ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A PRÁTICA DE ENSINO EM QUÍMICA: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA TRANSVERSAL NO NÍVEL MÉDIO
AUTORES: MELO, M. V. (UEAP) ; LEÃO, R. P. (UEAP) ; LOPES, R. V. (UEAP) ; SANTOS, C. B. R. (UEAP) ; RODRIGUES, E. N. B. (UEAP)
RESUMO: Os PCN’s, tem uma proposta curricular com os Temas Transversais sobre a Educação Ambiental (EA), que em química tem como fundamental importância efetivar o processo de ensinar-aprender na compreensão dos problemas ambientais na comunidade local e no ambiente escolar. O objetivo do trabalho foi compreender como a EA está inserida na docência de professores de Química da rede pública estadual de Macapá-AP, em quatro escolas do ensino médio. Os resultados obtidos através da aplicação de questionários aos professores (12), ao avaliar o grau de conhecimento em relação aos PCN’s, mostraram que 42% conhecem pouco, 33% não têm conhecimento e 25% conhecem, revelando que os documentos oficiais que norteiam a EA estão distantes da realidade escolar, bem como sua utilização apresenta-se deficitária.
PALAVRAS CHAVES: educação ambiental. temas transversais. ensino de química.
INTRODUÇÃO: A Educação Ambiental deve ser contemplada durante o nível médio na construção do conhecimento do educando, como forma de conscientizar o papel de cidadão e dinamizar a prática de aulas. Segundo Carvalho (2000, p. 43), a inclusão do meio ambiente como tema transversal (TT) contribui para “chamar a atenção dos profissionais de química para a temática, levando-os a se avaliarem e questionarem suas posições e os esforços para a sua elaboração”. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) são apresentados não como um currículo, e sim como subsídio para apoiar o projeto escolar na elaboração do seu programa curricular e trazem orientações para o ensino das disciplinas que formam a base nacional, ajudando a escola a cumprir seu papel constitucional de fortalecimento da cidadania, propondo temas a serem abordados no nível médio. A contribuição pedagógica para a construção da relação homem e meio ambiente se dá por meio da inserção das questões ambientais de forma transversal buscando o desenvolvimento dos conceitos de forma integrada no ensino da química e a inclusão de práticas pedagógicas ligadas à realidade cotidiana do aluno e do meio em que vive. Conforme Leonardo Boff (1999, p. 134), “para cuidar do planeta precisamos todos passar por uma alfabetização ecológica e rever nossos hábitos de consumo desenvolvendo uma ética do cuidado”. Dessa forma, o trabalho visa analisar como a prática docente dos professores de Química está relacionada com a EA como TT no nível médio para desvelar novos valores para a permanência do homem e sustentabilidade com o meio ambiente, verificando a utilização e compreensão dos PCN’s em EA e transversalidade no processo de ensino-aprendizagem, além de investigar se os professores têm dificuldades para trabalhar a temática EA nas aulas de Química.
MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa aborda uma investigação quali-quantitativa onde se configura um estudo de caso, através de procedimento analítico-descritivo realizada em Macapá-AP, onde concentra grande parte da população do Estado. Em conseqüência, a cidade possui um maior número de estudantes do nível médio. Para este estudo foram escolhidas quatro escolas e 12 professores de química pertencentes à rede pública de ensino, onde os critérios utilizados para a seleção das instituições de ensino foram a sua distribuição geográfica da cidade, por oferecerem as modalidades de nível médio regular, além do número significativo de professores de Química.
A coleta de dados referentes à aplicação de questionários aos professores ocorreu nas escolas através das respectivas coordenações pedagógicas e diretorias. Antes da aplicação do questionário a cada professor, os pesquisadores explanaram o projeto além de conversarem com os entrevistados durante a realização da pesquisa, o que contribuiu para criar as condições de coletas de dados favoráveis a uma análise adequada dos fatos colhidos.
Em outra etapa houve a aplicação e análise de questionários aos professores, sendo que estes constavam de quatro questões subjetivas e quatro objetivas, ou seja, eram compostas de questões abertas (4), onde os sujeitos pesquisados elaboram as respostas com suas próprias palavras e de questões fechadas (4), onde existiam opções de múltiplas escolhas.
Este questionário serviu para avaliar o grau de conhecimento dos professores a respeito da Educação Ambiental, da Política Nacional de Educação Ambiental, dos Parâmetros Curriculares Nacionais, dos Temas Transversais e seus correlatos, pois se fazia necessário o domínio dessas temáticas para responderem as questões subjetivas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na pesquisa foram discutidas as questões quantitativas e agrupadas de acordo com a natureza das perguntas e a seqüência lógica dos assuntos.
A primeira questão relacionou-se com a concepção que os professores tinham a respeito da EA. Para esta análise utilizamos as transcrições dos discursos dos professores, conforme a Tabela 1. Para a maioria deles a EA está relacionada com decisões que conduz para a melhora da qualidade de vida, sendo uma ação educativa de tomada de consciência da realidade e da relação homem-natureza. Evidenciamos a necessidade de um maior aprofundamento por parte de alguns entrevistados, pois o professor/educador precisa estar teoricamente informado e capacitado para questionar e formar conclusões sobre os assuntos que veiculam nos meios de comunicação e que estão vigentes na sociedade em geral.
Na terceira questão foram relacionadas as principais dificuldades encontradas nas suas práticas didático-pedagógicas para ministrar o tema EA. O resultado pode ser visualizado no Gráfico 1. No mesmo, percebemos que a maior dificuldade para desenvolver a EA em sala de aula está ligada a nova reestruturação da carga horária implementada no Estado do Amapá. Desde 2011, a disciplina Química no nível médio apresenta carga horária semanal de 2horas/aulas equivalente 80 horas/anual.
Seis professores (50%) disseram que o tempo é curto para explorar a EA em química, e um dos maiores entraves é a quantidade de temas e assuntos abordados. Como relatou um professor “temos que enxugar os assuntos dados aos alunos”, que pela sua grande extensão torna-se impossível abordar todos os conteúdos de química de maneira satisfatória durante o ano letivo, o que faz com que os professores abordem poucas temáticas transversais ligadas ao meio ambiente.
CONCLUSÕES: Verificamos que embora os entrevistados relacionem a Educação Ambiental com o ensino de química, grande parte apresentou considerável deficiência acerca desse tema. Observa-se contradição nas respostas dos professores, pois todos que participaram da pesquisa afirmaram que a EA é um tema abordado em suas aulas de química, mas quando realizaram comentários sobre o que viria a ser Temas Transversais os mesmos demonstraram possuir pouco conhecimento a respeito, mesmo tendo a consciência de que esta abordagem é importante para a formação dos alunos.
AGRADECIMENTOS: Universidade do Estado do Amapá - UEAP
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOFF, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
CARVALHO, Vilson Sérgio de. A educação ambiental nos PCN's: o meio ambiente como tema transversal. In: MATA, S. F. (Org.) Educação Ambiental: transversalidade em questão. Rio de Janeiro: MZ Editora, 2000.
