ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DETERMINAÇÃO ESPECTROFOTOMÉTRICA DE PIROXICAM EM FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS

AUTORES: GOMES, R.A. (CCSST-UFMA) ; RIBEIRO, P. R. S. (CCSST-UFMA) ; SILVA, L. C. V. (FACIMP) ; CARVALHO, G. G. C. (FACIMP)

RESUMO: O controle da qualidade de medicamentos visa verificar a qualidade dos mesmos para garantir a sua eficácia terapêutica. O piroxicam (PIR) é um fármaco amplamente usado na terapêutica como agente anti-inflamatório. Dessa forma, este trabalho objetivou avaliar a qualidade de cápsulas de PIR através da determinação espectrofotométrica deste fármaco. Para tanto, foram adquiridas cinco formulações farmacêuticas contendo PIR em farmácias localizadas no Município de Imperatriz – MA. Cada amostra foi analisada para a determinação do peso médio e para o doseamento de PIR por espectrofotometria. Todas as formulações encontraram-se dentro dos limites recomendados para o peso médio. Entretanto, os teores de PIR encontrados em três amostras foram superiores ao recomendado pela Farmacopéia Brasileira.

PALAVRAS CHAVES: determinação espectrofotométrica, controle de qualidade, piroxicam

INTRODUÇÃO: Os anti-inflamatórios vêm sendo amplamente utilizados, pois as reações inflamatórias estão presentes em quase todas as lesões produzidas no organismo humano. Dentre os fármacos mais empregados para o alívio destes processos destaca-se o piroxicam (PIR). O PIR é indicado para tratamento de artrite gotosa aguda, artrite reumatóide, espondilite anquilosante, inflamação não-reumática, cefaléia e dismenorréia primárias, afecções músculo-esqueléticas, dor do pós-parto, dentre outros (SILVA, 2010). Em face ao seu largo espectro terapêutico, este trabalho objetivou verificar a qualidade de formulações farmacêuticas que contêm como princípio ativo o PIR, comercializadas em diferentes farmácias no Município de Imperatriz – MA.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram adquiridas quatro formulações manipuladas contendo 20,0 mg/unid de PIR em diferentes farmácias de manipulação e uma formulação industrializada contendo a mesma concentração deste fármaco em uma drogaria desta cidade. Estes estabelecimentos comerciais foram identificados como Farmácia 1, Farmácia 2 , Farmácia 3, Farmácia 4 e Drogaria. A análise quantitativa de PIR nas amostras foi efetuada através do método espectrofotométrico (CASARIN, 2002). Para tanto, partir da solução estoque (0,1 mg/mL de PIR em hidróxido de sódio 0,1 mol/L), foram preparadas soluções nas concentrações de 6,0; 8,0; 10,0; 12,0; e 14,0 mg/mL deste fármaco. O branco de reagentes foi preparado de forma similar, porém na ausência do PIR. As absorbâncias das soluções foram medidas a 354 nm e em três repetições, onde as curvas analíticas foram obtidas a partir da absorbância e a concentração das soluções padrão de PIR. Para a determinação de PIR em formulações farmacêuticas (manipuladas e industrializada), 20 cápsulas foram pesadas individualmente e, posteriormente, determinou-se o peso médio. A partir de um pool de cada amostra, soluções de 0,1 mg/mL de PIR em hidróxido de sódio 0,1 mol/L foram preparadas e diluídas 10 vezes com o mesmo solvente. As absorbâncias das soluções contendo as amostras foram obtidas a 354 nm contra o branco de reagentes. A determinação do teor de PIR nas formulações farmacêuticas foi realizada em três repetições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os valores para o peso médio das amostras analisadas variaram entre 140,5 a 286,2 mg. A variação de peso aceitável para cápsulas de gelatina dura contendo doses inferiores a 300 mg é de ±10% (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2000). Nenhuma cápsula analisada ficou fora do limite de variação especificado, pois a variação do peso médio para as amostras foi de 2,2 a 9,9%. Portanto, os valores encontrados para todas as amostras estavam em conformidade com as especificações estabelecidas pela Farmacopéia Brasileira (2000). A linearidade do método espectrofotométrico utilizado para a determinação de PIR foi avaliada a partir da construção da curva analítica, a Lei de Beer foi obedecida entre 6,0 a 14,0 mg/mL deste fármaco, na solução final, com um excelente coeficiente de correlação linear (r = 0,9997). O teor de PIR encontrado nas amostras manipuladas variou de 107,0 a 123,0% (21,4 a 24,6 mg/unid) do valor declarado pelo fabricante. Dentre as amostras manipuladas, observou-se que apenas a amostra da Farmácia 1 (21,4 mg/unid) apresentou-se em conformidade com a especificação estabelecida pela Farmacopéia Americana (USP, 2006), sendo o teor de PIR encontrado de 107 %. Esta literatura determina que o teor de PIR em cápsulas deva estar compreendido entre 92,5 e 107,5% da quantidade declarada pelo fabricante. Na amostra industrializada, o teor de PIR encontrado apresentou-se dentro desta especificação e foi de 97,5% (19,5 mg/unid). Nas análises realizadas o coeficiente de variação porcentual (CV%) foi inferior a 4,0% (de 0,5 a 3,6%), indicando boa precisão entre as repetições analíticas para uma mesma amostra.

CONCLUSÕES: A partir dos resultados obtidos, observou-se que as formulações magistrais adquiridas junto às Farmácias 2, 3 e 4 não atenderam às especificações da Farmacopéia Americana (USP, 2006) para o teor de substância ativa. Estes resultados apontam para a necessidade de revisão dos procedimentos de manipulação nestes estabalecimentos, visando obter produtos com qualidade e uniformidade, garantindo a eficácia e segurança do tratamento. Enquanto que a amostra manipulada da Farmácia 1 e a industrializada da Drogaria apresentaram-se em conformidade com a especificação estabelecida e aptas para o consumo.

AGRADECIMENTOS: FAPEMA e FACIMP

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. CASARIN, T. V. Validação de método analítico por espectrofotometria no ultravioleta para doseamento de piroxicam nas formas farmacêuticas comprimido e cápsula. Dissertação (Monografia) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. 50 p.
2. FARMACOPEIA BRASILEIRA. 4ª ed. Parte I. São Paulo: Atheneu, 2000. 526 p.
3. SILVA, P. Farmacologia. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 1325 p.
4. USP. The United States Pharmacopeia. The National Formulary: piroxicam. 24th ed. Rockville: United States Pharmacopeial Convention, 2006. p. 396–398.