ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: O ENSINO DA QUÍMICA PARA DISCENTES COM DEFICIÊNCIA VISUAL DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE NÍVEL MÉDIO DE MACAPÁ-AP
AUTORES: GOMES, L. C. B. (UEAP) ; SANTOS, C. B. R. (UEAP) ; MELO, M. V. (UEAP)
RESUMO: A escola é parte fundamental na formação de qualquer indivíduo. No caso da pessoa com deficiência visual não é diferente. O estudo teve como propósito analisar a realidade do discente com deficiência visual nas escolas públicas de ensino médio no município Macapá-AP. Pretendeu-se constatar a existência do uso de material didático-pedagógico de Química, trazer a problemática da realidade do discente e verificar se os docentes são capacitados. Por mais que o discurso dos docentes aponte para a aceitação da educação inclusiva, estes ainda não se sentem preparados. É relevante o fato de que não exista total amparo a esses discentes dentro da sala de aula, não possuindo material de química adaptado. Há a falta de professores capacitados para integrar o educando nas classes comuns.
PALAVRAS CHAVES: material didático-pedagógico de química. deficiente visual. inclusão escolar.
INTRODUÇÃO: A educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, defendendo o direito do aluno, sem discriminação e constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, conjugando igualdade e diferença como valores indissociáveis, avançando na idéia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. O professor é o agente frontal na luta rumo à inclusão. As instruções e orientações podem ser algumas vezes falhas, mas cabe a ele a parte de adaptação de conteúdo visual, gráfico de forma conceitual ou diferenciada, pode significar a diferença entre a compreensão ou incompreensão de algum assunto pelo aluno com deficiência visual. (FONTES et al.; 2011). A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais (MANTOAN; 2003). A escola é parte fundamental na formação de qualquer indivíduo e para uma pessoa deficiente visual não é diferente, cumprindo papel fundamental concernente ao ensino, desenvolvendo muitas das habilidades sociais. Inclusão não é apenas compreender uma matéria, assim como não é tratar o deficiente visual como "uma pessoa normal"; consiste em aceitar e respeitar as diferenças de cada um, já que não somos todos iguais (SASSAKI; 1999). Este trabalho propôs investigar o ensino da química para os discentes deficientes visuais, já que fazem parte do processo de inclusão. Incluir exige de todos educadores, novos posicionamentos, modernizando a Escola e fazendo com que professores transformem essas práticas para que todos aprendam, reconhecendo as dificuldades.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho se desenvolveu através de levantamento bibliográfico sobre o assunto referido, pesquisa de dados através do método quantitativo, verificação da situação dos discentes em campo. Este teve como propósito conhecer, pesquisar e analisar a realidade, bem como o cotidiano do discente com deficiência visual nas escolas públicas de ensino médio de Macapá quanto ao ensino da Química. Pretendeu-se, com isso, constatar a existência do uso de material didático-pedagógico básico de Química adaptado em thermoform e Braile para o deficiente visual, trazer a problemática da Química para a própria realidade do discente, pesquisar se existe colaboração dos colegas de classe quanto à questão dos trabalhos em grupo e verificar se os docentes são capacitados para lidar com discentes com deficiência visual. Foi solicitado ao Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP) uma relação de escolas públicas que possuem alunos com deficiência visual. As entrevistas realizadas através de roteiros contendo perguntas fechadas e abertas possibilitaram a análise de aspectos relevantes como a concepção sobre inclusão, ensino-aprendizagem dos alunos, seu conhecimento e a capacitação profissional do professor para a educação especial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com o CAP existem nas escolas públicas de ensino médio do Município de Macapá onze alunos com deficiência visual distribuídos em sete escolas, sendo que só participaram das entrevistas sete alunos. Os outros não freqüentam as aulas. A pesquisa foi desenvolvida em apenas três escolas. As entrevistas foram realizadas com três professores do ensino especial (AEE), e quatro de Química. Dos entrevistados, 75%(3) disseram que entregam com antecedência o material utilizado em sala de aula para os professores de AEE; 25% (1) não repassam o material pelo fato de que 14,3% dos alunos não possuem o atendimento especializado. Entre os professores entrevistados, 75% responderam que se encontram semanalmente, ou quando necessário, com os professores de AEE para repasse dos conteúdos trabalhados em sala de aula; 25% restantes não possuem contato com o professor de ensino especial. Sobre se a escola em que lecionam ofertou algum tipo de curso ou capacitação 75% responderam que a escola em que lecionam nunca ofertou algum tipo de curso ou capacitação; 25% responderam que sim. À questão se trabalham com materiais adaptados 75% responderam que trabalham com materiais adaptados disponibilizado pela escola; 25% responderam que não trabalham por não terem contato com o professor de AEE. Dentre os professores de AEE entrevistados, 66,7% (2) responderam que a parceria entre professores do AEE e professores de Química não é satisfatória, pois há atraso no repasse de material; 33,3% (1) responderam que essa parceria tem sido satisfatória. Todos os professores de AEE responderam que possuem capacitação para trabalhar com alunos com deficiência visual e que sempre estão se atualizando nos cursos ofertados pelo governo.
CONCLUSÕES: No estudo realizado verificou-se que a realidade escolar que o aluno deficiente visual enfrenta não está adequada para promover sua inclusão: falta professores habilitados, falta de preparo profissional do professor de Química para o trabalho com esses alunos, faltam salas estruturadas que ofertem recursos didáticos e informatizados, o fato de haver apenas um local para imprimir e adaptar material didático em Braile (CAP/AP) são problemas gritantes. O apoio dos professores atenua o impacto negativo das barreiras sobre o processo educativo dos estudantes, fazendo a diferença na vida do aluno.
AGRADECIMENTOS: Aos colegas do CAP/AP que forneceram dados para que este trabalho fosse concretizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FONTES, A. S.; FERREIRA, C. C. F.; BRAGA, C. M. T.; RAMOS, F. V.; Inclusão Social; XIX Simpósio Nacional de Ensino de Física – SNEF – Manaus, AM; 2011. Disponível em <http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xix/sys/resumos/T0337-1.pdf>; Acesso em: 16 de Maio de 2011.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por que? como fazer?
São Paulo: Moderna, 2003.
SASSAKI, R. K. As escolas Inclusivas na Opinião Mundial: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro: WVA, 1999. Disponível em:<http://www.entreamigos.com.br/textos/educa/edu 1.htm>; Acesso em 15 de Set de 2010.