ÁREA: Ambiental
TÍTULO: CUSTO DIFERENCIAL DA RECICLAGEM DE POLIETILENO
AUTORES: SILVA, E. A. (UFPI) ; MOITA NETO, J. M. (UFPI)
RESUMO: Na comparação dos custos dos processos de produção de artefatos de polietileno e de
polietileno reciclado, contatou-se que existem limites para a produção e o consumo de
reciclados. Na produção, a utilização de água para limpeza da matéria-prima e de
energia para a sua secagem oneram o processo e são ambientalmente questionáveis. No
consumo, existe a restrição sanitária de produtos reciclados para indústria de
alimentos, limitando o mercado do reciclado. A Avaliação do Ciclo de Vida é
indispensável para aqueles que gostariam de fazer escolhas ambientalmente adequadas;
pois, essa análise fornece informações confiáveis do ciclo de vida completo do produto.
Uma postura pró-ativa dos cidadãos em relação às questões ambientais influencia na
viabilidade econômica e ambiental da reciclagem.
PALAVRAS CHAVES: reciclagem; polietileno; avaliação do ciclo de vida.
INTRODUÇÃO: O plástico é visto por muitos como vilão do meio ambiente, principalmente, pelo tempo
que leva para se degradar e pela grande descartabilidade. Por outro lado, na visão
dos produtores de resinas termoplásticas, o plástico é capaz de gerar milhares de
empregos, contribuir para a manutenção da saúde pública, evitando doenças e
infecções, garantir a conservação e a preservação de alimentos e movimentar grande
parcela da economia (QUATTOR, 2011).
De acordo com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI (2009), os
tipos de polímeros mais consumidos, atualmente, são os polietilenos, polipropilenos,
poli (cloreto de vinila), poliestirenos, poliésteres e poliuretanos. Grande parte dos
plásticos transformados pela indústria são destinados ao setor de embalagens em
geral, ou seja, produtos de baixo tempo de ciclo de vida e de grande
descartabilidade.
Diante do aumento de consumo dos plásticos, a reciclagem é uma das formas encontradas
de gerenciar os seus resíduos pós-consumo. Entretanto, é preciso considerar que nem
sempre a reciclagem é a prática mais adequada econômica e ambientalmente. Isso
porque, pode demandar mais fluxo de matéria e energia que o desenvolvimento inicial
do produto.
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) auxilia a escolha de produtos ou processos
ambientalmente corretos. Conforme Arvanitoyannis (2008), o estudo da ACV compreende o
ciclo de vida completo do produto, processo ou atividade, incluindo a extração e
processamento de matérias-primas, manufatura, transporte, distribuição, uso,
reutilização, manutenção, reciclagem e rejeição final.
Portanto, a ACV podem dar subsídio a mudanças importantes nos processos de produção e
nos produtos, através do conhecimento do uso otimizado de matéria e energia.
MATERIAL E MÉTODOS: Baseado em visitas realizadas em indústrias de plásticos de Teresina-PI, foi feita
comparação qualitativa dos custos dos processos de produção de artefatos de
polietileno e de polietileno reciclado. Durantes as visitas, foram anotadas as
matérias-primas utilizadas, as etapas do processo produtivo, os tipos de produtos que
industrializavam e os tipos e volumes de embalagens utilizadas para o
acondicionamento dos produtos. Foram identificados e analisados aspectos comuns a
produção de artefatos plásticos com polietileno e polietileno reciclado tais como o
processo de extrusão e acabamento. Os aspectos diferenciais que definem a relação
custo-benefício na produção e utilização do polietileno reciclado são os seguintes:
preparação de plástico pós-consumo para produção de resina (origem da matéria-prima),
restrições do mercado de reciclados e a postura do cidadão na aquisição de produtos
reciclados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As indústrias visitadas utilizam polietileno e produzem polietileno reciclado para a
produção de embalagens (sacos, sacolas, garrafas e tampas para material de limpeza).
O processo utilizado pelas indústrias é a extrusão.
Para a produção do grão de resina, a partir de resíduos plásticos pós-consumo, é
feita a seleção de plástico adequado para o processo de reaproveitamento, esse
material é colocado em uma esteira, onde é feita a detecção e a retirada de metais.
Após a esteira, o plástico é triturado e lavado no moinho, seguindo para o agitador,
onde o material de interesse é selecionado por densidade. Posteriormente, o plástico
é encaminhado aos secadores e, novamente, para outro moinho, a fim de ser cortado em
partes ainda menores. Em seguida, o plástico e o pigmento são colocados na extrusora.
Ao final deste processo tem-se a matéria-prima denominada de resina reciclada.
No caso do polietileno virgem não ocorrem estas etapas indo a resina virgem direto
para extrusora. Portanto, durante o processo os aspectos diferenciais são a
utilização de água e de energia para a realização da limpeza e secagem do plástico
pós-consumo na produção da resina reciclada, além da geração de efluentes.
O filme plastificado (polietileno e polietileno virgem) segue para impressão, corte,
solda, rebobinadeira e acabamento. O mercado de produtos reciclados tem restrições
sanitárias para utilização de embalagens na indústria alimentícia. Os limites de
materiais plásticos e os eventuais aditivos que compõe as embalagens de alimentos são
disciplinados pela ANVISA.
Além dos aspectos técnicos e legislativos levantados, falta uma postura pró-ativa dos
consumidores em relação às questões ambientais, que poderia ser efetivada com a
prática da coleta seletiva e a opção por produtos reciclados.
CONCLUSÕES: A escolha por utilização de polietileno reciclado nem sempre é ambientalmente mais
adequada. É indispensável uma avaliação do ciclo de vida do processo e do produto e do
mercado a que se destina. Há uma dinâmica que vincula a viabilidade econômica e ação da
sociedade, que pode minimizar custos de modo a tornar a reciclagem a melhor escolha.
Por exemplo, uma identificação mais clara dos diferentes tipos de polímeros e coleta
seletiva por polímero específico (e não pelo genérico “plásticos”) minimizaria custos
desfavoráveis a reciclagem.
AGRADECIMENTOS: SILVA, E. A. agradece ao Deutscher Akademischer Austausch Dienst (DAAD) pela bolsa <br
/>
concedida que permitiu a realização deste trabalh
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABDI. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Caracterização da cadeia petroquímica e da transformação de plásticos. São Paulo: Copacabana Consultoria e Treinamento, 2009.
ARVANITOYANNIS, I. S (2008). ISO 14040: Life cycle assessment (LCA) – principles and guidelines. In: Waste management for the food industries. Amsterdam: Academic Press, 2008, p. 97-126.
QUATTOR: Embaixadores dos plásticos. 2011. Disponível em: http://www.quattor.com.br/quattorweb/pt/eplastico.aspx . Acesso em: 29 de junho de 2011 às 10:00 h.