ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Espécies químicas de cobre em sedimentos de fundo da nascente do alto rio São Lourenço, Campo Verde - MT

AUTORES: SOUSA, D. P. (UFMT) ; ROSA, F. M. M. (UFMT) ; SANTOS, A. C. A. (UFMT) ; WEBER, O. L. S. (UFMT)

RESUMO: O trabalho objetivou monitorar o metal cobre em sedimentos de fundo de uma represa que verte para o rio São Lourenço-Campo Verde-MT. As amostras dos sedimentos foram coletadas em amostrais S1, S2, S3, S4, nos períodos de seca e de chuva. As amostras foram secas em estufa de circulação de ar forçado, destorroadas e peneiradas. O método utilizado para a extração de cobre trocável foi com nitrato de magnésio 0,1 mol.L-1 e o total pela digestão nitro-perclórica. Os teores de cobre trocável variaram de 5,46 a 7,85 mg.kg-1 o que sugere relativa disponibilidade no ambiente aquático. O teor de Cu variaram de 39,43 a 60,04 mg.kg-1, não observando um caráter tóxico para as duas formas de cobre ao comparar com limites máximos estabelecidos pela legislação brasileira.

PALAVRAS CHAVES: metal pesado, recursos hídricos

INTRODUÇÃO: Os recursos hídricos apresentam-se de fundamental importância para economia, haja vista que muitas atividades como, por exemplo, agrícola, industriais, saneamento, entre outras, dependem desse recurso diretamente, sendo assim, praticamente toda atividade constitui uma fonte potencial de contaminantes para os sistemas fluviais e terrestres (MOZETO; ZAGATTO, 2006).
E nessa proposição apresentam-se os sedimentos fluviais que atuam como agentes transportadores, e reservatórios desses poluentes, em especial os metais pesados, tornando-se de grande valia para identificação no monitoramento e no controle das fontes poluidoras (FORSTNER, 2004).
Os metais pesados estão presentes naturalmente em solos e em sistemas aquáticos, devido decomposição de rochas, a lixiviação do solo, e para as fontes antrópicas podem estar relacionado com a introdução de fertilizantes, agrotóxicos, resíduos industriais e urbanos que utilizam de uma maneira desordenada podendo causar efeitos desfavoráveis ao ambiente e ocorrer um aumento de concentração de metais pesados.
Como a área de estudo está inserida numa propriedade agrícola, alguns insumos agrícolas ou subprodutos usados como atividade corretiva ou nutritiva apresentam uma possível fonte de contaminação, por metais pesados dentre eles o cobre. Esse elemento embora seja um micronutriente essencial para biota e ao ser humano, pode em determinadas concentrações ser prejudicial à saúde das pessoas, dos organismos e do meio aquático, e possivelmente pode haver transporte do cobre para maiores profundidades com sérios riscos de contaminação subterrânea e migrar para fora da área contaminada.
Assim, propôs monitorar e determinar os teores das espécies químicas cobre total e trocável nos sedimentos de fundo da represa da nascente do Rio São Lourenço.


MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de sedimentos foram coletadas em uma propriedade agrícola, ao longo da represa em uma nascente do rio São Lourenço, que acaba por receber elevada carga de nutrientes devido à aplicação de agroquímicos nas culturas de algodão, soja e milho. E foram coletadas nos pontos: S1 (entrada), S2 (meio), S3 (saída), S4 (vertedouro). Houve um monitoramento dos índices pluviométricos nos meses de coletas, de Agosto de 2009 a Maio de 2010. As amostras foram coletados (± 1 Kg) com amostradores Van-Veen e embalados em sacos de polietileno duplos em caixas de isopor com gelo. Foram secas em estufa com renovação de ar a 50 ºC, peneiradas em tamis de 0,2 mm e estocadas em sacos de polietileno. Para a determinação química o pH foi feito em CaCl2 0,01 mol L-1 e o teor de matéria orgânica foi por incineração em mufla a 660°C. A extração do Zn total foram realizadas por digestão nitro-perclórica (3:2), Tedesco et al. (1995), onde pesou-se 0,6g da amostra, e transferiu-se para tubo de ensaio e adicionou-se 6 mL da solução nitro-perclórica (3:2), colocou-se os tubos no bloco digestor pré-aquecido a 150°C por 2 h. Esfriou-se e completou-se para 60 mL com água destilada, e acondicionadas em recipientes plásticos. Na extração da fração solúvel + trocável do Zn por Ahnstrom e Parker (1999), onde pesou-se 2 g da amostra em tubos de centrífuga de 50 mL, adicionou-se 15 mL de Mg(NO3)2 0,1mol L-1, agitando por 2 h em baixa velocidade. Centrifugou a 2500 rpm por 10 minutos e o sobrenadante, filtrado em balão volumétrico de 50 mL. Repetiu-se o procedimento. Após, foram lavadas com 5 mL de NaCl 0,1 mol L-1. Centrifugado, e o sobrenadante recolhido e adicionou-se 1 mL de HNO3 concentrado para a preservação do extrato, completou-se com água deionizada e acondicionou-se em recipientes plásticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O pH apresentou caráter ácido com variação de 4,2 a 6,3. Segundo Esteves (1988) o pH é um importante parâmetro porque atua no controle da precipitação, mobilidade e biodisponibilidade dos íons metálicos. Quando em pH básico a maior parte dos íons metálicos se precipita na forma de hidróxido ou de sais básicos havendo a adsorção dos metais às partículas de argila e à complexação com a matéria orgânica, enquanto em pH ácido uma série de elementos tem sua biodisponibilidade aumentada (BROOKS, 1983) e, há tendência à solubilização dos metais. Assim, a disponibilidade do Cobre por sua vez, tende a ser aumentada em meios medianamente ácidos (ALLEN, 1989).
As concentrações de cobre trocável dos pontos nos meses de monitoramento, de agosto de 2009 a maio de 2010, correspondentes aos meses de estação chuvosa e seca, estão na Figura 1.
Ao considerar cada ponto, a maior concentração de Cu trocável ocorrendo em maio de 2010 (5,46 mg.kg-1) no ponto S1. No ponto S2 o valor máximo no mês de março 2010(7,85 mg.kg-1). No ponto S3 foi detectada a máxima no mês de março com 7,73 mg.kg-1. No ponto S4, a máxima encontrada foi em de março marcando 7,64 mg.kg -1.
Na Figura 2, estão os valores das concentrações de Cobre total nos meses de monitoramento, que correspondem aos meses chuvosos e secos.
Verificou-se no ponto S1 a maior concentração nos meses de outubro e dezembro 2009 (51,08 mg.kg-1). Em novembro 2009 o maior valor de 52,87 mg.kg-1 no ponto S2. No ponto S3 o maior registro no mês de novembro de 2009 com 60,04 mg.kg-1. No ponto S4 o índice maior de cobre com 39,43 mg.kg-1.
Considerando o monitoramento mensal, obteve-se em agosto o maior índice no ponto S3, em outubro no ponto S1, em novembro no ponto S3, em dezembro no S1, em janeiro no S3, em fevereiro no S3, março no S1 e maio no S4.






CONCLUSÕES: No presente trabalho, foi notória a faixa de concentração de cobre trocável nos meses de março e maio de 2010, obtendo respectivamente 7,85 e 5,46 mg.kg-1, relevando também que a fração trocável está parcialmente disponibilizada em relação ao total. Houve uma distribuição menos acentuada cobre total em relação cobre trocável.
Comparando os dados com a resolução CETESB 2009 sob a classificação dos contaminantes nos sedimentos de água doce, o teor de cobre não ultrapassou ao limite de modo que esse metal nas duas formas estudadas não representa risco como um contaminante à represa estudada.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AHNSTROM, Z.S.; PARKER, D.R. Development and assessment of a sequential extraction procedure for the fractionation of soil cadmium. Soil Science Society of America Journal, v.63, p.1650-1658, 1999.

ALLEN, S. E. Chemical analysis of ecological materials. 2.ed. London: Blackwell Scientific Publications, 1989. 368p.v.
FORSTNER, U. traceability of sediment analysis. Trends in analytical chemistry. Amsterdam, V. 23 p. 217-236, 2004.

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – Critérios de Avaliação da Qualidade de Sedimentos - 2009
MOZETO A.A.; ZAGGATTO, P.A. Introdução de agentes químicos no ambiente, In: Zaggatto, P.A.; BERTOLETTI, E.(Ed.) Ecotoxologia Aquática: princípios e aplicações. São Carlos: Rima, 2006. P. 295-320.