ÁREA: Ambiental

TÍTULO: A MONITORAÇÃO AMBIENTAL DA CENTRAL NUCLEAR ALMIRANTE ÁLVARO ALBERTO

AUTORES: CARDOSO, S.N.M. (ELETRONUCLEA) ; TAVARES, P.G. (ELETRONUCLEA) ; BARBOZA, E. (ELETRONUCLEA)

RESUMO: A monitoração do meio ambiente ao redor da Central Nuclear é feita para verificar a ocorrência de possíveis impactos causados pela operação das usinas. Para isto, coletam-se diversas amostras ambientais para análises radiométricas, para se detectar a presença de radionuclídeos, a fauna e a flora marinha são estudadas para se verificar a existência de um possível impacto causado pela elevação da temperatura da água do mar, usada como refrigeração dos condensadores das usinas e, por fim, a qualidade das águas salinas, potáveis e industriais e os efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto pertencentes à Central Nuclear. Esta monitoração mostra que, até hoje, não foi detectada nenhuma mudança significativa no meio ambiente, causada pela operação das usinas.

PALAVRAS CHAVES: monitoração / usina nuclear / meio ambiente

INTRODUÇÃO: A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) está localizada no município de Angra dos Reis e é constituída por 3 unidades do tipo PWR: Angra 1 – de 640 MW de potência, projeto Westinghouse (EUA), em operação comercial desde 1985; Angra 2 – de 1.350 MW de potência, projeto Siemens/KWU (Alemanha), em operação comercial desde 2001; Angra 3 – usina idêntica à Angra 2, em construção, com previsão de entrada em operação em 2014.
O Laboratório de Monitoração Ambiental (LMA) tem como objetivo monitorar a área sob influência da operação da Central Nuclear, compreendida pelos municípios de Angra dos Reis e Paraty.
A monitoração ambiental é realizada através três programas sendo coordenados pelos setores de Radioquímica (Programa de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional), de Biologia (Programa de Monitoração da Fauna e Flora Marinha) e de Química (Programa de Monitoração e Controle da Qualidade das Águas).
No final da década de 70 até o início dos anos 80 foi realizado um extenso levantamento de informações ambientais no entorno da CNAAA. Este estudo denominado Pré-Operacional, teve como objetivo gerar um diagnóstico da região permitindo que fosse estabelecido o back-ground radiológico, bem como a situação das comunidades biológicas e a qualidade química ambiente.
Os resultados dos programas são comparados com os obtidos no estudo pré-operacional e enviados aos órgãos fiscalizadores, que são a CNEN, o INEA e o IBAMA.
Como conclusão deste trabalho, até hoje, não foi detectada nenhuma mudança significativa no meio ambiente, causada pela operação das usinas nucleares.


MATERIAL E MÉTODOS: No Programa de Monitoração Radiológico, as amostras, pontos e frequência de coleta foram definidos para serem representativos dos caminhos críticos da radiação ao homem, caso ocorra um acidente com liberação líquida ou gasosa. A monitoração consiste em medições diretas de radiação no ambiente, através de dosímetros termoluminescentes (DTL), além da análise radiométrica de diversas matrizes ambientais de origem aérea, marinha e terrestre, em que se pesquisa a presença de radionuclídeos artificiais formados dentro do reator nuclear e liberados acidentalmente para o meio ambiente. As amostras são preparadas para contagem no LMA (filtradas, calcinadas e pesadas) e analisadas por espectrometria gama e cintilação líquida.
As usinas utilizam água do mar para a refrigeração dos condensadores. Nesta operação, a água do mar é aquecida antes de ser liberada. O programa estuda a possibilidade de ocorrer algum impacto à fauna e à flora marinhas causada por este aquecimento na enseada da Piraquara de Fora, onde está localizada a descarga das usinas. Este trabalho estuda as características biológicas das comunidades fito e zooplanctônicas, fito e zoobentônicas e necton. Este estudo é realizado no campo, em locais definidos no pré-operacional e no LMA.
O Programa de Monitoração da Qualidade das Águas tem, por objetivo, monitorar a qualidade das águas salinas, potáveis e industriais, nas áreas de influência da CNAAA, além dos efluentes das Estações de Tratamento de Esgotos das 3 usinas. As análises são de balneabilidade das praias, potabilidade da água consumida nas usinas e nas vilas de moradores e, no caso dos efluentes das ETE's, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Resíduos Não-Filtráveis Totais e Resíduos Sedimentáveis, de acordo com as normas do INEA (antiga FEEMA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O LMA realizada a monitoração ambiental da área sob influência da Central Nuclear desde 1978, antes portanto do início da operação da Usina Nuclear de Angra 1, em 1982, em cumprimento às exigências de licenciamento das unidades 1 e 2.
Durante todo o período operacional das usinas Angra 1 e Angra 2, nenhuma modificação significativa foi detectada no meio ambiente, quer a nível de fauna e flora marinhas, quer a nível radiológico, quando comparado ao pré-operacional.
O Programa de Monitoração da Qualidade das Águas comprova que as condições de balneabilidade das praias e a potabilidade da água consumida tanto nas usinas quanto nas vilas residenciais, não sofrem interferência da operação das usinas. Da mesma forma, os efluentes das ETE’s estão dentro dos valores estabelecidos pelas normas vigentes.
É esperado que, com a entrada em operação da Usina Nuclear de Angra 3, o meio ambiente continue da mesma forma que se encontra hoje.


CONCLUSÕES: Pelo trabalho de monitoração realizado pelo Laboratório de Monitoração Ambiental, pode-se concluir que uma usina nuclear não causa nenhum impacto no meio ambiente.
Os valores e as observações obtidos atualmente, quando comparados ao período pré-operacional, comprovam que não houve nenhum impacto significativo ao meio ambiente causado pela operação das duas usinas.
É esperado que, com a entrada em operação da Usina Nuclear de Angra 3, não haja nenhuma mudança no meio ambiente e que ele continue da mesma forma que se encontra hoje.


AGRADECIMENTOS: Agradecemos aos colegas do Laboratório de Monitoração Ambiental, que realizam estes trabalhos de monitoração de maneira incansável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. ELETRONUCLEAR S.A. – “Final Safety Analysis Report (FSAR) – Angra 1” – Cap.11.6 – Revisão 35 – 2010.

2. ELETRONUCLEAR S.A. – “Final Safety Analysis Report (FSAR) – Angra 2” – Cap.11.6 – Revisão 11 – 2010.

3. ELETRONUCLEAR S.A. – “Programa de Monitoração Ambiental Radiológico Operacional (PMARO)” – Revisão 09 – 2010.

4. NATRONTEC – Estudos e Engenharia de Processos Ltda. – “Estudo de Impacto Ambiental (EIA) / Relatório de Impacto de Meio Ambiente (RIMA)” – Usina Nuclear Angra 2 – 1998.

5. COMISSÃO NACIONAL DE ENRGIA NUCLEAR (CNEN) – Norma CNEN-NN-3.01 – “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica” – Janeiro 2005.

6. COMISSÃO NACIONAL DE ENRGIA NUCLEAR (CNEN) – Posição Regulatória 3.01/008 – “Programa de Monitoração Radiológica Ambiental” – Novembro 2005.

7. Environmental Measurements Laboratory (E.M.L.) – HASL-300 – “Procedures Manual” - U.S. Atomic Energy Comission - New York - 1972.

8. Yankee Atomic Environmental Laboratory (Y.A.E.L.) – “Procedures Manual” - 1980.

9. U.S. NUCLEAR REGULATORY COMISSION - NUREG 1301 – “Offsite Dose Calculation Manual Guidance: Standard Radiological Effluent Controls for Pressurized Water Reactors”- 1991.

10. U.S. NUCLEAR REGULATORY COMISSION - Regulatory Guide 4.8 – “Environmental Technical Specifications for Nuclear Power Plants” - Revision 1, Washington, 1975.

11. Resolução Conama nº 357, de 17 de março de 2005.

12. Portaria Nº 518 – “Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade”. Ministério da Saúde, 25 de março de 2004.

13. INEA – Norma Técnica NT-319 – “Critérios de Qualidade da Água para Preservação de Fauna e Flora Marinhas Naturais”.

14. INEA – Norma Técnica NT-202 – R.10 – “Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos”.

15. INEA – Norma Técnica NT-311 – “Critérios de Qualidade de Água de Recreação em Água Salgada – Contato Primário”.

16. INEA – Norma Técnica DZ-942 – R.7 – “Diretriz do Programa de Auto-Controle de Efluentes Líquidos”.

17. INEA – Norma Técnica DZ-215 – R.3 – “Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável em Efluentes Líquidos de Origem Não-Industrial”.

18. SCHIEDER, MARCHL. – “Photometric Determination of Hydrazine”. Analysis Instructions nº 1-003.