ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Impactos Ambientais na Qualidade da Água de Reservatórios de Hidrelétricas na Amazônia

AUTORES: ROCHA, J. C. F. DA (UFAM) ; CARTAXO, E. F. (UFAM)

RESUMO: O desenvolvimento econômico e o aumento da demanda energética estão interligados. Portanto cada país procura explorar suas reservas energéticas, no caso do Brasil, a maior oferta de energia vem da hidroeletricidade, tendo na região Amazônica um grande potencial desta fonte. Porém, nos casos observados, a construção de grandes hidrelétricas traz grandes impactos sociais e ambientais. As causas dos impactos ambientais que trazem mudanças para a qualidade da água dos reservatórios de hidrelétricas são o objeto de estudo deste artigo, especificamente nos reservatórios de hidrelétricas na Amazônia (Tucuruí, Samuel e Balbina). Através de uma revisão da bibliografia existente serão expostos os danos aos corpos hídricos situados no local de instalação destas hidrelétricas.

PALAVRAS CHAVES: hidrelétricas na amazônia, impactos ambientais, qualidade da água.

INTRODUÇÃO: A matriz de oferta interna de energia elétrica do Brasil é predominantemente hidrelétrica (76,90%). O esgotamento do potencial hidrelétrico próximo aos grandes centros industriais do sudeste conduziu a uma estratégia de exploração do potencial de duas regiões – a Amazônia e o sul do país – destinados a se transformar em exportadoras de eletricidade (Previsão de impactos, 1994).
Com a construção de grandes hidrelétricas os impactos ambientais negativos também são grandes, principalmente na região amazônica que, segundo Rovere (1992), possui uma pequena quantidade de dados básicos sobre as condições ambientais e sociais pré-existentes, além da insuficiência de metodologias disponíveis para avaliação de impactos ambientais diante da complexidade encontrada na própria identificação, interpretação e mensuração dos impactos ambientais, na consideração de seus efeitos sinérgicos e de sua dinâmica de propagação espacial e temporal.
Os impactos ambientais mais conhecidos são aqueles que dizem a respeito da biodiversidade e do deslocamento da população devido à inundação da área habitada, assim como as medidas compensatórias buscam atender esses impactos. E em segundo plano, porém não menos importantes estão os impactos na qualidade da água, mas pouco se fala sobre e as medidas compensatórias destes. Deixando a população sem acesso às transformações na qualidade da água que ocorre com a implantação de usinas hidrelétricas (UHE’s).
Portanto, este trabalho pretende expor algumas informações disponíveis de trabalhos científicos existentes com relação às causas da má qualidade da água nos reservatórios de Hidrelétricas da Amazônia, especificamente nas UHE’s Tucuruí, Samuel e Balbina.

MATERIAL E MÉTODOS: Partindo do funcionamento de uma usina hidrelétrica que se dá na seguinte ordem: a água é retida pela represa ou barragem formando um reservatório, a água represada escoa por um conduto forçado em declive e move as paletas da turbina, ao girar a turbina, move o eixo do gerador transformando a energia cinética em energia elétrica e através de cabos instalados em altas torres, a energia elétrica é distribuída.
Sabendo que um rio ao ser represado sofre várias modificações no seu percurso, adquirindo novas condições, transformando o sistema hidrológico, alterando a qualidade da água, perdendo a fauna e flora aquática e terrestre, deslocando a população localizada às margens do rio represado e aumentando a ocorrência de doenças endêmicas.
Porém o que será abordado neste trabalho está relacionado com as causas dos impactos negativos que acontecem devido à formação do reservatório através do represamento do rio. Isto será realizado através de uma revisão bibliográfica reunindo algumas informações disponíveis sobre este assunto nos reservatórios das hidrelétricas de Tucuruí, Samuel e Balbina.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre os objetivos de construir as hidrelétricas estão: fornecer energia para usinas de alumínio, para as cidades de Belém, São Luiz e Marabá e para a região Nordeste e posteriormente para a Amazônia Oriental, no caso da UHE Tucuruí (Fearnside, 2002 e CMB, 2000); fornecer energia a Rondônia, no caso da UHE Samuel; e, fornecer energia para a Zona Franca de Manaus, no caso da UHE Balbina.
A Figura 1 mostra um resumo de alguns dados das hidrelétricas Tucuruí, Samuel e Balbina.
Estas hidrelétricas estavam em construção antes do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) se tornarem obrigatórios no Brasil. Portanto não tiveram o EIA/RIMA, mas o que segue:
Tucuruí – em setembro de 1977 foram iniciados os estudos ambientais com uma avaliação preliminar concentrada no inventário da informação disponível e na identificação dos principais problemas potenciais, tais como a inundação da floresta (Goodland apud Previsão de impactos, 1994).
Samuel – a ELETRONORTE contratou uma série de estudos ambientais (Fearnside, 2004).
Balbina – foi realizado um diagnóstico preliminar dos efeitos ambientais do projeto hidrelétrico de Balbina, contemplando vários aspectos, inclusivo da qualidade da água do reservatório.
As principais causas de impactos ambientais na qualidade da água de reservatórios são oriundas do clima, temperatura, hidrodinâmica, lançamento de esgoto, vegetação existente na área alagada, entre outros aspectos antrópicos.
O que se observa dentre as principais mudanças que ocorreram nos reservatórios destas hidrelétricas foram: a decomposição da vegetação não retirada para a inundação do reservatório, baixos valores de oxigênio na camada superficial e completa anoxia na camada mais profunda (Arteaga, 2010).



CONCLUSÕES: O grande objetivo das usinas hidrelétricas é produzir energia, porém as consequências do planejamento que, geralmente, só considera os impactos que irão comprometer o empreendimento, trazem grandes impactos sobre o meio ambiente. Infelizmente a legislação existente para o estudo de impacto ambiental e a participação pública no processo de decisão da construção não foram suficientes para impedi-las. Observa-se que um dos principais fatores que leva à má qualidade da água é a não retirada da vegetação antes da inundação do reservatório, resultando na anoxia da água, comprometendo o seu uso.

AGRADECIMENTOS: A Deus.

Ao CNPq.

À professora Elizabeth Cartaxo pela orientação.

Às amigas Danielle Vieira e Márcia Costa pelo auxílio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ARTEAGA, R. C.; BLANCO, C, J. C.; LEITE, J. C. Análise para diminuição das perdas no processo de Geração de Energia Elétrica da UHE Balbina. Competitividade na Engenharia de Produção: Inovação e Sustentabilidade Joinville-SC, 22 a 24 de setembro de 2010.

CMB – COMISSÃO MUNDIAL DE BARRAGENS. Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Brasil) - Relatório Final. Novembro, 2000.

ELETROBRÁS. Disponível em: <http://www.eletrobras.com >. Acesso em: 01/07/2011.

FEARNSIDE, P. M. A Hidrelétrica de Samuel: Lições pra as políticas de Desenvolvimento Energético e Ambiental na Amazônia. Manaus: INPA, 2004.

FEARNSIDE, P. M. Impactos ambientais da barragem de Tucuruí: Lições ainda não aprendidas para o desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia. Manaus: INPA, 2002.

PREVISÃO DE IMPACTOS: o estudo de impacto ambiental no leste, oeste e sul: experiências no Brasil, na Rússia e na Alemanha. São Paulo: EDUSP, 1994. 569 p. ISBN 8531402603

ROVERE, E. L. L. Requisitos para a Inserção da Dimensão Ambiental no Planejamento da Geração Hidroelétrica na Amazônia. Revista Brasileira de Energia, v. 2, nº 1, 1992.