ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: ANÁLISES IN LOCO DE CORPOS D’ÁGUA DA REPRESA DE BOCAINA
AUTORES: SILVA, F. C. (UFPI) ; PAZ, E. C. (UFPI) ; SILVA, C. F. (UFPI) ; SILVA FILHO, J. P. (UFPI) ; SILVA, R. L. G. N. P. (UFPI)
RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido visando avaliar a qualidade das águas da represa de Bocaina e compreender a variação dos parâmetros de qualidade de água investigados em função do período de amostragem e da distribuição espacial dos pontos amostrados. Para isso, em três pontos da represa, foi determinado, nos períodos seco e chuvoso, pH, condutividade elétrica, temperatura e oxigênio dissolvido (OD). A partir dos resultados depreende-se que a água da represa de Bocaina é de boa qualidade, com ressalva para a condutividade elétrica, que apresentou valores maiores do que o recomendado pela CETESB.
PALAVRAS CHAVES: represa de bocaina, qualidade de água e variação significativa.
INTRODUÇÃO: A ciência tem demonstrado que a vida se originou na água e que ela constitui a matéria predominante em todos os corpos vivos1. Mesmo sendo tão importante para a vida, a água continua a ser poluída em larga escala e os órgãos governamentais carecem de programas de monitoramento e gerenciamento desse recurso natural2.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) dispõe na Resolução 357/2005 de valores máximos e/ou mínimo permitido para vários parâmetros de qualidade de água3, a comparação desses padrões com o encontrado num determinado ambiente aquático constitui uma maneira de avaliar a qualidade da água. Visando oferecer informações sobre a qualidade da água no Brasil, a Agência Nacional de Águas (ANA) opera uma rede de qualidade de água, onde analisa pH, oxigênio dissolvido, condutividade e temperatura2.
Por influenciar em diversos equilíbrios químicos naturais, o pH é frequente em análises de água, o CONAMA admite como tolerável uma faixa de pH para água doce entre 6 e 9; a condutividade elétrica constitui uma das variáveis mais importantes em Limnologia, visto que pode fornecer importantes informações sobre a magnitude da concentração iônica4; a temperatura desempenha um papel relevante de controle no meio aquático, influenciando numa série de variáveis físico-químicas5 e o oxigênio (O2) é essencial na dinâmica e na caracterização de ecossistemas aquáticos4,6.
Os objetivos desse trabalho foram avaliar a qualidade da água da represa de Bocaina e investigar as variações temporais e espaciais dos parâmetros de qualidade de água em estudo.
MATERIAL E MÉTODOS: A represa de Bocaina está localizada no município de Bocaina-PI, a 340 Km de Teresina-PI, esta represa pereniza um trecho do Rio Guaribas, o qual pertence a bacia hidrográfica do Rio Parnaíba (Figura 1). No vale do Rio Guaribas o clima é semi-árido e o bioma predominante é a caatinga7.
Na construção da represa de Bocaina (concluída em 1985) foram inundados 1.100 ha. Desta barragem, com capacidade aproximada de 106.000.000 m3, são beneficiadas 28 localidades habitadas, que utilizam as águas do reservatório, principalmente, para abastecimento d’água, irrigação, dessedentação de animais, recreação, pesca artesanal e engorda de peixes (tilápias) em tanques-rede7.
Análises in loco: Utilizando um aparelho de GPS Navcity Way 30, definiu-se três pontos no reservatório (P1 – próximo aos tanques-rede, P2 – montante da parede da represa e P3 – próximo à parede da represa), nos quais foram realizadas, através do multi-sensor Horiba U 10, análises, em triplica, de pH, temperatura, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido (OD); em cada ponto, foram analisadas as águas da superfície, do meio e do fundo. Essas análises foram realizadas em novembro de 2009 (período seco) e em maio de 2010 (período chuvoso).
Tratamento estatístico: este foi desenvolvido utilizando-se o software SPSS, onde foram realizados o teste t de Student independente para verificar dentre os parâmetros analisados quais apresentariam variação temporal significativa e a análise de variância (ANOVA) para diagnosticar os parâmetros com variação espacial significativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As amostras de água apresentaram pH na faixa permitida pelo CONAMA, exceto, a analisada na superfície do ponto 3 no período seco, em que o pH foi inferior ao recomendado, não é de se preocupar com este valor, pois está próximo do mínimo tolerado (Figura 2).
A condutividade se apresentou acima do valor máximo permitido pela CETESB (100 microsiemens/cm)5, onde o mínimo encontrado na represa de Bocaina foi 152 cm-microsiemens/cm e o máximo 245 microsiemens/cm. A elevada condutividade pode ser devido ao processo de lixiviação do solo, tendo em vista que, no período seco a condutividade elétrica foi menor do que no período de chuva.
As temperaturas observadas na represa de Bocaina (variando de 26,1 a 31,5 °C) são similares às encontradas na represa de Piracuruca (entre 25 e 32 °C)8. Essas temperaturas parecem ser características da região, que por ficar próxima à linha do equador apresentam temperaturas relativamente elevadas por conta da maior incidência de radiação solar.
Os valores de OD se mostraram de acordo com o recomendado pelo CONAMA para corpos d’água de classe I (concentração de OD em águas doces superficiais maior ou igual a 6,0 mg L-1)3. No que se refere ao OD na coluna d’água, pode-se observar que à medida que aumenta a profundidade ocorre diminuição da concentração (Figura 2).
Quanto às variações significativas, pôde se observar variação temporal significativa para pH e temperatura; no que diz respeito ao variação espacial: o pH apresentou diferença significativa em função dos pontos de amostragens, enquanto, condutividade, temperatura e OD em relação à coluna d’água.
CONCLUSÕES: Segundo as variáveis investigadas, as águas da represa de Bocaina são de boa qualidade. Porém, a condutividade elétrica deve receber atenção especial, pois apresentou valores relativamente maiores do que de referência. O pH e a temperatura apresentaram variações temporal e espacial, enquanto, a condutividade e o OD apenas variação espacial.
AGRADECIMENTOS: À Universidade Federal do Piauí (UFPI);
À Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. BRANCO, S. M. Água: origem, uso e prevenção. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
2. Agência Nacional de Água (ANA). Programa nacional de avaliação da qualidade das águas. Brasília, 2009. Disponível em: http://pnqa.ana.gov.br/Estrutura/PNQA.aspx>. Acessado: 05 jun. 2011.
3. Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 357 de 17/03/2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.
4. ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Interciências, 1998. 602 p.
5. Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico (CETESB). Variáveis de qualidades de águas. São Paulo, 2008. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/variaveis.asp>. Acesso em: 20 jul. 2010.
6. ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CADORSO, A. A. Introdução à química ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Boockman, 2009. 87 p.
7. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF). Plano de Ação para o Desenvolvimento Integrado da Bacia do Parnaíba, PLANAP: síntese executiva: Território Vale do Rio Guaribas. Brasília, 2006. 78 p.
8. SILVA FILHO, J. P. da. Avaliação ambiental da represa de Piracuruca (Piracuruca-Piauí), com ênfase nas características físicas e químicas da água e na comunidade zooplanctônica. 2002. 220 p. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.