ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: MOVIMENTAÇOES FINANCEIRAS E EQUILIBRIO QUÍMICO
AUTORES: BARROS, T.T. (UFU) ; PRADO, N.S. (UFU) ; HYPPÓLITO, M.P. (UFU) ; CUNHA, R.A. (UFU) ; GARCÊS, B.P. (UFU)
RESUMO: As analogias estão inseridas em diversas situações do dia-a-dia e são uma tentativa de
explicar algo para outra pessoa, ou até mesmo de entender uma nova idéia associada às
informações já conhecidas. A utilização das analogias é comum em livros de Ciências,
sobretudo devido à existência de inúmeros conceitos abstratos. O uso de analogias está
relacionado a diversas competências cognitivas tais como percepção, imaginação,
criatividade, memória, resolução de problemas além do desenvolvimento conceitual. Por
isso, as analogias são instrumentos extremamente importantes na cognição, marcando a
comunicação e a aprendizagem em diversas áreas. O equilíbrio químico é muitas vezes
pouco entendido pelos alunos, portanto há a necessidade de uma boa analogia para
melhorar este entendimento.
PALAVRAS CHAVES: analogia, equilíbrio químico, ensino de química
INTRODUÇÃO: Frequentemente é necessário o uso de modelos de ensino e analogias para auxiliar os
alunos na compreensão de idéias aceitas cientificamente. Considerando o papel que os
mesmos podem desempenhar no aprendizado de aspectos abstratos de química, torna-se
importante que os professores reflitam sobre como elaborá-los e/ou sobre como
analisar aqueles já existentes. Este trabalho propõe uma nova analogia que colabora
com o processo de ensino/aprendizado auxiliando na compreensão do conceito de
equilíbrio químico. O uso de analogias pode fazer com que os alunos desenvolvam
concepções alternativas que ao invés de levá-los ao conceito agem como um obstáculo
epistemológico (PIAGET, 1990). Para evitar este problema a analogia tem que estar
aliada a uma base conceitual bem estruturada e, de acordo com RAVIOLO (2008), alguns
aspectos devem ser observados, tais como: o aspecto dinâmico do equilíbrio,
reversibilidade, dedução da constante equilíbrio, igualdade das velocidades,
coexistência de produtos e reagentes no meio reacional, alteração do estado de
equilíbrio (princípio de Le Chatelier) e possível presença de um catalisador no
equilíbrio. De acordo com experiências anteriores em sala de aula, percebemos que os
alunos têm muita dificuldade em entender os fundamentos de equilíbrio químico, e esta
analogia tem se mostrado muito eficiente como carro chefe na introdução de alguns
conceitos.
MATERIAL E MÉTODOS: A analogia se faz com um indivíduo que possui duas contas bancárias (corrente e
poupança) com limites máximos diferentes e que serão definidos sendo que a
transferência de uma para outra propicia a convergência dos saldos a seu limite. Por
exemplo, a conta corrente transfere para conta poupança que ao atingir seu limite
máximo devolve (através também de transferências) para a conta corrente na medida em
que recebe, mantendo os saldos constantes. Estas transferências são simultâneas, de
mesmo valor e a todo o momento, deixando claro que o saldo de uma será diferente do
saldo da outra. Pode-se acrescentar o detalhe de que as transferências podem ocorrer
de formas diferentes, uma por doc e outra online, para simbolizar as diferenças no
tempo para atingir o estado de equilíbrio devido à adição de um catalisador. Pode-se
também dizer que há um gerente, que após o equilíbrio, julga que não há
movimentações, pois ele observa apenas o saldo das contas. Esta analogia foi aplicada
a salas de ensino médio de escolas públicas e em um curso pré-vestibular popular.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A analogia se mostrou muito eficiente para a introdução de equilíbrio químico no
ensino médio e no curso de pré-vestibular. Fez-se um paralelo com equilíbrio químico
da seguinte forma: as contas pertencendo a uma mesma pessoa representam que produtos
e reagentes coexistem num mesmo recipiente, as transferências constantes e de mesmo
valor são análogas às velocidades das reações direta e inversa. Os saldos com limite
máximo e as transferências simultâneas se assemelham com o processo para se atingir o
estado de equilíbrio. O gerente representa o observador que pelo aspecto macroscópico
imagina que a reação parou, já que o saldo não mostra as movimentações. Deve ser
considerado que há a possibilidade do dinheiro ir e vir remetendo a idéia de
reversibilidade. Os conceitos puramente apresentados eram considerados abstratos
pelos alunos, e com a analogia percebemos que foi possível deixar claro os aspectos
básicos do equilíbrio químico. Porém nesta analogia não é possível fazer paralelo com
o modelo cinético que se baseia nas colisões moleculares. E como se trata somente de
ida e vinda de dinheiro o conceito de transformação química deve ser abordado de
outra maneira. Sugere-se que seja através de experimentação. O princípio de Le
Chatelier pode ser facilmente trabalhado posteriormente, pois este possuirá
embasamento teórico propiciado pelo uso da analogia.
CONCLUSÕES: Concluiu-se que com apenas esta analogia não é possível correlacionar todos os
fenômenos micromoleculares que ocorrem numa reação em equilíbrio. Porém esta analogia é
eficiente para a apresentação e ensino da maioria deles. A grande maioria dos alunos se
mostrou mais interessada e compreendeu com facilidade.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos à FAPEMIG pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CANZIAN, R.; MAXIMIANO, F. A. Alterações nos sistemas em equilíbrio químico: análise das principais ilustrações presentes em livros didáticos. XV Encontro Nacional de Ensino de Química, Brasília, 2010.
PIAGET, J., Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
RAVIOLO, A.; GARRITZ, A., Analogias no Ensino do Equilíbrio Químico. QNEsc, N° 27, p 13-25; 2008.