ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: O USO DE CHARGES NO ENSINO DE REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO
AUTORES: FERREIRA, W. M. (IF BAIANO) ; VIEIRA, D. R. (IF BAIANO)
RESUMO: O ensino de Química no nível médio baseado em aulas expositivas e descritivas, completamente descontextualizadas tem deixado muito a desejar.
Surge, portanto, a necessidade de usar recursos didáticos, tais como a charge como instrumento pedagógico no processo de ensino-aprendizagem tornando-o dinâmico e participativo. Durante as discussões, algumas conjecturas foram apresentadas possibilitando a abordagem de conceitos de ácidos e bases, força de ácidos e bases, de concentrações e reações de neutralização com reagentes em excesso. Assim sendo, o uso da charge em sala de aula foi um aliado bastante eficaz, pois despertou o interesse dos alunos pelo conteúdo que estava sendo ensinado, dinamizando a aula.
PALAVRAS CHAVES: charge, aprendizagem, ácido-base
INTRODUÇÃO: O ensino de Química, dentro do contexto da educação básica, em especial no nível médio, tem deixado muito a desejar. Isto se deve, principalmente, ao fato de grande parte dos docentes apresentarem uma imensa dificuldade de desenvolver atividades promotoras de aprendizagens motivadoras e significativas (Ferreira, 2009). A prática de ensino destes professores resume-se, em sua maior parte, a aulas expositivas e descritivas, completamente descontextualizadas (Andrade, 2010) que criam entraves para que os alunos compreendam os conceitos ensinados e sua aplicabilidade no cotidiano ocasionando desinteresse pela disciplina.
Os professores de Química precisam estar sempre se atualizando para que a metodologia de ensino utilizada seja eficiente na formação de alunos capazes de compreender a realidade que estes vivenciam diariamente. Existe uma diversidade de práticas metodológicas bastante eficientes em promover aprendizagem, tais como: experimentação, jogos e charges. Todavia, o uso de charges ainda é muito insipiente em virtude de muitos professores, por falta de conhecimento, de tempo ou de interesse limitarem suas aulas à exposição de conteúdos transformando-as em aulas inertes e entediantes que nada contribuem para a construção do conhecimento dos seus alunos (Andrade, 2010).
A charge corresponde a um texto visual, com caráter crítico e humorístico, que transmite variadas informações de uma só vez. Além de seduzir o leitor, pela facilidade de leitura da imagem nela contida, a charge pode retratar diversos temas do cotidiano, por exemplo: futebol, política, economia, ciência, relacionamentos, etc.
Na presente proposta, pretendeu-se utilizar a charge como instrumento pedagógico no processo de ensino-aprendizagem de reações de neutralização tornando-o dinâmico e participativo.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido com uma turma de 2° ano do Ensino Médio, composta por 28 alunos, do curso técnico integrado em agroindústria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano campus Guanambi. A proposta do trabalho consistiu basicamente na aplicação de um questionário contendo uma charge e três perguntas (1- Porque as reações dos três gatos ao perceberem que o rato vai ingerir ácido são diferentes? Comente. 2- Um dos gatos está ingerindo base. Em sua opinião, qual deve ser o propósito dele? Justifique. 3- Considere que o gato que ingeriu a base conseguiu comer o rato que ingeriu ácido. Que reação poderá ocorrer? Comente), conforme descrito a seguir. Em seguida, foram discutidas as respostas para corrigir conceitos incorretos e promover mudanças conceituais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em resposta ao primeiro questionamento, dentre os alunos respondentes (22), 59% afirmou que o gato que ingeriu a base conhece o poder de corrosão dos ácidos e que os outros gatos ficaram assustados ou com medo do que poderia acontecer com o estômago deles ao comer o rato. A ingestão de ácido pode provocar dor intensa devido às queimaduras na mucosa da boca, estômago e esôfago; vômitos e diarreia com presença de sangue, podendo inclusive levar à morte. Apenas um aluno destacou que o rato poderia morrer em decorrência da ingestão do ácido e que a reação dos gatos seria de espanto. Aluno 17: “Porque o rato a partir do momento que ingerir o ácido, ele provavelmente irá se deformar e morrer, ...”.
41% dos alunos respondentes indicaram que o propósito do “gato químico” era neutralizar a ação do ácido ingerido pelo rato. 55% apontaram a preocupação em comer o rato e depois não ir a óbito. O aluno 16 reuniu as duas justificativas em sua resposta: “O propósito do gato ingerindo a base é poder comer o rato que está ingerindo o ácido fazendo com que a base neutralize o ácido formando um sal e não morra depois.” Já em relação ao terceiro questionamento, 41% dos alunos afirmaram que a reação que poderia ocorrer no organismo do gato após comer o rato seria de neutralização ou ácido-base; 32% disseram que seria uma reação com formação de sal, sem fazer conexão com as reações de neutralização; e o restante deu respostas evasivas, tais como o aluno 19: “Poderá ocorrer uma reação química”.
Durante as discussões, algumas conjecturas foram apresentadas, por exemplo: “nem todo ácido é corrosivo, como o ácido cítrico” e “as bases também podem ser corrosivas”. Estas possibilitaram a abordagem de conceitos de força, de concentração e de reações de neutralização com reagentes em excesso.
CONCLUSÕES: O uso da charge em sala de aula foi um aliado bastante eficaz, pois despertou o interesse dos alunos pelo conteúdo que estava sendo ensinado, dinamizando a aula. Os alunos participaram com mais entusiasmo defendendo seus pontos de vista e leitura da charge estabelecendo um espaço fecundo à aprendizagem.
AGRADECIMENTOS: Aos alunos e à direção do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano campus Guanambi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Andrade, B. A. A.; Veloso, L. M. M.; Zuba,J. A. G.; Mendes, F. de F. e Silveira, G. S.. A charge como alternativa para o ensino de Geografia. IV Fórum Desenvolvimento Regional: Compromisso da Universidade, Unimontes, setembro de 2010.
Ferreira, W M. A utilização de fotonovelas no ensino de biologia. I Simpósio Itabaianense de Ensino de Biologia (I SIEB). UFS, novembro de 2009.
Hartwig, D. R.; Souza, E. de; Mota, R. N. Química: físico-química. 1 ed. v. 2. São Paulo: Scipione, 1999.