ÁREA: Ambiental
TÍTULO: INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE OS TEORES DOS MICRONUTRIENETES Fe, Cu, Zn e Mn NO EXPERIMENTO ‘TERRA PRETA NOVA’ (TPN)
AUTORES: NEVES, P. A. P. F. G. (UEPA) ; AMARANTE, C. B. (MPEG) ; RUIVO, M. L. P. (MPEG) ; KERN, D. C. (MPEG) ; PICCININ, J. L. (MPEG)
RESUMO: O Experimento Terra Preta Nova (TPN) consiste na adição ao solo de resíduos orgânicos
encontrados em grande escala, como resíduos de serraria associados aos resíduos de
abatedouros e carvão. O experimento busca reproduzir os atributos químicos de solos
denominados de Terra Preta Arqueológica (TPA) que são altamente férteis, estáveis e
ricos em matéria orgânica, apresentando, de um modo geral, altos teores macro e
micronutrientes. O presente trabalho teve como objetivo conhecer a variação sazonal dos
micronutrientes (Fe, Cu, Zn e Mn) de amostras de solo TPN. A determinação dos
micronutrientes foi realizada por espectrometria de absorção atômica de chama. Os
resultados mostraram que no período chuvoso as associações favoreceram o aumento destes
elementos no solo.
PALAVRAS CHAVES: terra preta nova; micronutrientes; absorção atômica
INTRODUÇÃO: Acredita-se que os solos altamente férteis e estáveis denominados de Terra Preta
Arqueológica (TPA) têm sua origem não intencional a partir do depósito de material de
origem vegetal e animal pelo homem pré-histórico (KERN; KÄMPF, 1989; KERN, 1996).
Solo TPA apresenta coloração escura (10 YR 2/1) devido à grande concentração de
matéria orgânica depositada no solo onde são encontrados ainda fragmentos cerâmicos,
carvão e artefatos líticos, característica que se diferencia dos outros tipos de
solos presente na Amazônia. De modo geral as TP’s apresentam altos teores de Ca, Mg,
P, bem como Cu, Zn, Mn, C, sendo que os níveis desses elementos são variáveis entre
os sítios arqueológicos. A partir da compreensão do processo de formação e atributos
dos solos TPA, estudos voltados para o desenvolvimento de tecnologias na replicação
de Terra Preta Nova (TPN) estão em andamento no nordeste do Pará utilizando a adição
ao solo de material orgânico encontrados em grande escala, como resíduos de serraria,
abatedouros e carvão. Nesse sentido, o Experimento Terra Preta Nova é realizado em
uma área de 4 hectares cedida pela Empresa Tailâminas Plac, por um período previsto
de 25 anos, sendo realizadas duas coletas anuais. O início do experimento foi em
março de 2004 e está localizado no município de Tailândia situado cerca de 200 km de
Belém, às margens da PA 150, no nordeste do Pará. A área cedida para a realização do
Experimento fica na área de servidão da linha Tucurui/Albras, onde não é permitido
construir edificações, bem como plantar árvores de grande porte. O presente trabalho
teve como objetivo avaliar o efeito da variação sazonal sobre os teores de Fe, Cu, Zn
e Mn em amostras do Experimento Terra Preta Nova.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de TPN foram coletadas em outubro de 2009 referente ao período seco (12°
coleta), e março de 2010 referente ao período chuvoso (13° coleta). Neste experimento
são utilizados resíduos de serraria, que são descartados em grande quantidade pelas
empresas madeireiras, associados aos resíduos de açougue, com o objetivo de dar uma
utilização mais eficaz a esses resíduos, considerados problemáticos e que são
descartados no ambiente e, ao mesmo tempo, produzir um solo mais fértil, semelhante
ao solo TPA, denominado Terra Preta Nova (TPN). No Experimento TPN foram implantados
17 tratamentos com quatro repetições cada, totalizando 68 parcelas, medindo 3 m x 3 m
cada como mostra a tabela 1.
Tabela 1 - Parcelas experimentais do Experimento Terra Preta Nova (TPN)
1 C 5 C+RPS 9 RPS+ RA 13 RPS+RLT+RA 17 C+RPS+RA
2 RPS 6 C+RLT 10 RLT+RA 14 C+RPS+RLT+RA
3 RLT 7 C+RA 11 C+RPS+RLT 15 C+RPS+RLT+RA+S
4 RA 8 RPS+RLT 12 C+RLT+RA 16 B
C: carvão; RPS: resíduos de pó de serra; RLT: resíduos de lâmina triturada; RA:
resíduos de ossos; S: sangue + gordura; B: branco
A metodologia utilizada para a digestão das amostras foi a proposta pelo Manual de
Análise de Solos (SILVA, 2003). A determinação dos micronutrientes (Fe, Mn, Zn, Cu)
foi realizada em um Espectrômetro de Absorção Atômica com Chama, marca Instrumentos
Científicos C. G., modelo AA 904, equipado com corretor de fundo com lâmpada de
deutério. As curvas analíticas foram construídas utilizando soluções de referência
obtidas através da diluição sucessiva de soluções estoque 1000 mg L-1 Titrisol
(Merck, Darmstadt, Germany) nas seguintes faixas lineares: Fe (10–80 mg L-1), Mn
(1,5–3,5 mg L-1), Zn (0,5–1,5 mg L-1) e Cu (1–5 mg L-1). Os teores de micronutrientes
referente a 13° coleta foram estudados por Leoncio et al (2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em geral, o Fe foi o micronutriente mais abundante em ambos os períodos, sendo que no
período seco (12° coleta) o elemento Fe apresentando em média uma concentração de 68
mg kg-1, no período chuvoso a concentração média foi de 83 mg kg-1. Verificou-se que
em ambos os períodos os tratamentos que possuem resíduos de pó de serra e resíduos de
lâmina triturada favoreceu, na o aumento do Fe. Em relação ao Mn no período seco
todas as parcelas apresentaram foram encontrados valores inferiores com média de (9
mg kg-1) quando comparado com o tratamento B (13,5 mg kg-1). Já no período chuvoso o
maior teor encontrado foi 12,62 mg kg-1 no tratamento que possui adição de carvão(C)
em comparação com o branco do experimento (9,2 mg kg-1). Em relação ao Zn no período
seco, somente no tratamento RPS há uma concentração superior (0,91 mg kg-1) quando
comparada com o branco do experimento (0,83 mg kg-1), os demais tratamentos
apresentam valores inferiores a 0,83 mg kg-1. No período chuvoso foi observado que o
maior teor desse elemento (35 mg kg-1) foi no tratamento (C+RPS+RLT), sendo que as
demais parcelas apresentaram baixo teor do mesmo, quando comparada à este tratamento,
evidenciando-se a baixa disponibilidade de zinco no solo destas parcelas. Para o Cu
no período seco somente os tratamentos C, RLT, RPS+RLT+RA e C+RPS+RA apresentam
valores superiores ao B (0,06 mg kg-1). No período chuvoso o elemento cobre
apresentou os maiores teores nos tratamentos (RA; C+RPS; C+RLT+RA), com teores de
(5,50; 6,50; 13,50 mg kg-1), e o B apresentou concentração igual a 0,54 mg kg-1.
CONCLUSÕES: De um modo geral, o micronutriente mais abundante no Experimento Terra Preta Nova é o
elemento ferro em ambos os períodos, porém sua maior concentração foi encontrada no
período chuvoso (13° coleta). Também foi observado que a adição de resíduos de lâmina
triturada, resíduos de pó de serra favorecem o enriquecimento deste elemento no solo.
Em relação ao período seco nenhum dos substratos ou combinações destes favoreceu o
aumento no teor de Mn, Zn e Cu no solo. Já no período chuvoso observou-se que as
associações favoreceram o aumento destes elementos no solo.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela concessão de bolsa de iniciação científica ao primeiro autor deste
trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: COSTA, J. A. et al. Geoquímica das Terras Pretas Amazônicas. In: As Terras Pretas de Índio da Amazônia: Sua Caracterização e Uso deste Conhecimento na Criação de Novas Áreas. 38 ed. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2009.
LEONCIO, R. R.; AMARANTE, C. B.; RUIVO, M. L. P.; D´AQUINO, G. I. R. LEONCIO, R. R. Efeito dos diferentes tratamentos do experimento ‘Terra Preta Nova’ sobre os teores dos micronutrientes Fe, Cu, Zn e Mn no solo. Rev. Enciclopédia Biosfera, V. 7 Nº 12, p.1 – 9, 2011
KERN, D.C.; KÄMPF, N. Antigos assentamentos indígenas na formação de solos com Terra Preta Arqueológica na região de Oriximiná, Pará. Rev. Bras. Cien. Solo, v.13, p. 219-225, 1989.
SILVA, S. B. Análise de Solos. Belém: Universidade Federal da Amazônia, 2003.