ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ESTUDO PRELIMINAR DAS AÇÕES DE VARIAVÉIS FÍSICO-QUÍMICAS NA QUALIDADE DAS ÁGUA DE ABASTECIMENTO DO BAIRRO ASA BELA, VÁRZEA GRANDE – MT

AUTORES: CONCEIÇÃO, M.R. (IFMT) ; MARTINEZ, B.S. (UFMT) ; SILVA, A.S. (UFMT) ; VILLA, R.D. (UFMT) ; OLIVEIRA, A.P. (IFMT)

RESUMO: O trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade das águas de abastecimento do bairro Asa Bela, município de Várzea Grande – MT por meio de um estudo preliminar baseado na determinação de variáveis físico-químicas. Três amostras foram coletadas em regiões do bairro e uma no Departamento de Águas e Esgotos. As variáveis avaliadas foram: cor aparente, turbidez, condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido, nitrogênio amoniacal, alcalinidade, dureza, cloreto, fluoreto, nitrito, nitrato, sulfato, Na, K, Cd, Fe, Mn, Cu, Zn e Cr. Com exceção do Fe e do nitrito, os demais parâmetros atendem os requisitos da legislação. A escassa manutenção das redes de distribuição, a pressão negativa nas tubulações e a contaminação por esgotos sanitários podem ter contribuído para a presença destas espécies.

PALAVRAS CHAVES: água de abastecimento, qualidade, análise físico-química.

INTRODUÇÃO: A água de abastecimento fornecida à população deve ser potável, ou seja, antes de chegar às residências deve passar por estações de tratamento de águas onde serão realizados processos de tratamentos físico-químicos para a adequação aos parâmetros de potabilidade exigidos pela legislação. Porém, mesmo com todo o tratamento, a água tratada pode não estar totalmente livre de contaminações devido à ineficiência do tratamento convencional, interrupções momentâneas no sistema de abastecimento, além de possíveis vazamentos e rompimentos que podem provocar deteriorações bruscas na qualidade, pela infiltração de agentes poluidores (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
O município de Várzea Grande está localizado no Estado de Mato Grosso. O crescimento acelerado desde município ocorreu principalmente após o seu primeiro centenário, devido à instalação de indústrias, tornando esta cidade predominantemente comercial e industrial. As redes de distribuição de águas deste município são consideradas antigas, com manutenções escassas, causando assim preocupação aos moradores quanto à qualidade das águas de abastecimento devido a contaminações provocadas por tubulações metálicas existentes na rede, com possíveis corrosões ou incrustações, vazamentos e interações com efluentes sanitários e interrupções momentâneas no abastecimento (PMSS, 2008).
Neste contexto, este trabalho teve como objetivo um estudo preliminar da qualidade das águas de abastecimento do Bairro Asa Bela por meio da determinação de variáveis físico-químicas e a comparação com a Legislação vigente. As variáveis avaliadas foram: cor aparente, turbidez, condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido, nitrogênio amoniacal, alcalinidade, dureza, cloreto, fluoreto, nitrito, nitrato, sulfato, Na, K, Cd, Fe, Mn, Cu, Zn e Cr.


MATERIAL E MÉTODOS: A área de estudo foi o bairro Asa Bela, localizado no município de Várzea Grande, MT (latitude 15.63753 e longitude 56.12563). Quatro pontos de coletas foram selecionados: o Departamento de Águas e Esgotos (DAE), Residencial Alice G. Campos, Residencial Renato J. dos Santos e o Residencial Ataíde F. R .J dos Santos. Todas as amostras foram coletadas em triplicata, no dia 27 de fevereiro de 2011, e as torneiras de ligação direta foram abertas, deixando a água escoar por cerca de 1 minuto para a posterior coleta, no intuito de garantir a limpeza das tubulações e descarga de água parada.
Todos os procedimentos experimentais executados neste trabalho seguiram as especificações do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998) que são as normas técnicas ou procedimentos recomendados pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a determinação dos parâmetros físico-químicos de água para consumo humano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Para todas as determinações foram utilizadas vidrarias comuns a um laboratório de análises de águas, reagentes químicos e sistemas de gases com qualidade necessários para a determinação dos parâmetros físico-químicos propostos no trabalho. No preparo das soluções, padrões e das amostras foi utilizada água deionizada obtida em um sistema deionizador de águas Milli Q (Millipore®).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: A baixa turbidez, ausência de cor aparente e os valores de condutividade elétrica sugerem que as águas avaliadas são isentas ou contém baixas concentrações de sólidos em suspensão ou dissolvidos, e que os processos de remoção dos mesmos durante o tratamento de água é eficaz. (CETESB, 2009).
Os valores de pH indicam que os processos unitários que envolvem o ajuste de pH no tratamento das águas está sendo feito de forma eficaz. As concentrações de OD sugerem que as águas analisadas estão isentas ou contém um baixo teor de matéria orgânica. Porém, a concentração de OD pode contribuir para efeitos corrosivos nas tubulações metálicas da rede de distribuição (FIORUCCI, A. R., et. al., 2005). As águas avaliadas foram consideradas moles e a alcalinidade deve-se apenas a bicarbonatos, o que ocorre na maioria dos ambientes aquáticos.
Para as espécies metálicas, com exceção do Fe, todos os resultados estão abaixo dos valores máximos permitidos pela Portaria MS no 518/04, Resolução no 357/2005 do CONAMA para águas doces Classe 2 e da EPA. Estes valores podem ser atribuídos as características do manancial de captação, ausência de manutenção na rede distribuidora constituída de peças metálicas que associada ao alto teor de OD pode acelerar a dissolução do Fe das tubulações (MS, 2006).
As concentrações dos ânions sulfato, cloreto, fluoreto, nitrato e de nitrogênio amoniacal estão abaixo dos valores máximos permitidos pelas legislações (MS, 2004; CONAMA, 2005; EPA, 2010). Já as concentrações do íon nitrito estão acima dos valores estipulados (Figura1).
Figura1.
A presença de nitrito em águas naturais sugere a presença das formas oxidadas de nitrogênio, e que o foco de poluição está distante, possivelmente causado por efluentes sanitários dispensados sem tratamento no manancial.




CONCLUSÕES: Os resultados indicam a necessidade de novas coletas em diferentes períodos do ano que possam fornecer maiores informações para uma melhor avaliação da qualidade da água do bairro. Porém, vale salientar que a crescente da contaminação de águas por compostos nitrogenados vem merecendo destaque, uma vez que está se tornando um problema mundial, devido a sua ampla e diversificada procedência. Apesar do ferro não causar danos à saúde nas concentrações normalmente encontradas em águas naturais, pode provocar problemas de ordem estética e prejudicar determinados usos industriais.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao Laboratório de Análises de Contaminantes Inorgânicos (LACI) do Departamento de Química da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 212 p.
PMSS. Programa de Modernização do Setor Saneamento. Disponível em: <http://www.pmss.gov.br/Arquivos_PMSS/13_ASSISTENCIA%20TECNICA/Estados/_Mato%20Grosso/Relatorio_de_cada_municipio/Varzea_Grande-FINAL.pdf>. Acesso em: 06 de jul. 2011.
CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Série Relatórios. Significado Ambiental e Sanitário das Variáveis de Qualidade das Águas e dos Sedimentos e Metodologias Analíticas e de Amostragem. São Paulo, 2009. 44p.
APHA - AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20ª ed. Washington: American Public Health Association, AWWA, WPCF, 1998. 1569p.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria nº. 518, de 25 de março de 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/portaria_518_2004.pdf>. Acesso em 06 jul. 2011.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução nº 357 de 17 de fevereiro de 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em 10 mai. 2011.
USEPA STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY National Primary Drinking Water. Disponivel em: <http://water.epa.gov/drink/contaminants/index.cfm>. Acesso em: 06 jul. 2011.