ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Analise Microbiológica e Determinação de Cromo e Chumbo no Córrego Limoeiro (Município de Patos de Minas)
AUTORES: PEREIRA C. C. S. (FMB) ; CASTRO I. F. (FPM) ; SANTOS W. B. (UFMT)
RESUMO: O estudo teve como objetivo verificar a qualidade da água do Córrego do Limoeiro, no
município de Patos de Minas-MG e apresentar os resultados obtidos à Associação do
Córrego Limoeiro (ACOL), que utilizam esse recurso hídrico, em atividades de irrigação,
abastecimento humano e animal. Os resultados microbiológicos e químicos obtidos,
mostram um quadro de contaminação da água por coliformes totais e
metais pesados, o que inviabiliza a utilização da agua para consumo humano. Diante
deste fato, a Associação do Córrego do Limoeiro (ACOL) foi alertada dos riscos do
consumo deste recurso e orientada a buscar providências junto aos órgãos públicos,
para solução dos problemas observados.
PALAVRAS CHAVES: córrego do limoeiro. qualidade da água. riscos à saúde
INTRODUÇÃO: Podemos avaliar o grau de desenvolvimento de um povo pela qualidade da água e dos
serviços de saneamento que lhe são oferecidos. A situação do Brasil, em relação a
esse aspecto, é precária, sendo poucos os governantes que investem nesse setor. As
fontes de contaminação em águas superficiais (rios, córregos, etc) estão, em geral,
diretamente associadas a despejos domésticos, industriais, chorume oriundo de
depósitos de lixo clandestinos e atividades agrícolas. A bacia hidrográfica do
córrego do Limoeiro, município de Patos de Minas – MG, abastece moradores
pertencentes a Associação do Córrego Limoeiro (ACOL), que utilizam esse recurso em
atividades de irrigação e abastecimento humano e animal. A bacia do Córrego do
Limoeiro, possui uma área total aproximada de 1.500 há, sendo que a extensão total do
rio nesta área é de 8.800 m, desde a sua nascente até desaguar no rio Paranaíba. Está
área, é formada por 30 propriedades e cerca de 40 residências, que formam a
Associação do Córrego do Limoeiro. Esse estudo teve como objetivo principal,
determinar se a água utilizada pelos membros da ACOL, apresentava condições adequadas
para consumo humano, e também, determinar se as atividades agrícolas da região
interferiram na qualidade da água, uma vez que é pratica comum na região, utilizar o
processo de ferti-irrigação utilizando material obtido em curtumes.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram realizadas coletas em pontos aleatórios escolhidos de forma a representar
o maior números de Associados da ACOL que utilizam as águas do córrego limoeiro para
consumo.
Coletas
Os testes microbiológicos foram realizados utilizando frascos esterilizados de
forma a preencher cerca de 3/4 do do recipiente.
A amostragem da água para a análise dos metais (Pb, Cr) foi realizada
coletando-se 1,0 litro da água em um frasco de vidro âmbar, realizando em cada coleta
medidas de pH e a temperatura da água.
Analise Microbiológica
A analise microbiológica foi realizada segundo Água de consumo – Ensaios
Microbiológicos (NBR ISO/IEC 17025).
Incorporou-se um inóculo de 1 mL em 15-20 mL de meio plate count agar (PCA)
fundido, e inoculou-se mínimo uma caixa de Petri por cada temperatura de incubação
Deixou a solução solidificar, inverteu-se e incubou-se um conjunto a 37+/-2ºC
durante 44 +/- 4h e o outro conjunto a 22 +/- 2ºC durante 68 +/- 4h. Observou-se as
caixas ao término do tempo de incubação, e determinou como número de UFC/mL da
amostra para cada temperatura.
Analise Química
A analise de presença dos metais Pb e Cr, foi realizada utilizando o método de
análises de metais por espectroscopia de absorção atômica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 1a, mostra as principais atividades observadas na região de estudo,
destacando-se a horticultura e o lazer como as principais práticas realizadas pelos
membros da ACOL. Essa micro-bacia é composta pelas águas de derivações (50%),
nascentes (25%) e rego d’água do córrego (25%) como observado na Figura 1b. As
amostras coletadas representam cerca de 80% da população da ACOL, que utiliza as
aguas da micro-bacia. Durante a coleta as amostras tiveram o seu pH avaliado, sendo
observado um valor de 6,0 à 7,5, estando dentro do padrão recomendado (Resolução 357
- CONAMA). Os resultados microbiológicos mostraram que todas as amostras,
apresentaram a presença de coliformes totais e bactérias termotolerantes, em valores
superiores a 2.400 UFC (Unidade Formadora de Colônia), muito acima do que prevê a
Portaria n° 518 (ANVISA),que determina ausência de coliformes totais e bactérias
termotolerantes em 100ml. Os testes químicos para a determinação dos metais Cr e Pb
revelaram a presença do cromo (figura 2) em seis dos sete pontos analisados, em
valores muito acima do que e permitido por lei (Resolução nº. 357, CONAMA). Esses
resultados químicos sugerem que o processo de contaminação pode se atribuído, em
grande parte, à drenagem pluviométrica de solos agrícolas e ao fluxo de retorno da
irrigação. Na área de estudo, foi observado em várias propriedades a prática de
ferti-irrigação, utilizando subprodutos obtidos em curtumes da cidade o que poderiam
justificar a presença do cromo, nas amostras. O chumbo (Pb) não foi observado nas
amostras analisadas.
CONCLUSÕES: Os resultados obtidos mostram um quadro de contaminação química e microbiológica da
água utilizada pelos ACOL. A população consome de forma regular a água contaminada,
ação
que deve ser imediatamente interrompida, a fim de se evitar maiores problemas de saúde
aos membros da associação. Medidas saneadora devem ser imediatamente implementadas para
água potavel e de qualidade a essa população, e ainda é importante oferecer
treinamento, através da ACOL, aos produtores concientizando-os sobre os riscos de
utilização do processo de ferti-irrigação material obtido em processos industriais.
AGRADECIMENTOS: Os Autores agradecem a FPM, FMB e UFMT peo apoio e infra estrutura oferecida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1) Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências.
2)FREITAS, Marcelo Bessa; BRILHANTE, Ogenis Magno; ALMEIDA, Liz Maria. Importância da análise de água para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Cadernos de Saúde Pública, v. 17, n. 3, p. 651-660, Rio de Janeiro, mai./jun. 2001.
3)DONADIO, Nicole M. M., GALBIATTI, João A. PAULA, Rinaldo C. de. Qualidade da água de nascentes com diferentes usos do solo na bacia hidrográfica do córrego Rico, São Paulo, Brasil. Engenharia Agrícola, v.25, n.1, p.115-125, Jaboticabal, jan./abr. 2005.
4)PRUSKI, Fernando F. et al. Impacto das vazões demandadas pela irrigação e pelos abastecimentos animal e humano, na bacia do Paracatu. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.11, n.2, Campina Grande, mar./abr. 2007.
5) VEIGAS, Marcelo Motta. et al. Análise da contaminação dos sistemas hídricos por agrotóxicos numa pequena comunidade no Sudeste do Brasil. Cadernos de Saúde Pública. v. 22, n. 11, p. 2391-2399, Rio de Janeiro, nov. 2006.
