ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Desenvolvimento e validação de método para análise de Paration Metílico em mamão papaya por HPLC-UV

AUTORES: SANTOS, PABLO CRUZ (UFMA) ; BRITO, NATILENE MESQUITA (IFMA)

RESUMO: Foi desenvolvido um método para análise de resíduos do pesticida paration metílico por HPLC-UV. As condições cromatograficas utilizadas foram: fase móvel ACN/H2O, 60/40 (v:v, fluxo 0,9 mL min-1, monitorado a 270 nm. O coeficiente de correlação e a sensibilidade do método encontrados foram de 0,9998 e 6,4625, respectivamente.Para análise das amostras de mamão papaia utilizou-se a dispersão em fase sólida sendo a acetona o solvente extrator. As recuperações variaram entre 71 e 109%, os desvios padrão entre 13,29 e 14,51% e os coeficiente de variancia entre 12,01 e 14,17% para os níveis de fortificação 0,05; 0,1 e 0,2 mg Kg-1.Os limites de detecção e quantificação determinados foram de 0,019 e 0,05 mg kg-1,respectivamente. Tais resultados confirmam a extaidão e a precisão do método.

PALAVRAS CHAVES: cromatografia. pesticidas.

INTRODUÇÃO: Na Ilha do Maranhão, a população de baixa renda se alimenta de frutos e vegetais provenientes de pequenas agriculturas que, geralmente, utilizam agrotóxicos sem nenhum critério. Estudo mostra que o pesticida Paration Metilico é um dos mais utilizado na ilha destacando-se a cultura do mamão papaia em que predomina a utilização desse pesticida. No entanto, sua utilização para o controle de pragas nessa fruta não é permitida. O paration metílico é um acaricida e inseticida também conhecido como metil paration. É um organofosforado (OF) de nome químico O,O-dimetil O-4-nitrofenil fosforato e fórmula molecular C8H10NO¬5PS. Esse acaricida, pertence a classe 1 de toxidade, traz bastante danos ao ambiente, sendo muito prejudicial à abelhas, invertebrados marinhos e pássaros, além do homem (limite de ingestão diária segunda ANVISA: 0,003 mg .kg-1 de peso corpóreo/dia). Devido essa alta toxidade, a utilização deste OF é autorizada conforme indicação do órgão competente sendo seu limite máximo de resíduo (LMR) em arroz, milho, trigo, batata, alho e cebola, respectivamente 0,2; 0,5; 0,2; 0,05; 0,5; 0,5 mg kg-1 [1, 2, 3].
Dentre os vários métodos para sua análise destacam-se a cromatografia gasosa (CG) e a cromatografia liquida de alta eficiência (HPLC)[4]. Neste trabalho foi desenvolvido e validado um método analítico com sensibilidade e seletividade adequada para análise dos resíduos desse pesticida em mamão papaia por HPLC.


MATERIAL E MÉTODOS: Para o desenvolvimento do método seguiu-se algumas etapas. Estabeleceu-se as condições cromatográficas adequadas. Uma vez determinada as condições, construiu-se a curva analítica do composto. Após essa etapa foram otimizadas as condições de extração para amostras de Mamão Papaia. Os estudos de recuperação foram utilizados para avaliar o método quanto a precisão e exatidão.
Determinou-se a região de resposta linear do detector por meio do cálculo de regressão linear da curva analítica. Essa curva foi construída utilizando-se solução padrão injetada em triplicata. As concentrações utilizadas para o estudo do PM foram de 0,05; 0,1; 1,0; 3,0 e 5,0 mg L-1.
Para o método desenvolvido utilizou-se 5 gramas da amostra de mamão papaia previamente quarteada. A extração na amostra (fortificada e não fortificada) deu-se com 50 mL (10 x 5mL) de solvente (ou mistura de solvente) agitada por 2 minutos. O extrato foi contaminado, evaporado e retomado em 4mL de acetonitrila. Por fim foi realizado um clean-up no extrato em milex antes da injeção de 20µL em sistema cromatográfico: Cromatógrafo Líquido Shimatzu modelo LC20AT, acoplado a um Detector UV Shimatzu modelo SPD-20A e coluna C18. Esse procedimento foi realizado para os níveis de fortificação 0,05; 0,1 e 0,2 mg Kg-1.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para análise do Paration Metílico foram preparadas soluções padrões, tendo como solvente acetonitrila, nas concentrações 1, 3 e 5 mg L-1. Com essas concentrações foram testadas diversas condições cromatográficas sendo que a de melhor resolução foi obtida com: fase móvel H2O/ACN:40/60 (v:v), fluxo 0,9 mL min-1, monitorado a 270 nm com tempo de retenção (TR) de 13 minutos.
Quando utilizou-se acetona para extração não observou-se picos significativos na região de eluição e no TR do pesticida, como observa-se na figura 1.
A curva analítica (figura 2) apresentou coeficiente linear de 0,9998, julgado como uma correlação fortíssima, mostrando que a resposta do detector foi linear no intervalo de concentração estudado, condizendo com as recomendações da ANVISA (2003) para validação de métodos analíticos [2, 7]. A partir da equação da curva observa-se a sensibilidade do método (6,4625) que é a resposta do detector em função da concentração do analito, sendo expressa pelo coeficiente angular da reta [4]
Os Limites de detecção (LD) e quantificação para o método foram de 0,019 e 0,05 mg Kg-1, respectivamente. Esses valores condizem com os encontrados por Llasera e Reyes-Reyes (2009) que utilizaram HPLC/UV para a determinação de paration metílico em carne e fígado bovinos [5]. Já Kmellár e colaboradores (2008) obtiveram LD de 0,005 mg Kg-1 com HPLC-MS para a análise deste pesticida em pera, tomate e laranja[6].
As recuperações variaram entre 71 e 109%, e estão dentro das recomendações para análise de pesticidas [7]. Com o intuito de confirmar a exatidão esses resultados foram submetidos ao teste “t” que confirmou que NÃO há uma diferença significativa entre as recuperações obtidas e o valor esperado.






CONCLUSÕES: A metodologia proposta se mostrou simples e eficiente. A acetona foi o solvente que mostrou menos interferência no tempo de retenção do composto: 13 min. As recuperações variaram entre 71 e 109%, os desvios padrão entre 13,29 e 14,51% e os coeficiente de variância entre 12,01 e 14,17% para os níveis de fortificação 0,05; 0,1 e 0,2 mg Kg-1. O coeficiente de correlação foi de 0,9998 e a sensibilidade do método de 6,4625.O LD e o LQ foram de 0,019 e 0,05 mg kg-1, respectivamente. Assim,o método é considerado seletivo, linear, preciso e exato para análise de resíduos de paration metilico em mamão.

AGRADECIMENTOS: CAPES

UFMA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] KROMER, T.; OPHOFF, H.; STORK, A.; FUHR, F. Photodegradation and Volatility of Pesticides. Environmental Science and Pollution Research. Landsberg, v. 11, n. 2, p. 107-120, 2004.

[2] ANVISA. Consultoria pública n 62 de 19 de junho de 2001. Disponível em < http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B2853-1-0%5D.PDF> acesso em maio de 2010.

[3] SOUSA, Leandra Thais Ferreira. Avaliação do uso de pesticidas nos pólos agrícolas de São Luís-MA. São Luís: UFMA, 2009. 81 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2009.

[4] SILVA, Verônica Alves Gonçalves da Silva. Desenvolvimento de metodologia para a análise de multiresíduos de sulfonamidas em mel utilizando cromatografia líquida e detecção por conjunto de diodos. São Luis: UFMA, 2008. 115 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal do Maranhão, São Luis, 2008.

[5] LLASERA, M. P. G.; REYES-REYES, M. L. A validated matrix solid-phase dispersion method for the extraction of organophosphorus pesticides from bovine. Food Chemistry. v 114, p 1510–1516, 2009.

[6] KMELLÁR, B.; FODOR, P.; PAREJA, L.; FERRER, C.; MARTÍNEZ-UROZ, M.A.; VALVERDE, A.; FERNANDEZ-ALBA, A.R. Validation and uncertainty study of a comprehensive list of 160 pesticide residues in multi-class vegetables by liquid chromatography–tandem mass spectrometry. Journal of Chromatography A. v 1215, p 37–50, 2008.

[7] BRITO, N. M.; AMARANTE JUNIOR, O. P.; POLESE, L.; RIBEIRO, M. L. Validação de métodos analíticos: estratégia e discussão. Pesticidas: R. Ecotoxicol. e Meio Ambiente, Curitiba, v 13, p 129-146, jan./dez. 2003.