ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Análise de Metais Potencialmente Tóxicos nas águas da Bacia do Educandos (Manaus-AM)

AUTORES: MEDEIROS, A. D. (UFAM) ; FERREIRA, P.R.G. (UFAM) ; PESSOA JÚNIOR, E.S.F. (UFAM) ; SILVA, M.B. (UEA) ; SOUZA, K.S. (UFAM) ; SILVA, C.L. (UFAM) ; SANTANA, G.P. (UFAM)

RESUMO: Amostras de águas foram coletadas em 25 locais ao longo da bacia do Educandos, durante cheia (mai/2009) e seca (out/2009), para verificar os níveis de poluição da bacia do Educandos (Manaus-AM) em termos de metais potencialmente tóxicos (MPT). O pH e a condutividade elétrica(S) foram medidos em campo e a concentração dos MPT por FAAS (chama ar/acetileno) e vapor frio. Os dados obtidos foram tratados estatisticamente por análises de componentes principais(PCA), hierárquica(HCA) e interpolação por krigagem. Os resultados mostraram que S oscilou significativamente da cheia para a seca, enquanto o pH, independente da época de coleta, variou de 4,7 a 7,2. Os MPT Cu, Cd, Cr, Pb e Ni apresentaram as maiores concentrações. O PCA mostrou que existem correlações fortes entre Cu, Pb, Cd, Cr, Co e Ni.

PALAVRAS CHAVES: mpt, krigagem, aas

INTRODUÇÃO: Os efeitos das alterações das condições naturais de um ambiente aquático são maiores e preocupantes em cidades como Manaus, que possuem rica flora e fauna, além de ser amplamente cercada por rios e igarapés. Historicamente, os problemas ambientais de Manaus iniciaram com a implantação da Zona Franca de Manaus e, conseqüentemente o Pólo Industrial de Manaus (localizado entre o bairro do Educandos e a Zona Leste da cidade). As indústrias implantadas, com o lançamento de efluentes sem tratamento, acentuaram a degradação de rios e igarapés. O número de compostos nocivos lançados é altíssimo, seja pela negligência no tratamento de seus rejeitos antes de despejá-los nos rios, seja por acidentes e/ou descuidos (SANTANA & BARRONCAS, 2007). Localizada na Zona Sul da cidade, a bacia do Educandos é a parte da cidade mais exposta à poluição, pois além de ser densamente habitada, cerca de 500 indústrias estão instaladas por toda a região. Reconhecidamente suas águas estão alteradas, sua classificação passou de escuras para critérios de claras. Outra característica observada foi a temperatura que aumentou cerca de 2 ºC ao longo da bacia (GEOMANAUS, 2002). Nesse sentido, no presente trabalho foi determinada a concentração de MPT ao longo de toda a bacia do Educandos como forma de estabelecer os seus índices de poluição, além de identificar aquelas áreas de maior impacto ambiental.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de água foram coletas na profundidade de 30 em 25 sítios, distribuídos da seguinte forma: seis pontos no igarapé do Quarenta, cinco no igarapé de Manaus, quatro no igarapé do Mestre Chico, cinco ao redor da Baia e cinco distribuídos aleatoriamente ao longo da Bacia. Inicialmente cerca de 5,0 L foram recolhidos em balde de poliestireno, em seguida os valores de pH (potenciômetro Modelo pH 21/ mV) e condutividade elétrica (condutivímetro Modelo LF 37 Leitfahigkeit) medidos. Os MPT Cu, Cd, Cr, Co, Pb e Ni contidos nas amostras de água foram determinados por FAAS em espectrômetro GBC (modelo AAS 932 Plus) em chama de ar/acetileno, pelo método direto e corretor de fundo e CVAAS. As técnicas de HCA e PCA foram aplicadas ao conjunto de dados, formados por 8 variáveis medidas em 25 casos, usando o programa Statistica versão 7.0. O tratamento geoestatístico foi baseado na técnica de interpolação por krigagem, ordinária e simples, com ajuste dos modelos exponencial e gaussiano, e os semivariograma obtidos no Arcgis 9.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores de pH tem o mesmo comportamento na cheia; isto é os valores apresentam pouca variação entre si, enquanto na seca variou 1,48 unidades. Este resultado é diferente de ecossistemas aquáticos preservados de Manaus, que é formado por águas pretas com variação de 2,00 unidades (CLETO FILHO e WALKER, 2001). Os valores de S são caracterizados por uma variação sistemática da cheia para seca. Na cheia, S variou de 520 e 0,23 µS cm-1 e na seca de 643 a 0,26 µS cm-1. O dendograma mostra que não existe diferença em termos de concentração de metais da seca para cheia (Figura 1a). O PCA revelam correlações fortes positivas (r > 0,500) para Cr-S (0,545), Ni-S (0,611) Cd-Co. (1,000) na cheia, Cu-pH (0,616), Cd-S (0,662) e Pb-Cu (-0,676) na seca. O PC1 versus PC2 na cheia explicam 67,80% (PC1 34,31%: S, Ni, Co, Cu e Cd, PC2 19,73%: Co, Cd e Cr e PC3 13,76%: S, Cr, Ni). Na segunda coleta, PC1 (31,74%): pH, S, Cd, Cu e PC2 (27,01%). O PC-load mostram que as variáveis pH, S, Pb, Cr e Ni contribuem positivamente para a distribuição de pontos de coleta observada no gráfico da PC1 versus PC2 (Figura1b e 1c). O semivariograma referente a krigagem do Ni mostrou sua mobilização ao longo da bacia, sendo distribuído majoritariamente na área central, indicando a atividade industrial como principal fonte (Figura 2a). Em relação ao Cu, sua distribuição na cheia ocorre principalmente área inicial da bacia, indicando a atividade industrial e portuária como principal fonte de contaminação (Figura 2b).





CONCLUSÕES: As concentrações de Cu, Cd, Cr, Co, Pb e Ni são elevadas e os valores de S variaram significativamente ao longo de toda a bacia do Educandos da seca para cheia, indicando que o PIM é o principal responsável, com exceção de Hg e Zn, detectados apenas em alguns pontos de coleta. O HCA e PCA mostraram que não há variações significativas entre a cheia e seca na nascente para as concentrações de MPT. O PCA mostrou que existem correlações fortes entre Cu, Pb, Cd, Cr, Co e Ni.

AGRADECIMENTOS: à CAPES e a UFAM

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CLETO FILHO, S. E. N.; Walker, I. Efeitos da ocupação urbana sobre a macrofauna de invertebrados aquáticos de um igarapé da cidade de Manaus/AM – Amazônia Central. Acta Amazonica, 31(1): 69-89, 2001.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 357, de 17 de março de 2005. Padrões de qualidade de água. 2005.
GEOMANAUS. Projeto Geo Cidades - Relatório Ambiental Urbano Integrado. Rio de Janeiro: Consórcio Parceria, v. 21, p. 188, 2002.
SANTANA, G. P.; BARRONCAS, P. S. R. Estudo de metais pesados (Co, Cu, Fe, Cr, Ni, Mn, Pb e Zn) na Bacia do Tarumã-Açu Manaus – (AM). Acta Amazônica, v. 37, n. 1, p. 111 – 118, 2007.