ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA CREATININA EM INDIVÍDUOS COM FUNÇÃO RENAL DEFICITÁRIA EM MURIAÉ-MG
AUTORES: SOBREIRA, DAIANE DA SILVA (FAMINAS) ; GOUVÊIA, MONICA IRANI DE (UNEC/FAMINAS) ; BARBIÉRI, ROBERTO SANTOS (UNEC/FAMINAS) ; VIEIRA, CARLOS ALEXANDRE (ISED/INESP)
RESUMO: A creatinina é uma proteína utilizada como marcador para avaliar função renal. Neste estudo comparam-se duas equações para verificar qual se adapta melhor para estimar a depuração renal e o ritmo de filtração glomerular: a fórmula de Cockcroft e Gault (C&G) e a fórmula MDRD (Modification of Diet in Renal Disease). Verificou-se que não houve hipercreatinemia em nenhum dos indivíduos estudados. Na fórmula de C&G, estima-se mais certamente a RFG (razão de filtração glomerular), por levar em consideração o peso corpóreo, porém em 24,52% dos indivíduos pesquisados com excesso de peso, o RFG estaria normal, mas 69,23% destes com RFG superestimado estão no estágio 2 da doença renal crônica (DRC).
PALAVRAS CHAVES: função renal; creatinina; nefrologia.
INTRODUÇÃO: A insuficiência renal aguda (IRA) é definida como a diminuição súbita na função renal, resultando na incapacidade de manter o equilíbrio hídrico e eletrolítico e de excretar os resíduos nitrogenados. Nesta patologia os níveis séricos dos compostos nitrogenados, como uréia e creatinina estão elevadas, e essa azotemia pode causar náuseas, vômitos, mal estar e alterações sensoriais [2].
A insuficiência renal crônica (IRC) ou doença renal crônica (DRC) pode permanecer assintomática até que a doença tenha progredido significativamente, sendo que 70% dos casos de DRC avançada são causados pelo diabetes mellitus ou hipertensão arterial [3].
A razão de filtração glomerular (RFG) é um índice útil da função renal global, que mede a quantidade de plasma ultrafiltrado nos capilares glomerulares e se correlaciona com a capacidade dos rins filtrarem os fluídos e várias substâncias [4].
Na prática clínica, a taxa de depuração de creatinina endógena é o meio usual utilizado para estimar a RFG. A creatinina é um produto do metabolismo muscular produzido em uma taxa relativamente constante e eliminada pela excreção renal, sendo livremente filtrada pelos glomérulos e não é reabsorvida pelos túbulos renais [5]. O objetivo desta pesquisa foi determinar dosagem de creatinina e Filtração glomerular de funcionários de uma confecção em Muriaé-MG.
MATERIAL E MÉTODOS: O grupo pesquisado compreendeu 53 profissionais de uma empresa particular que fabrica chinelos. A determinação da dosagem de creatinina sérica foi feita pelo método cinético-colorimétrico com faixa de normalidade que varia de 0,4 a 1,3 mg/dL.
A filtração glomerular (FG) foi estimada pela equação do estudo MDRD (Modification of diet in renal disease) na sua versão simplificada que estava disponível nos laudos, foi comparada com cálculos feitos pelo autor da pesquisa baseados na fórmula de Cockcroft e Gault (C&G).
A doença renal crônica (DRC) é reconhecida e classificada nos estágios 1 a 5 5, segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Nefrologia: no Estágio tem-se1 FG normal; no Estágio 2, uma diminuição leve do RFG; no Estágio 3, uma diminuição moderada do FG; no Estágio 4, tem-se uma diminuição severa do FG; e no Estágio 5, tem-se a falência renal; encontrando-se a RFG ideal de acordo com a idade e a creatinina sérica, observando-se a RFG obtida está dentro de cada estágio, e comparando as RFG obtidas nas duas fórmulas para a classificação.
Foi realizada uma análise dos laudos de dosagem de creatinina e RFG (MDRD), realizados por um laboratório da rede particular no município de Muriaé-MG. O laboratório pertence à rede particular e não é conveniado ao Sistema Único de Saúde; é certificado pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas no Programa Nacional de Controle de Qualidade. Os laudos foram disponibilizados com os seguintes dados: Ordem de Serviço (OS), data de realização da OS, código de identificação do indivíduo, sexo, idade, dosagem de creatinina sérica e RFG estimada pela fórmula MDRD. A creatinina sérica no referido laboratório é determinada utilizando-se o método cinético-colorimétrico com faixa de normalidade que varia de 0,4 a 1,3 mg/dL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O valor médio da creatinina sérica foi de 0,88 mg/dl (± 0,1), sendo 0,86 (± 0,1) para o sexo feminino e 1,01 (± 0,008) para o masculino e a amplitude de variação foi de 0,58 a 1,08 mg/dl. Não foram encontrados indivíduos acima do valor para normalidade, ou seja, acima de 1,3 mg/dl.
O valor médio do RFG pela fórmula MDRD foi de 86,7 ml/min/1,73m2, sendo 85,6 no sexo feminino e 97 no sexo masculino. Na fórmula Cockcroft e Gault foi de 98,3 ml/min/1,73m2, sendo 92,28 nas mulheres e 102 para os homens.
Como alteração renal transitória encontrou-se 37 indivíduos, que apresentaram FG entre 60-89 ml/min/1,73m2. Para caracterizar como doentes renais crônicos, os indivíduos apresentariam FG <60 ml/min/1,73m2 em pelo menos dois registros, em intervalo igual ou superior a três meses. Sem evidências de DRC ou normais são aqueles com FG >60 ml/min/1,73m2 num total de 16 indivíduos (30%), sendo composto de 100% do sexo masculino e 30,19% do sexo feminino, considerando como base os resultados obtidos pela fórmula MDRD.
A Figura 1 demonstra as diferenças obtidas entre a fórmula MDRD e pela fórmula Cockcroft e Gault, acentuando as diferenças de pico, quando a fórmula foi superestimada; considerando assim que apesar da fórmula MDRD levar em conta variáveis simples como idade e creatinina sérica, foi a que se mostrou melhor para apurar o RFG, não havendo resultados errôneos, em comparação com a Cockcroft, sendo, portanto a fórmula MDRD a melhor para se utilizar na determinação da função renal.
Foram identificados 53 indivíduos com alteração renal transitória (prevalência global de 9,6%). No estágio 1, foram encontrados 30%; no estágio 2, 70% dos indivíduos e nenhum indivíduo nos estágios 3, 4 e 5.
CONCLUSÕES: Conhecer a prevalência da DRC é uma questão desafiadora. Os resultados do presente estudo evidenciam a prevalência de 70% da DRC não apenas como um indicador epidemiológico, mas demonstram a capacidade de detecção dos casos e permitem sugerir a inclusão do cálculo da filtração glomerular, complementado os resultados das dosagens de creatinina sérica.
Novas propostas à rotina de rastreamento da DRC, a partir de fórmulas simples, de baixo custo, que detectam rapidamente o RFG, permitem a detecção e tratamento precoces possibilitando maior qualidade de vida aos portadores de disfunções renais.
AGRADECIMENTOS: À Faculdade de Minas de Muriaé (FAMINAS), ao Centro Universitário de Caratinga (UNEC)e ao Instituto Superior de Educação de Divinópolis (ISED), pelo apoio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] TANAGHO, E. A.; McANINCH, J. W. Urologia geral de Smith. São Paulo: Manole, 2007.
[2] COSTA, J. A. C.; VIEIRA-NETO, O. M.; NETO, M. M. Insuficiência renal aguda. Simpósio Urgências e Emergências Nefrológicas. Cap I. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 307-324 abr./dez. 2003.
[3]. TIERNEY JÚNIOR, L. M.; McPHEE, S. J.; PAPADAKIS, M. A. Current Medicina Diagnóstico e Tratamento. 45. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill do Brasil, 2006.
[4].NAPOLI FILHO, M. et al. Estimativa da função renal pela fórmula de Cockcroft e Gault em pacientes com sobrepeso ou com obesidade. Jornal Brasileiro de Nefrologia; 30(3): 185-91, 2008.
[5].PECOITS-FILHO, R. Diagnóstico de doença renal crônica: avaliação da função renal. J. Bras. Nefrol. v. XXVI, n. 3, supl. 1, ago. 2004.