ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: INFLUÊNCIA DO RESIDUAL DE ÁLCOOL DE CADEIA CURTA NO PONTO DE FULGOR DE OLEO DIESEL B5 E BIODIESEL DE SOJA E SEBO

AUTORES: COUTO, E.M. (UFMT) ; OLIVEIRA, J.C.M. (UFMT) ; SILVA, E.J. (UFMT) ; TEREZO, A.J. (UFMT) ; STACHACK, F.F.F. (UFMT) ; FERNANDES, C.H.M. (UFMT) ; TREVISAN, N.M. (UFMT) ; HOSHINO, T.T. (UFMT)

RESUMO: Por meio da reação de transesterificação clássica de matérias-primas oleaginosas com alcoóis de cadeia curta produz-se o biodiesel e a glicerina. Após todas as etapas unitárias de purificação do biodiesel ainda permanece uma quantidade do álcool no final. O teor de álcool residual influencia diretamente o parâmetro ponto de fulgor. Propõe-se um estudo para avaliar a influencia do residual de álcool de cadeia curta no ponto de fulgor do óleo diesel B5 e biodiesel de soja e sebo. O etanol e o metanol residuais apresentam comportamento semelhante no ponto de fulgor das misturas formuladas das diferentes matrizes energéticas.

PALAVRAS CHAVES: diesel b5, ponto de fulgor, biodiesel

INTRODUÇÃO: A produção nacional de biodiesel usa, tradicionalmente, a rota clássica alcalina para a transesterificação de materiais graxos de óleos vegetais de diferentes matérias-primas. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o biodiesel é produzido em grande escala a partir do óleo de soja (83,76%), da gordura bovina (13,66%), do óleo de algodão (0,72%) e ocorre a mistura destas matérias-primas de acordo com o reflexo do mercado cambial (ANP, 2011). O biodiesel certificado apresenta ainda alguns resíduos de sais metálicos, ácidos graxos livres, água, monoacilglicerídeos, diacilglicerídeos, triglicerídeos, glicerina livre e álcool de cadeia curta. A legislação vigente especifica que o limite máximo indicado de metanol ou etanol presente no éster é de 0,20%(m/m). Na literatura verifica-se que o residual de álcool no biodiesel influencia na característica ponto de fulgor e quando o resíduo de álcool está acima do valor normatizado há um decréscimo abrupto do ponto de fulgor (BOOG et al., 2011). O ponto de fulgor é a menor temperatura na qual os vapores da amostra entram em combustão na presença de chama (ASTM D 93, 2008). O ponto de fulgor do biodiesel e do óleo diesel B5 deve estar acima de 100°C e 38°C, respectivamente. O presente trabalho visa avaliar a influencia do residual de alcoóis de cadeias curtas em misturas de biodiesel de soja e sebo e óleo diesel B5.

MATERIAL E MÉTODOS: Realizou-se a etapa de secagem sob agitação a 120°C de 5 litros de biodiesel de soja e sebo para eliminação de água e alcoóis provenientes do processo de produção. Preparou-se as amostras das misturas de biodiesel de soja e sebo em diferentes proporções e dopagem com alcoóis de cadeia curta conforme a Tabela 1. As amostras de óleo diesel B5 foram formuladas a partir da mistura do óleo mineral e 5% (V/V) de B100 de soja e sebo.Executou-se os ensaios de ponto de fulgor no equipamento calibrado Tanaka APM-7 por 2 técnicos diferentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos pelos analistas 1 e 2 são metrologicamente aceitáveis haja vista que não há variação significativa entre os valores de repetitividade para uma mesma amostra (Tabela 2). Avaliando as misturas A, B e C verifica-se que o valor médio do ponto de fulgor esta dentro da reprodutibilidade e o valor se mantém independente da proporção de biodiesel de soja e de sebo usadas. Nota-se que o valor do ponto de fulgor é ligeiramente menor para misturas com 0,10 % m/m de etanol em relação ao metanol (Tabela 2). Verifica-se que não há variação significativa do ponto de fulgor dos óleos diesel B5 formulados a partir de misturas de biodiesel de soja e sebo com ou sem residual de metanol, possivelmente, em virtude do efeito de diluição. O valor médio do ponto de fulgor obtido nas misturas mostrou-se superior ao estabelecido na legislação vigente, o que o confirma como um combustível seguro em relação tanto ao seu manuseio quanto ao seu transporte.





CONCLUSÕES: Constata-se a partir dos resultados obtidos que para o ponto de fulgor não houve variação expressiva a cada bloco amostral apesar da heterogeneidade na composição das amostras estudadas, o que não acontece entre os blocos. A repetitividade e reprodutibilidade apresentam coerência nos resultados para ambos analistas, o que infere-se concluir que as misturas se mantiveram homogêneas independentemente das matrizes utilizadas nas formulações das amostras. Relativamente o comportamento do ponto de fulgor manteve-se semelhante para diferentes alcoóis de cadeia curta residuais nas misturas.

AGRADECIMENTOS: SECITEC/FINEP (01.08.0651.00), CNPq e ANP (7.026/10-ANP-014837)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Boletim Mensal de Biodiesel, de Maio de 2011.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 93 – 2008: Standard Test Methods for Flash Point by Pensky-Martens Closed Cup Tester.

BOOG,J.H.F..;SILVEIRA,E.L.C.;CALAND,L.B..;TUBINO,M. – 2011. Determining the residual alcohol in biodiesel through its flash point. Fuel 90:905-907.