do que
poderia ser mudado, a fim de se obter uma melhoria no ensino/aprendizagem desses
alunos.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: O contato com os indivíduos entrevistados ocorreu de maneira pessoal; apresentou-se,
para tanto, um questionário com a temática Dificuldade do ensino/aprendizagem de/em
Química. Para a coleta dos dados, encontraram-se dificuldades, ao entrar em contato
com as escolas tanto via telefone como pessoalmente. Também foi possível constatar
que os alunos deficientes visuais compareciam pouco às aulas, devido à realização de
outras atividades pessoais.
Analisando-se as respostas dadas ao questionário pelos professores de química
foi possível constatar que eles não são incentivados à participação de treinamentos
para a prática de ensino a alunos deficientes visuais, como por exemplo, o uso do
Braille. Sobre as dificuldades para o ensino de Química, obteve-se como resposta a
necessidade de silêncio total em sala de aula e o uso de uma linguagem de fácil
compreensão, esses fatores, segundo eles, possibilitam uma melhor aprendizagem dos
conteúdos. Já em relação aos mecanismos para a motivação dos alunos, os professores
citaram como proposta de ensino: o uso de programas de Informática com programas
específicos à educação de cegos, dinâmicas que utilizam do lúdico e o tato, a eleição
de alunos tutores, a fim de auxiliar os deficientes visuais e uma avaliação continua
desses alunos, investigando se o aluno absorveu o conteúdo de forma não arbitrária.
Estes recursos já são utilizados pelos professores entrevistados.
A análise dos questionários dos alunos possibilita a afirmação de que a maior
dificuldade no aprendizado está na falta de preparação dos professores, que possuem
uma verbalização fraca, quando apresentam equações matemáticas, não utilizam o
Braille e se apegam muito ao uso de gráficos e de desenhos.


CONCLUSÕES: Para a solução da problemática abordada, sugere-se a inclusão da Química a alunos
deficientes visuais, por meio do uso dos postulados da Teoria da Aprendizagem
Significativa ao utilizar os conhecimentos cognitivos dos alunos para a introdução de
novos conhecimentos. Outro fator importante é o de conscientizar todos os professores
de que eles têm o dever de ensinar a todo tipo de alunado, sem restrições e
preconceitos, embora para tal deva-se ter um treinamento necessário.

AGRADECIMENTOS: A todos os alunos e professores que participaram do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRITO, S. L. Um ambiente multimediatizado para a construção do conhecimento em Química. Rev.QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, n. 14, p. 13-15, nov. 2001.
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