ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A UTILIZAÇÃO DE FÓRMULAS ESTRUTURAIS DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PLANTAS MEDICINAIS NO ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA
AUTORES: RODRIGUES, M. B. P. (UEAP) ; NASCIMENTO, E. M. M. (UEAP) ; ALMEIDA, S. S. M. S. (UEAP)
RESUMO: A presente pesquisa tem por objetivo investigar a relação existente entre o ensino de Química Orgânica e as plantas medicinais no 3º ano do Ensino Médio. Os sujeitos da pesquisa foram os alunos de uma escola pública. Os dados foram coletados por meio de questionários abertos que possibilitou analisar o uso das plantas medicinais pelos alunos. Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois os alunos demonstraram usar as plantas medicinais, sessenta e cinco por cento não conhecem a composição química, porém sessenta por cento entendem que são importantes esses conhecimentos nas aulas de Química Orgânica. Com algumas das plantas citadas foi feita a relação aos conteúdos de Química Orgânica.
PALAVRAS CHAVES: plantas medicinais. química orgânica. cotidiano.
INTRODUÇÃO: A abordagem de temas sociais (do cotidiano) não dissociados da teoria, devem ser trabalhados para que não se torne pretensos ou meros elementos de motivação ou de ilustração, mas efetivas possibilidades de contextualização dos conhecimentos químicos, tornando-os socialmente mais relevantes. Para isso, é necessária a articulação na condição de proposta pedagógica, na qual situações reais tenham um papel essencial na interação com os alunos (SEB, 2006; PAIM, 2004). Nesse sentido, devemos buscar a possibilidade de estabelecer, na prática educativa uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões da vida real e de sua transformação (FOUREZ, 2003).
As diferentes formas de ver, conceber e falar sobre o mundo pode ser pensadas como diferentes formas de conhecimento, que correspondem a diferentes realidades. Quando alguém desloca sua atenção dessa realidade cotidiana para, por exemplo, o conhecimento científico, uma mudança radical tem lugar em sua consciência. Mesmo, contudo, quando este tipo de mudança radical tem lugar, a realidade da vida cotidiana ainda marca sua presença (MORTIMER, 2007).
A utilização do cotidiano do aluno e suas linguagens nas aulas de Química Orgânica utilizando plantas medicinais como forma de ensino aprendizagem, já que a composição química das plantas pode ser inserida nos conteúdos como nomenclatura, funções orgânicas, isomerias e etc. A utilização da temática “plantas medicinais” pode ser facilmente relacionada com a química vivenciada pelos alunos, pois sua utilização está vinculada a uma prática baseada no conhecimento popular e transmitida as gerações. Nesse sentido o trabalho tem por objetivo investigar a relação existente entre o ensino de Química Orgânica do 3º ano do Ensino Médio e as plantas medicinais.
MATERIAL E MÉTODOS: A coleta de dados foi feita por meio de questionários abertos que possibilita os alunos a expressarem suas ideias, a fim de verificar a utilização das plantas medicinais. O questionário, segundo Yaremko (1986), é um conjunto de perguntas sobre um tópico que não testa a habilidade do respondente, mas medem sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica.
QUESTIONÁRIOS PARA OS ALUNOS
Para entrevista foi utilizado um questionário que possuía perguntas de fácil compreensão de maneira a obter dados referentes ao uso de plantas medicinais e sua compreensão sobre a composição química e sua importância no ensino de Química Orgânica. Os questionários foram distribuídos em turmas do 3º ano do Ensino Médio. Os alunos citaram 51 plantas diferentes.
PESQUISA DA COMPOSIÇÃO DAS PLANTAS
A pesquisa visando esclarecer a composição química das plantas, suas propriedades medicinais e fórmula estrutural dos compostos químicos, foi realizada em livros de ensino médio e superior, artigos científicos, monografias, dissertações, teses, revistas científicas e sitios na internet.
Utilizando um programa de computador ChemWindow foram feitas as fórmulas estruturais dos compostos presentes na composição química das plantas medicinais, diante das fórmulas estruturais a composição química foi relacionada com os conteúdos do ensino de Química Orgânica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os questionários foram aplicados em quatro turmas tendo em média 20 alunos por turma. No total de 35 questionários respondidos, 97% dos alunos usam as plantas medicinais para algum tipo de enfermidade. E 3% dos alunos não utilizam as plantas medicinais e também diz não ter conhecimento de uso das plantas. Os 97% comprovam os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de que 80% da população mundial dependem da medicina tradicional para atender às suas necessidades de cuidados primários de saúde e grande parte desta medicina tradicional envolve o uso de plantas medicinais. Os alunos citaram 53 plantas medicinais algumas delas: anador, andiroba, erva-cidreira, eucalipto, mastruz, pariri.
APLICAÇÃO DOS RESULTADOS
Em relação às plantas mais citadas obteve-se um grande número de composto químico com suas fórmulas estruturais, que permite trabalhar com exemplos de várias plantas nas aulas de Química Orgânica. A fórmula estrutural da composição química das plantas medicinais permite trabalhar conteúdo como: tipo de cadeia aberta ou alifática, homegênea, ramificada, insaturada e grupo funcional, esses conteúdos podem ser aplicados na estrutura do citronelol, geraniol e linalol (Figura 1) compostos presentes na composição química da erva-cidreira que apresentam cadeias alifáticas.
Os conteúdos de funções orgânicas podem ser aplicados tomando como exemplo o anador que possui em sua composição as cumarinas que contém a função éster e a estrutura da cromona (Figura 2) que possui os grupos funcionais éter e cetona e apresenta-se como isômero de função da cumarina, que pode ser ressaltada em uma aula de isomeria estrutural observando a mudança das posições da carbonila.
CONCLUSÕES: A variedade de plantas apresentadas pelos alunos nos mostra o quanto pode ser enriquecedor o uso do tema dentro dos conteúdos de Química Orgânica. Este conteúdo sobre as plantas medicinais pode ser empregado a partir do conhecimento dos alunos ou através de pesquisa da composição de uma planta específica tendo a sua composição como exemplos de determinados conteúdos, possibilitando assim ao aluno uma aproximação maior com o assunto, de maneira que possa estar contribuindo também com a sua formação.
AGRADECIMENTOS: A Deus. Aos alunos da escola campo, peça fundamental nesta pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério da Educaçao (MEC), Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. v. 2. Brasília: MEC/SEB, 2006.
FOUREZ, G. Crise no ensino de ciências? Revista Investigações em Ensino de Ciências. v. 8, n. 2, 2003.
MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H. Química para o ensino médio: fundamentos, pressupostos e o fazer cotidiano. Ijuí: Ed. Uniju, 2007.
OMS/ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Pautas para la evaluación de medicamentos herbário. Genebra, 1991.
PAIM, G. R.; MORAES, T. S, FENNER, H. & PIMENTAL, N. L. (2004) Longas Correntes, Grandes Uniões. XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE QUÍMICA, São Carlos, 2004.
YAREMKO, R. K. et al. Handbook of research and quantitative methods in psychology. Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1986.