ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÓLEOS DE ANDIROBA EXTRAÍDOS NOS MUNICÍPOS DO ACRE E AMAZONAS

AUTORES: SILVA, D. A. L. (UFPA) ; SOARES, N, L. (UEPA) ; FERNANDES, G. K. O. (UFPA) ; SANTANA, M. F. S. (EMBRAPA) ; CORREA, A. P. P. (UFPA)

RESUMO: A andiroba (Carapa guianensis Aublet.)pode ser encontrada em todo o Brasil, especialmente em toda a Região Norte. Produz um óleo que é muito utilizado em picadas de insetos e animais, contra doenças infecciosas, resfriados e gripes, doenças de pele, reumatismo etc. Além do uso in natura, a andiroba pode agregar valores ao produto, como a fabricação de xampus, sabonetes e velas. A C. guianensis é composta basicamente por glicerídeos do ácido esteárico, palmítico e oléico. Possui propriedades anti-sépticas, anti-inflamatórias, antiparasíticas, emolientes, cicatrizantes e inseticidas. Nesse trabalho avaliaram-se as características físico-químicas: umidade, densidade, índice de acidez, índice de refração e índice de saponificação dos óleos de andiroba obtidos nos Estados do Acre e Amazonas.

PALAVRAS CHAVES: carapa guianensis aublet, andiroba, região norte

INTRODUÇÃO: A Carapa guianensis Aublet. (Meliaceae), a andiroba, é uma árvore cujo óleo, extraído da semente, possui propriedades medicinais com potência comercial e se destaca entre os óleos tradicionais no norte do país. É uma árvore bem cotada em toda a Amazônia, devido à eficácia do óleo contra edemas provocados por pancadas, uma vez que diminui os inchaços do local atingido, segundo RODRIGUES (1989). É muito utilizado para a produção de repelentes para insetos, antiflamatórios, antissépticos e cicatrizantes.O trabalho de extrativismo começa embaixo das árvores com a queda do fruto (ouriço) de forma natural, em seguida começa o processo de extração com a quebra manual do ouriço para a liberação completa das sementes.O óleo extraído é muito sensível, pode ser solidificado em temperaturas abaixo de 25°C, de coloração amarelo-claro, transparente, se altera facilmente após a extração. Suas características físico-químicas também são modificadas, principalmente com relação ao índice de acidez, quando exposto ao sol o índice de acidez pode ser intensificado podendo alcançar cerca de 90%. Da semente da andiroba é extraído um óleo que possui propriedades medicinais. Objetivo deste trabalho é caracterizar a Carapa guianensis a partir de aspectos físico-quimícos dos óleos de andiroba extraídos pelo método artesanal na Região do Estado do Acre e Amazonas, bem como as suas aplicações na fabricação de sabão, xampus, vela, fungicida, móveis, vermífugos, repelentes, cosméticos etc.

MATERIAL E MÉTODOS: AREA DE ESTUDO: As amostras foram coletadas no período de janeiro a abril de 2009 em comunidades dos Estados do Acre e Amazonas. Os óleos oriundos do Estado do Acre têm origem na região da Associação dos pequenos agrossilvicultores do projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (RECA) e o Vale do Juruá, especificamente na comunidade do Lago de Moju. No Estado do Amazonas, a amostra foi adquirida em Parintins na comunidade Santo Rosária.
METODOLOGIA ANALITICA:
*UMIDADE:A determinação da umidade e matéria volátil é um dos parâmetros legais para a avaliação da qualidade de óleos e gorduras, sendo realizada por aquecimento direto a 105°C.
*DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA A 20/20°C (g/cm3): A medida da densidade é geralmente feita para o controle de qualidade e identidade de alimentos que se apresentam no estado líquido. A determinação da densidade pode ser realizada por picnômetros ou pelo método utilizando empuxo com outros lactômetros.
*DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE ACIDEZ: A determinação da acidez pode fornecer um dado importante na avaliação do estado de conservação do óleo. Os métodos que avaliam a acidez titulável resumem-se em titular a amostra com soluções de álcali-padrão, a acidez do produto ou soluções aquosas/alcoólicas do produto, assim como os ácidos graxos obtidos dos lipídios.
* DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE REFRAÇÃO: Está relacionado com o grau de saturação das ligações, mas é afetado por outros fatores tais como: teor de ácidos graxos livres, oxidação e tratamento térmico. Este método é aplicável a todos os óleos normais e gorduras líquidas. ]
* DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO: Este método é aplicável a todos os óleos e gorduras e expressa o número de miligramas de hidróxido de potássio necessário para saponificar um grama de amostra.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: UMIDADE: Os óleos do Vale de Juruá (Acre) e da comunidade Santo Rosária (Amazonas) apresentaram valores baixos entre 1,34 - 2,37% de umidade, a amostra extraída do RECA (Acre) se comparada às outras obteve porcentagem de umidade bem elevada, mostrando que a amostra do RECA absorveu uma quantidade maior de água, tal fato pode ter sido ocasionado pelo próprio método de extração que foi do tipo artesanal e acabou tendo um contato maior com o ar atmosférico.
DENSIDADE: A tabela 2 mostra valores que a densidade varia entre 0,923 à 0,941g/cm3 para temperaturas é de 25ºC e 15°C, mostrando pouca variação mesmo com 10°C a menos. Os valores da densidade relativa mostraram-se estável para as amostras oriundas do Acre, o óleo do Amazonas apresentou uma densidade mais satisfatória
INDICE DE ACIDEZ: As amostras do Vale do Juruá e de Santo Rosária encontram-se entre o valor estipulado em 10-20mg. O óleo extraído do Projeto RECA, apresentou índice de acidez alto em relação às outras amostras analisadas, porém ainda aceitável(um valor muito alto de acidez indica que o óleo ou a gordura está sofrendo quebras em sua cadeia e liberando os seus principais constituintes que são os ácidos graxos).(FIGURA1)
INDICE DE REFRACAO: Observou-se que as amostras variaram apenas pela última casa decimal, tal fator pode ter ocorrido pela dificuldade na leitura no refratômetro e sua interpretação, baseado nos resultados obtidos, pode-se concluir que as amostras estão de acordo com o padrão estipulado.(FIGURA 2)
INDICE DE SAPONIFICACAO: Os valores encontrados para o índice de saponificação das amostras de óleo de andiroba extraído no RECA, Vale do Juruá e santo Rosária foram: 159, 163, 110 e 170mg KOH g-1 de óleo. os resultados conclui-se que as amostra analisadas não possuem fins alimentícios.

CONCLUSÕES: A fabricação de óleo de andiroba é bastante lucrativa, o método manual de extração do óleo da andirobeira é uma atividade trabalhosa, este processo depende da fermentação da semente cozida, seu descascamento e do lento escorrimento de óleo da massa obtida.As análises realizadas nos óleos provenientes dos Estados do Acre e Amazonas apresentaram resultados muito próximos dos indicados pela literatura específica. Com base nos valores obtidos pode-se concluir que as amostras estão de acordo com os padrões estabelecidos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: RODRIGUES, R. M. A Flora da Amazônia. Belém: CEJUPE, Utilidades industriais. Plantas Medicinais. 1989. 462 p.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo: Editora IAL 2004.