ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Ligação Dativa: um tipo de ligação covalente?
AUTORES: VIVEIROS, A. M. V. (UFBA) ; NASCIMENTO, A. A. (UFBA) ; COSTA, O. M. B. (UFBA) ; CEDRAZ, J. P. L. (UFBA)
RESUMO: No Ensino Médio (EM) o assunto Ligação Química é estudado de modo fragmentado. Os autores não discutem porque a ligação formada é covalente, iônica ou metálica. Cita-se que o compartilhamento ocorre quando os átomos "têm tendência para ganhar elétrons", tendência essa associada com completar o octeto. A seguir citam a ligação dativa sem justificar que, nesse caso, um dos átomos já está com o octeto completo! Alguns autores escrevem "modelo da ligação dativa" demonstrando um entendimento equivocado da palavra modelo e do nome da ligação! Outros citam "ligação dativa não existe" quando, segundo a IUPAC[1], é a denominação que está obsoleta. Este trabalho tem como objetivos discutir problemas no ensino de ligação covalente no nível médio e apresentar meios de resolvê-los.
PALAVRAS CHAVES: ligação covalente
INTRODUÇÃO: O estudo da Ligação Covalente requer esclarecer aspectos tais como: O que é ligação covalente? Por que os átomos compartilham elétrons? Como ocorre o compartilhamento de elétrons? Essa ligação pode ser definida como força de atração eletrostática entre os núcleos dos átomos e os elétrons que eles compartilham [2]. Ela se forma porque a energia para compartilhar os elétrons é menor que aquela para que ocorra a formação de íons. Para entender como os átomos compartilham elétrons, devem-se usar os modelos propostos para isso. Entretanto, o que se encontra em muitos livros para o ensino médio são citações soltas do tipo: "ligação covalente é a união de átomos"; "os átomos compartilham elétrons se eles possuem alta eletronegatividade"; "a ligação covalente ocorre porque o compartilhamento de elétrons é feito com liberação de energia e aumento da estabilidade dos átomos de cada elemento"; "a estabilidade é alcançada quando o átomo atinge a configuração eletrônica de um gás nobre". Por conta disso, a ligação doador-aceptor, modo como ocorre a ligação entre um ácido e uma base de Lewis, é referida como "tipo de ligação covalente", "ligação adicional", "antiga ligação dativa", "modelo de ligação dativa". Essa abordagem pouco contribui para o aprendizado do conteúdo. Neste trabalho discute-se a pouca utilidade das citações encontradas nos livros do EM, os equívocos e as consequentes distorções no estudo de ligação química.
MATERIAL E MÉTODOS: Os dados foram coletados a partir de uma análise em cinco livros utilizados no Ensino Médio. Essa análise foi feita procurando-se nesses livros respostas para as seguintes perguntas: 1. O que é ligação covalente? 2. Por que alguns átomos se ligam via ligação covalente? 3. Como os átomos compartilham elétrons? Os resultados obtidos foram analisados e discutidos com base nos livros de Química Geral para o nível superior.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados são apresentados e discutidos para cada pergunta.
PERGUNTA 1. O que se encontra nos livros é algo do tipo "união de átomos por compartilhamento de elétrons", "força que faz com que os átomos permaneçam juntos". Porém a definição força de atração eletrostática entre núcleos dos átomos e elétrons compartilhados [2] não é destacada nem discutida. Em alguns livros encontra-se a citação "atração entre elétrons e núcleos", mas não como uma definição.
PERGUNTA 2. Não se encontra nos livros do EM a discussão desse aspecto da ligação covalente. Aparecem, sim, informações soltas do tipo "átomos compartilham elétrons se eles possuem alta eletronegatividade"; "ocorre quando nenhum dos dois átomos possui força suficiente para remover um elétron do outro"; "a ligação covalente ocorre porque o compartilhamento é feito com liberação de energia". Em alguns livros, aparece o gráfico de energia potencial versus distância internuclear, mas esse é um gráfico que não explica porque a ligação é covalente e, não, iônica. Em nenhum dos livros pesquisados se encontra a discussão comparativa entre a energia para compartilhar com aquela para formar íons!
PERGUNTA 3. Esse aspecto da ligação covalente não aparece nos livros consultados! Fica-se na representação de Lewis que é um modelo que não discute como os átomos compartilham elétrons. O modelo usado para isso é o da TLV que não é assunto do EM. Mas pode-se mostrar que existem dois modos de formar a ligação covalente: i) cada átomo tem um elétron desemparelhado e os usam no compartilhamento; ii) um átomo tem um par de elétrons que compartilha com o outro. Assim, explica-se a formação da "antiga ligação dativa", por exemplo, a ligação entre um ácido e uma base de Lewis [3], que não é algo "abominado na Química universitária".
CONCLUSÕES: A partir da análise feita nos livros do EM sobre o conteúdo Ligação Covalente, pode-se concluir que os problemas encontrados são decorrentes da não discussão do conceito, da energia envolvida na formação e do modelo usado para explicar como ocorre o compartilhamento. Assim, a ligação dativa, denominação não mais usada pela IUPAC, é tratada como “antiga ligação dativa”, “tipo de ligação”, “modelo de ligação”, “ligação dativa não existe”, “ligação adicional”. Isso demonstra pouco conhecimento do que é ligação química, tendo como consequência um aprendizado fragmentado e distorcido.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] IUPAC. Compendium of Chemical Terminology 2010.
[2] MOELLER, Therald. Chemistry with inorganic qualitative analysis. 3rd ed. San Diego: Harcourt Brace Jovanovich, c1989.
[3] BROWN, T. L. e LEMAY JR., H. E. Química: a ciência central. 9th Ed. USA: Prentice-Hall, Inc. 1977.