ÁREA: Ambiental
TÍTULO: INVESTIGAÇÃO DE PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO UTILIZANDO METODOLOGIAS ANALÍTICAS
AUTORES: MELO,M.J.S. (UFCG) ; SILVA,D.D. (UFCG) ; MELO,M.F.S. (UFCG) ; SILVEIRA,G.C.L (UEPB)
RESUMO: O Município de Cuité-PB é abastecido por água proveniente do açude Boqueirão do Cais, entretanto a água tem apresentado altos teores de sais. O presente estudo teve como principal objetivo investigar propriedades físico-químicas (pH, turbidez, condutividade, cloreto e dureza) da água de abastecimento do município de Cuité. Foram coletadas amostras em triplicatas de residências, universidade e na CAGEPA totalizando 21 amostras. Os resultados médios foram pH = 7,8 -7,9 e 1,25 - 2,74 NTU para turbidez. Os valores de condutividade apresentaram intervalo de 560 a 780 µS/cm, os da dureza variaram de 117,10 a 126,13 mg/L de CaCO3 e os valores de cloretos de 3,3-4,5 mg de Cl-/L. O método de purificação utilizando resina de troca-iônica mista apresentou resultados satisfatórios para esta matriz.
PALAVRAS CHAVES: água de abastecimento, condutividade, resina troca-iônica
INTRODUÇÃO: A água é um dos elementos indispensáveis à vida, sendo uma das principais substâncias mais ingeridas pelo ser humano. A água para ser consumida pelo homem não pode conter substâncias dissolvidas em níveis tóxicos e nem transportar em suspensão microrganismos patogênicos que provocam doenças.
A forma de avaliar a sua qualidade é através das análises físico-químicas e microbiológicas realizadas por laboratórios especializados. No Brasil, existem padrões de potabilidade regidos por portarias e resoluções legais, que dão subsídios aos laboratórios na expedição de seus laudos. Torna-se necessário o conhecimento das propriedades físico-químicas das águas de abastecimento, como forma de monitoramento das condições ambientais, a qual estas águas estão inseridas e dessa forma garantir sua qualidade.
O abastecimento de água no município de Cuité-PB é feito para mais de 80% dos domicílios através da rede geral, e os restantes são abastecidos por poços e cisternas. A região não possui rede coletora de tratamento de esgoto e os resíduos são lançados em fossas sépticas construídas na própria residência ou lançados para uma lagoa localizada nos arredores da cidade. A matriz em estudo tem apresentado características de águas duras e com variação na sua cor.
Em razão dessas evidências o objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade físico-química da água de abastecimento do Município de Cuité-PB, fornecendo assim um diagnóstico de suas condições e propor metodologias por meio de resina de troca-iônica para minimizar o teor de sais.
MATERIAL E MÉTODOS: As análises físico-químicas foram realizadas no Laboratório de Química Analítica da UFCG/CES. As amostras de água foram coletadas em diferentes pontos do município de Cuité-PB, no período de março a maio de 2011, sendo observados os critérios de amostragem. O processo de amostragem envolveu coletas de amostras em triplicatas de diferentes pontos da cidade (zona norte, sul, pontos da Universidade) e amostras de residências (ponto 01, 02, 03 e 04) e outras provenientes da CAGEPA (pontos 05, 06 e 07) totalizando 21 amostras.
Para determinação das propriedades físico-químicas da água foram realizados testes de pH, turbidez, condutividade. Os métodos utilizados para medidas de dureza e cloreto foram os métodos titulométricos de complexação (EDTA) e precipitação (AgNO3) respectivamente. Todos os reagentes foram previamente padronizados (EATON et al.,1995).
Colunas com resina de troca iônica (resina mista) foram preparadas utilizando-se 100 gramas da resina mista, a qual, foi previamente regenerada com cloreto de sódio (NaCl) e lavada várias vezes com água destilada, sendo utilizado o processo de filtração. Para a montagem da coluna foi utilizado uma bureta de 25 mL, lã de vidro e água.
Após a preparação da coluna, as amostras de água coletadas no ponto 01 foram passadas através da mesma e em seguida foram realizados medidas de condutividade, dureza e o teor de cloretos. Os valores obtidos antes e após o tratamento pela coluna de troca-iônica foram comparados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras de águas coletadas dos pontos 02, 04 e 05 apresentaram diferenças de coloração com relação aos pontos 01 e 03 (amostras coletadas de caixas d´água). As diferenças encontradas foram principalmente devido à existência de material particulado presente nas amostras. Esses materiais particulados podem estar relacionados com a provável ineficiência do processo de floculação e/ou com o perfil da tubulação de percurso dessas águas da CAGEPA.
Os resultados obtidos apresentaram que há uma diferença nas medidas de turbidez das águas coletadas de caixas d´água de residências, para as águas coletadas direto da rede da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba.
As medidas de pH e turbidez encontram-se dentro dos parâmetros previsto pelo Ministério da Saúde (6,0-9,5 e turbidez 5 NTU). Os valores médios para os diferentes pontos de amostragem foram pH = 7,8-7,9 e 1,25- 2,74 NTU para turbidez cujos valores estão dentro do padrão de potabilidade (BRASIL, 2004).
As medidas de condutividade das amostras de residências da região leste e oeste da cidade e em pontos da Universidade indicaram valores médios = 584 µS/cm, e para os pontos de amostragem no sistema de tratamento da CAGEPA apresentaram valores médios do ponto final da amostragem (após a cloração) correspondente a 560 µS/cm, Tabela 1.
Os valores das medidas de dureza apresentaram valores médios de 117,10 – 126,13 mg CaCO3/L indicando ser uma água dura por estar dentro do intervalo entre 100-200 mg CaCO3/L.
Após a etapa de abrandamento das águas por coluna utilizando resina de troca-iônica mista com a amostra do ponto1, foi possível diminuir a condutividade de 565 para 368 µS/cm e para os valores de dureza de 120,15 para 24 mg CaCO3 /L (Figura 1). Os valores da concentração de cloreto passaram de 3,5 para 0,5 mg Cl- /L.
CONCLUSÕES: Os resultados encontrados indicam que a água de abastecimento do Município de Cuité-PB encontram-se dentro dos padrões de potabilidade com relação a pH e dureza. Em relação à turbidez observou-se uma ineficiência no processo de decantação/floculação, influenciando o perfil das águas fornecidas. O processo de abrandamento utilizado contribuiu para minimizar os teores de sais.
Portanto, o processo de utilização de resina de troca-iônica mista apresenta-se como uma alternativa para redução dos teores de sais presente na referida água de abastecimento.
AGRADECIMENTOS: PIVIC – PROPEX/UFCG 2009/2010. A Companhia de águas e Esgotos da Paraíba – CAGEPA pelo fornecimento das amostras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. EATON, A.D.; CLESCERI, L.S.; GREENBERG, A.E. Standard Methods for the examination of Water and Wasterwater, American Public Health Association, Washington, 1995.
2. BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria n.º518, de 25 de março de 2004. Dispõe sobre normas de potabilidade de água para o consumo humano. Brasilia: SVS, 2004.