ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: ESTUDO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE FRAGMENTOS CERÂMICOS ARQUEOLÓGICOS DE TERRA PRETA DA AMAZÔNIA CENTRAL
AUTORES: PESSOA JUNIOR, E.S.F. (UFAM) ; MENEZES, J.A. (UFAM) ; COSTA, G.M. (UFOP) ; SANTANA, G.P. (UFAM) ; SOUZA, W.B. (UFAM) ; PIO, M.C.S. (UFAM) ; SOUZA, K.S. (UFAM) ; MEDEROS, A.D. (UFAM) ; FERREIRA, P.R.G (UFAM)
RESUMO: RESUMO: A composição química de fragmentos de cerâmica encontrados nas Terras Pretas Arqueológicas (TPA) foi estudada por difração de raios X (DRX) e espectroscopia Mössbauer (EM). As amostras coletadas em cinco sítios de TPA foram pulverizadas e submetidas à separação magnética, antes de serem medidas pela DRX e EM. Os DRX das cerâmicas sem tratamento identificaram quartzo e caulinita modificada e as frações magnéticas hematita, magnetita/maghemita, quartzo e óxidos de titânio. Os EM mostraram Fe3+ de hematita e maghemita, e Fe3+ superparamagnético/silicato.
PALAVRAS CHAVES: palavras chave: cerâmica arqueológica; difração de raios x; espectroscopia mössbauer.
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: As TPA são sítios arqueológicos distribuídos por toda região da Amazônia. Seus solos são ricos em nutrientes, além de seus perfis conterem grandes quantidades de artefatos cerâmicos produzidos por antigas civilizações da Amazônia (KERN, 1996). O processo de produção das cerâmicas por esses povos antigos consistia basicamente da mistura argilas retiradas dos rios e igarapés, cauixi, cariapé, entre outros materiais. Como conseqüência a composição mineralógica dessas cerâmicas é basicamente quartzo, caulinita, feldspatos, óxidos de ferro (hematita, goethita e maghemita), fosfatos, anatásio e minerais de Mn e Ba (COSTA, 2004). A literatura sugere formação de maghemita pelo simples aquecimento da lepidocrocita (-FeOOH) a 250 oC ou pelo aquecimento da goethita (α-FeOOH) ou hematita (α-Fe2O3) na presença de matéria orgânica a 450 oC por 2 horas (SERGIO et al., 2006). Neste trabalho foi realizado um estudo de fragmentos cerâmicos arqueológicos coletados em cinco sítios de TPA da Amazônia central e sua composição mineralógica estuda por DRX e EM.
MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Os fragmentos cerâmicos foram coletados na profundidade de 0-10 cm em quatro sítios de TPA do estado do Amazonas (Municípios: Iranduba, Manaus, Itacoatiara, Parintins), e um sítio do estado do Pará (Trombeta). A separação magnética da cerâmica pulverizada foi feita com auxilio de um imã, sendo que tanto a fração magnética e não magnética foram submetidas ao DRX por um difratômetro Shimadzu (modelo XRD-6000), dotado de fonte de radiação KαCu, sendo a leitura feita nas seguintes condições: intervalo de varredura de 10 a 70o; ângulo de varredura 2 θ°; velocidade de varredura 2o min-1; constante de tempo de 0,6 s. As determinação da frações magnéticas por EM foram feitas em um espectrômetro contendo uma unidade de aceleração constante e sinal de referência triangular. A velocidade de calibração foi obtida a partir das medidas Mössbauer de uma folha padrão de -Fe. Os espectros foram ajustados com Lorentzianas para dubletos e sextetos com modelo independente de distribuição de campo cujos campos hiperfinos se referem a valores de probabilidade máxima (LATINI et al., 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A DRX das amostras da cerâmica dos sítios de TPA sem tratamento mostrou apenas quartzo e caulinita modificada e na fração magnética identificou hematita, magnetita/maghemita e quartzo, e no sítio de Iranduba também óxidos de titânio. As reflexões referentes à caulinita demonstram que este mineral foi aquecido entre 500 e 600 oC, modificando parte de sua estrutura cristilina para amorfa. A presença de óxido de titânio juntamente com óxidos de ferro magnético evidência a origem natural da magnetita/maghemita no sítio de Iranduba. Os espectros e parâmetros Mössbauer a temperatura ambiente dos extratos magnéticos, ajustados para dois sextetos e um dubleto pela distribuição do campo hiperfino de 330 a 520 T, indicaram desdobramento quadrupolares e deslocamentos isoméricos que caracterizam Fe3+ de hematita e maghemita, e Fe3+ superparamagnético/silicatos (Figura 1, Tabela 1). Particularmente, nas cerâmicas de Iranduba a distribuição de campo apresentou um sexteto interno de Fe3+/2+ de magnetita. Os máximos de probabilidade de campo hiperfino, encontrados em 420 a 520 T, caracterizam magnetita/maghemita mal cristalizada e/ou processo de oxidação.
CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Os resultados revelaram que os fragmentos de cerâmica arqueológica são compostos de quartzo, caulinita, maghemita, magnetita e óxido de titânio. A caulinita teve parte de sua estrutura modificada pelo aquecimento, provavelmente, a 500 oC. A distribuição de campo revelou que o material pode ter sido aquecido em diferentes temperaturas.
AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: A CNPq pelo pela bolsa de estudo e ao professor Dr. Genilson Pereira Santana pela orientação deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: COSTA, M.L.; KERN, D.C.; PINTO, A.H.E.; SOUZA, J.R.T. The ceramic artifacts in archaeological black earth (terra preta) from lower Amazon region, Brasil. Mineralogy. Acta Amazon. 34:165-178, 2004.
KERN, D.C. Geoquímica e pedogeoquímica de sítios arqueológicos com terra preta na floresta nacional de Caxiuanã (Portel-Pa). 1996. 124p . Tese de Doutorado. Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará Belém.
LATINI, R.M.L.; BELLIDO JUNIOR, A.V.; VASCONCELLOS, M.B.A.; DIAS JUNIOR, O. F. “Classification of archaeological ceramics from the Brazilian Amazon basin (in Portuguese)”. Química. Nova. 24:724-729, 2001.
SERGIO, C.S; SANTANA, G.S; COSTA, G.M.; HORBE, A.M.C. Identification and Characterization of Maghemite in Ceramic Artifacts and Archaeological Black Earth of Amazon Region. Soil Science, v. 171, p 59-64, 2006.